quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Etnografia e serpentina I

A Rainha, Luciana Santos, e o Rei Momo, Vanderson Dinhows Fernandes, do Carnaval 2013 na chegada da Kamélia no Aeroporto Eduardo Gomes.

Nunca fui de pular carnaval. Vou dizer por quê: não gosto de multidão. Acredito que multidão atrai confusão. Além do lado bicho-do-mato, não sou muito de curtir festas. Até sou, mas uma festinha aqui e ali. Não um final de semana inteiro, sabe?
Da minha infância guardo lembranças de carnaval de salão (não sou tão velho assim, apenas vivia perto de um clube muito antiquado) e de rua. Me atraia todo esse universo festivo, mas ao mesmo tempo me assustava. Principalmente os bate-bolas! (Acho que já falei disso aqui...)
Fui construindo todo um discurso, que peguei emprestado de muita gente que conheço, de que o carnaval é mais uma bobagem que um dado de nossa cultura. O carnaval é a ditadura da felicidade, como diria um personagem de Sérgio Biancchi. E realmente é - panis et circense, baby - mas não é só isso.
Mudei minha visão de mundo (principalmente depois que consultei o oftamologista) e consequentemente minha visão do carnaval. Acredito que continuo arisco em relação ás festas, mas não fujo delas. Se divertir não é pecado, mas querer se divertir já traz alguns probleminhas... Festa não é só alienação. Festa é lazer também e cultura. Ainda que a globalização e o capitalismo tenham retalhado o carnaval, há ainda aquele espírito de festa popular aqui e ali. Principalmente no carnaval de rua.
Para minha surpresa, aportei nessa cidade amazônica onde os blocos de rua tem uma tradição tão antiga quanto a carioca. Por isso, cair na folia aqui, seja nas bandas da Bica, Difusora, Boulevard, Cinco Estrelas, Baixa da Égua, Galo, Caxuxa, do Álcool, dentre tantas outras, é quase que uma pesquisa de campo.

EVOÉ MANAUS!

sábado, 26 de janeiro de 2013

EVOÉ ARMANDO!

Na próxima quinta feira, dia 31, será lançado no Cine Teatro Guarany (ali na Vila Ninita, anexo do Palácio Rio Negro na Av. Sete de Setembro) o curta metragem Nessa cidade todo mundo já bebeu na Bica da diretora Keila Serruya. O documentário trata sobre memórias dos fundadores da Banda Independente Confraria do Armando, um dos mais tradicionais blocos de carnaval de rua de Manaus.
O vídeo de 14 minutos é mais uma grande contribuição para preservar a memória dessa importante instituição de cultura popular. Nos anos 70, Márcio Souza dizia que a historiografia amazonense era a mais oficialista do país. Hoje, depois de tantas águas passarem pelo moinho, creio que o quadro é inteiramente novo, embora continuem resquícios do triunfalismo aqui e acolá. Hoje acredito que não é tanto o oficialismo o maior inimigo de uma história popular, mas o esquecimento. Em uma cidade em que as transformações ocorrem tão rapidamente é muito fácil a memória popular ser engolida pelo esquecimento.
No entanto, aí está a Bica zombando de todos e principalmente do esquecimento.
Por isso celebremos a festa e celebremos a vida.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Sangue e dinheiro


A vida imita a arte, nem sempre nas boas coisas. O caso do triplo homicídio que aconteceu em Manaus na última semana, por exemplo, me lembrou imediatamente o filme Antes que o Diabo Saiba que Você está Morto, dirigido pelo grande Sidney Lumet.
Na história, dois irmãos planejam um roubo á joalheria dos pais. Mas algo sai errado e a mãe deles é morta no mal sucedido assalto. A diferença no caso de Jimmy Robert é que a intenção desde o começo foi eliminar seu progenitor, por conta de uma gorda herança. A tia e a prima foram mortas por acreditar que elas seriam as primeiras a desconfiar dele.
Alega-se que além do dinheiro estariam envolvidas mágoas em relação ao pai por não aceitar a homossexualidade do filho. Mágoas e ganância: combinação sangrenta.
Problemas familiares sempre existiram e continuarão a existir. Não é incomum alguns se tornarem casos de polícia. Mas o que chama a atenção aqui é que o crime foi motivado mais por indiferença que ódio. Segundo novas informações, Jimmy não teria participado, mas assistido as mortes. Tendo inclusive visto sua prima agonizar em seus momentos finais. Sartre combatia a validade do termo "desumano": tudo que fazemos é próprio de nós, só não queremos admitir isso. Não teríamos criado a brutalidade, mas com certeza a patenteamos. 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Rapaz-coruja


Sujeito bizarro, pensei. Mas, afinal, bizarros somos nózes. O tempo me garantiu duas coisas: gente bizarra dão ótimos amigos e nunca subestime a vida. Nunca pensei criar amizades tão fortes, não pela internet. Mas aconteceu de estar errado - ainda bem!

Já conhecia o Sr. Cainã Patto Ito antes, o que nos aproximou foi o interesse pelo audiovisual. Quer dizer, só eu fiquei no interesse, ele já respira, come e bebe audiovisual. Se podemos (tarefa quase impossível) resumir ele em uma palavra é em multimídia.

Não é bem a um showman que ele quer ser comparado, mas há um animal de penas: uma coruja. Não porque coma roedores e saia á noite, mas porque se considera tão observador quanto elas. Honestamente, tenho minhas dúvidas... sobre as corujas, não sobre o Cainã, claro.

Nós temos muitas coisas em comum e escrever é uma delas. Pode crer que muito desse blog tem a contribuição da "índia velha", essa entidade que ás vezes incorpora no Facebook ou no Skype. Não bastasse isso, graças a esse Lombardi new age fui apresentado a um universo de pessoas muito especiais.

Vocês me conhecem, sou avesso á sentimentalismo gratuito na rede, então me limitarei a afirmar o meu orgulho de ser amigo dessa incrível (e bizarra) figura. Um companheiro de banda larga e, espero, de longa data.
Parabéns, cara.

Frasistas


Laércio Limongi, o hippie cinéfilo, declarava aos quatro ventos a genialidade de Sérgio Leone e suas crias. Colegas não podiam deixar de apontar a incoerência: adepto do paz e amor, mas é fã de bang bang? que porra é essa? E o cabeludão replicava, sem piscar duas vezes: 
O bom faroeste não é tanto tiros e frases de efeito, mas cavalgar contra o sol. Sem lenço e sem documento...

Vida é jeito, morte é descuido
Era o seu brado de guerra. Após qualquer brinde, enchia o peito e dizia. Um dia deu dois passos pra fora do botequim e se descuidou. Era o safado mais feliz que já conheci.

Homem instruído, mas pobre. Como chegou ao barraco caindo aos pedaços no fim da rua, ninguém sabe. Tampouco importa. Já foi de tudo e será mais um pouco: pedreiro, gari, açougueiro, garçom, motoboy, etc. Certa feita surge o colega dos tempos de ginasial. O encontra pintando um muro (no momento fazia letreiros) e se assusta com o destino do "jovem mais promissor da Turma de Direito de 1977".
O amigo, encarando-o com um sorriso despretensioso, explica: Meu caro, há um código que rege as leis do universo. Parágrafo único da constituição: sobreviver.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Parabéns (com mais de 15 dias de aniversário)...


Belém, nunca te vi
mas me falaram muito bem
de ti
e realmente, 
397 aninhos são para poucos.

O bar depois da ladeira


Em tempos de faculdade, sempre depois do expediente, a noite exigia uma passada em algum recanto para tomarmos o "soro da verdade". Podia ser no bar do outro lado da avenida, no boteco perto da Santa Casa ou então no bar depois da ladeira. Petisquem um pouco dos versos do companheiro de brejas Raoni Leminski:

Pois é a alegria que toma o lugar
De gole, em gole, um sorriso no rosto
Eu já vendo tudo mais torto
Indo numa breja a mais para madrugar


Só digo uma coisa: Amigos cachaceir... boêmios, uni- vos!

Vertigem de mim

Cheguei, mas não cheguei de todo.
Espero pacientemente
- em casa, não no aeroporto -
os cacos que faltam desembarcar.
O meu maior medo
é que algo tenha sido extraviado.

manaus, janeiro, dois mil e doze d.C.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Cyberativismo chora a perda


Se antes hackers eram geralmente gênios anônimos, hoje eles possuem rosto e uma causa: a internet livre. Nos EUA, o projeto conhecido como SOPA gerou tanta polêmica, tanta pressão, que foi vetado. Já no Brasil um projeto similar, o Marco Civil, está sendo proposto.
Os ciberativistas norte-americanos estão de luto por conta do falecimento de um de seus maiores nomes, Aaron Swartz, na sexta feira passada. A imprensa pinta Aaron como um rapaz brilhante - afinal aos 14 anos ajudou a inventar o recurso RSS - mas com problemas psicológicos, afinal a nota oficial diz que o hacker se suicidou.
Não quero levantar mais uma teoria da conspiração, mas é muito estranho que ele tenha se suicidado sem deixar maiores pistas de seu comportamento depressivo além de algumas poucas frases pessimistas em seu blog. Claro, a possibilidade de ser condenado á 35 anos de prisão por roubar 4,8 milhões de artigos científicos dos servidores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) pode até contar como um agravante. Mas ainda assim parece muito estranho.
Creio que muitos vão dizer que a luta pela internet livre já tem o seu primeiro mártir.

Praça 14 de Janeiro


O bairro todo sorri
A noite é verde e rosa

Conciliação? Fernandes Pimenta? Portugal?
Praça, tu és muitas
inclusive nas alegrias.

Hora de cantar os parabéns:
Bate bate forte batuqueiro - o samba na 14 é de janeiro a janeiro!


Surpresa em dose tripla


Vou falar aqui de três filmes que superaram minhas expectativas em 2012: Prometheus, Drive e Looper. Por quê? Explicarei melhor. Prometheus, que foi amplamente divulgado como o prelúdio á Alien, o Oitavo Passageiro, me surpreendeu por ser mais que um rebut. É um filme rápido e complexo, o que pode causar vertigem ao espectador menos desatento e mesmo para os fãs de carteirinha da franquia. Assisti duas vezes e creio que preciso ver mais cinco vezes.

Drive, por outro lado, é um objeto de luxo. É como um fetiche dos fãs de filmes de ação dos anos 80. As referências ali estão muito sutis, ao contrário de Looper. O visual e a trilha sonora denunciam uma improvável união entre passado e presente que nos deixa meio suspensos. O roteiro é muito simples, o que o torna diferente é a forma como a narrativa é contada. O mesmo aviso de Prometheus serve para Drive: se você não está acostumado com filmes que exigem ser garimpados vai achar uma chatice sem sentido. Há ação, mas o grosso mesmo da produção está na sua estética.

Nunca botei muita fé em Looper. "Mais um roteiro sobre viagem no tempo?" Mas após ler uma entrevista do diretor, fiquei instigado a ver. Na entrevista ele revelava um pouco de suas referências - em tempo, ele também é o roteirista. Assisti e me empolguei com a criatividade do cara. Ele criou um mundo abrangente e ao mesmo tempo provável. O que achei mais interessante é que a história brinca com o universo de questões deixadas por filmes do tipo. Você não vai ver ninguém quebrando a cabeça com paradoxos temporais e talvez isso tenha chateado muita gente. Mas a questão aqui é outra. Os paradoxos temporais ficam a cargo do espectador repensar (o título já diz respeito á teorias sobre o tema), já que aos atores e o diretor cabem o entretenimento. Esse filme é antes de tudo uma história de ação, mas que nos empolga por fugir da falta de criatividade porque passa o gênero.

Que a indústria cinematográfica está em crise não é novidade. A cada ano somos presenteados com enlatados filmícos que nem mais cumprem sua função enquanto entretenimento, simplesmente porque já repetem velhas fórmulas á exaustão. Acenando para um futuro pouco atraente no cinema, Hollywood vai buscar soluções no seu inimigo, o cinema independente. Os roteiros, os diretores e até os atores desse universo passam a ser fagocitados pela indústria, mas nem todos. Os filmes que mencionei acima, ainda que sejam do mainstream, me surpreenderam por não incorrerem no mesmo erro ou então por apostar numa  saída pseudo-indie. São filmes de referência, seja á ficção científica ou o cinema de ação dos anos 80. São pontes entre o ontem e o agora que antes de tudo não tem vergonha de assumirem isso.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O Velho faz anos!


Devo ao Hélio Dantas minha eterna gratidão por me lembrar que Arthur Cezar Ferreira Reis faria hoje 117 anos, caso fosse vivo. Imagine que pesquisador displicente eu sou: esquecer o aniversário do meu objeto de estudo! Acontece que só agora estou saindo do clima do fim de ano.

Mas muito bem, falemos de Arthur Reis ou, como gostamos de chamá-lo, o Velho. Nascido em 1906 em Manaus numa família de posses consideráveis, afinal seu pai era dono do Jornal do Commercio e sua mãe era irmã do comerciante de borracha Cosme Ferreira Filho. Diplomado pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, o jovem bacharel retornava á sua cidade natal para ocupar um cargo no jornal do pai, no Estado ou quem sabe em ambos. Reis, contudo, tinha um interesse especial pela História despertado ainda no tempo do ginasial pelo seu professor de História Geral, cônego Israel F. Silva.
Em paralelo com seu trabalho como professor de História ora no Colégio Dom Bosco ora no Ginásio D. Pedro II, Reis desenvolveu uma pesquisa que resultaria no seu livro inicial, História do Amazonas (1931). Seu campo seria principalmente a História Colonial, ainda que também abordasse outros períodos. Sua tese original era a de que a conquista e colonização da Amazônia foi uma ação empreendida pelo Estado português com tamanho planejamento e eficiência que nos legara um imenso e rico território. Já nos anos 50, Reis desfruta do prestígio de ser um dos pesquisadores amazônicos reconhecido pelos centros culturais nacionais por sua competência e originalidade. Simultaneamente, ocupa inúmeros cargos públicos mais significativos. Dois exemplos: a chefia da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia e do Governo do Estado. Nos dois casos foi indicado pelo governo federal.
Como superintendente, Arthur Reis deveria estudar e executar projetos destinados a solucionar a crise em que a região se encontrava desde que a borracha deixou de ser a coqueluche da economia local. No entanto, os poucos recursos destinados á tais projetos inviabilizaram a sua execução. Como governador, encontrou maior auxílio da União dessa vez, por um motivo muito interessante: estávamos vivenciando os primeiros anos da ditadura militar e a Amazônia tinha um papel especial no discurso de Segurança Nacional defendido pelos militares. Era preciso integrar, para não entregar. Integrar como? Desenvolvendo. 

Ao primeiro governador indicado após o golpe de 1964 coube o mérito de implantar projetos de modernização do porto e construção de estradas como Manaus-Itacoatiara, mas também a responsabilidade pela série de expurgos encetados contra a oposição ao regime. O próprio governador, em momento de fúria, se envolveu em duas crises: a primeira ainda em 1964 quando mandou a Polícia Militar cercar o prédio da Assembléia Legislativa, atraindo a ira dos deputados locais e chamando a atenção do governo federal; já a segunda ocorreu um ano depois quando Reis aposentou compulsoriamente o juiz Oswaldo Salignac por ter concedido habeas-corpus ao deputado Jaime Araújo, um dos líderes da oposição.
Nas duas ocasiões o Amazonas sofreu a ameaça de uma intervenção federal, solução empregada pelo regime a qualquer Estado que corria o risco de cair na instabilidade ou então se posicionar contra o governo central. No entanto, optou-se pela conciliação nos dois casos. Reis teve que voltar atrás e engolir o orgulho. Justificava suas ações afirmando que tanto os deputados quanto os desembargadores emperravam seus projetos e debochavam de sua competência, afinal ele era um professor de História apenas. Ensandecido, ainda teria mandado empastelar um jornal trabalhista que lhe desferia sérias críticas, zombando de sua imagem.
Curioso que o mesmo homem que incentivava a política cultural ao publicar obras, fundar a Universidade do Amazonas e incentivar festivais de música e concursos literários, também tinha essa faceta mais autoritária em certos momentos. Por essas e outras seu governo é ainda foco de muitas polêmicas. O próprio Reis ao fim do seu mandato deixou o Amazonas e se refugiou no Rio de Janeiro, cansado de tantas polêmicas. Antes de falecer nos anos 90, o historiador ainda teria passado pelo Mestrado em História na Universidade Federal Fluminense na condição de professor. Falecido em 6 de fevereiro de 1993, Reis deixou enquanto contribuição á História local uma obra vasta e dispersa em livros e artigos para a imprensa. Falar de História do Amazonas sem mencionar ainda que marginalmente Arthur Reis é quase inconcebível.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Um urubu pousou na minha sorte


*
A mancha. O corpo.
Amanhece sem manchete.
Só mancha.

**
Os olhares vazios, a pele áspera, o ruído da fome, o cheiro da desgraça. Ver isso o tempo todo revirava-lhe o estômago, por isso tapava a visão. Há pessoas que pensam com o estômago. Desse e do outro lado da rua.
***

Pisando nos desejos descartados,
a menina cheia de utopias:
uma vida sem urubus.


Cinefilando: começando o ano em grande estilo

Nessas férias fiz bastante coisa. É bom chegar cansado em casa, deitar na cama e tentar lembrar tudo o que você fez nas últimas semanas. Nessas férias andei muito por aí, falei com bastante gente e, o que mais diz respeito ao post de hoje, assisti muitos filmes.
Taí a listinha:
- De Volta pro Futuro: parte III (1990);
-As aventuras de Pi (2012);
-Hanna (2011);
-O Retorno de Sabata (1971);
-Maverick (1994);
-Os Irmãos cara de pau (1980);
-O Hobbit: uma jornada inesperada (2012);
-Tamara Drewe (2010);
-Avengers: os Vingadores (2012);
-Rocketeer (1991);
-Tom Horn (1980);
-A Hora do Espanto (1985);
-Conan, o Bárbaro (1982);
Alguns já vi antes, mas não com o mesmo olhar (nunca se vê um filme com o mesmo olhar, claro!). Outros conheci agora, embora já fossem bem comentados. E existem aqueles que são novidade pra todo mundo, como a coqueluche do momento: o Hobbit.
Nada contra o Tolkien, muito menos com Peter Jackson, mas achei que supervalorizaram o filme. Não é tão épico quanto dizem. É um filme de fantasia e aventura muito interessante e divertido, mas não com a mesma dimensão da trilogia. E nem podia ser, claro, uma vez que Hobbit tinha outros propósitos e a história se passa em outros tempos. Sábia decisão do Peter Jackson: dividir a história em três filmes, assim conta com mais calma o início da saga do anel e de quebra fatura nas bilheterias três vezes.

Só achei que esse filme podia ser menos longo. Pelo menos a versão do cinema. Deixasse as cenas adicionais para um eventual DVD ou Blue-Ray especialmente produzido para os fãs. Se é uma introdução ás batalhas épicas que a jornada dos treze anões, o hobbit e o mago cinza reserva deveria ser menos detalhista. Falo isso como espectador, mas entendo o lado do diretor. A legião de fãs quer uma experiência incrível, mas que seja fiel. O universo de Tolkien é imenso e complexo. Como adaptar isso para um blockbuster? É um trabalho dificílimo e Jackson conseguiu até que um bom resultado.
Enfim, é um bom filme. Mas voltemos á vaca fria: os filmes dessa férias. Não vai dar tempo de falar de todos eles, apenas quero ressaltar que embora meu gosto seja antiquado e os canais de filmes antigos foram liberados na minha TV a cabo foi quase que por acaso que esbarrei nos westerns e filmes dos anos 80 mencionados acima.

Maverick não assisto a um bom tempo. Da última vez que vi estava ao lado do meu saudoso avô e ainda estávamos nos anos 90, quando este filme tinha saído há pouco do forno. Tom Horn não me cativou, embora seja um filme de Steve McQueen. Achei o ritmo um pouco lento. É um filme melancólico. O Steve McQueen que vemos também é melancólico. Já velho de guerra, carregando o peso do sucesso nas costas.O que tem de sobriedade em Tom Horn falta em O Retorno de Sabata. É um filme feito pra nos divertir com excentricidades, frases de efeito e tiroteios. Mas a longa duração incomoda um pouco. A promessa de um confronto direto com o bandidão irlandês e a surra que o sócio de Sabata merece é sempre adiada e adiada...
De Volta pro Futuro III não me diverte da mesma maneira que os dois primeiros filmes, mas gosto desse visual de velho Oeste encobrindo a história de Martin e Doc Brown. Ás vezes acho que os roteiristas da franquia estavam á procura de uma desculpa para visitarem os saudosos anos de sua juventude (os anos 50) e se deliciarem com os gêneros que mais gostavam: a ficção científica e o western. Talvez isto explique o itinerário de McFly e Doc.

Rocketeer é um filme um tanto saudosista também. A história desse herói inesperado bem que poderia ter sido criada durante os anos 30 (isso se não foi realmente), porque ali encontramos elementos muito bem reconstruídos dessa época. Não falo apenas do visual, falo de tudo. O estilo de narrativa, os personagens, tudo.
Ao assistir Conan só pude sentir pena do remake recente. John Milius fez um ótimo trabalho, embora tenha retalhado um pouco a história original. Mas que se dane! Está divertido e épico, é o que importa. A Hora do Espanto já me parecia quando assisti antes meio bobinho, agora então... Mas continua divertido. Os Irmãos cara de Pau ou the Blues Brothers é um dos meus filmes favoritos. Humor e música juntos, com participações especiais adequadas pra cada cena. Irretocável.

Agora vamos aos filmes mais recentes: Aventuras de Pi é uma boa história e um bom filme. Também não é aquela superprodução que se tem anunciado. Quando se trata de efeitos especiais, sim é um arrasa-quarteirões. O realismo do tigre em certas cenas é incrível, mas o colorido brilhante de outras cenas pareceu-me forçar a barra. É uma boa história. Um filme pra se ver com paciência e sem grandes pretensões.
Me chame de desatualizado, mas só fui ver Os Vingadores agora. Achei interessante como todos os personagens encontram espaço num filme tão cheio de figuras marcantes. Suspeitava que o Homem de Ferro de Robert Downey Junior roubaria todas as cenas, mas não, existe espaço para todos. Até para o vilão megalomaníaco da vez.

Hanna, o meu primeiro filme de 2013, foi uma surpresa. Que bizarrice é essa, me perguntava. Cenas de ação, ângulos de filme independente, referência aos Irmãos Grimm, trama internacional... No fim das contas, embora tenha deixado muitas perguntas, foi um bom entretenimento também.
Tamara Drewe ou O Retorno de Tamara foi outra surpresa. No começo me parecia uma comédia inglesa, uma crítica aos escritores e á Inglaterra rural, mas de repente se torna uma história trágica, cheio de casos passionais. Aquele humor ácido continua, mas dá espaço ao drama. Que história curiosa, pensei. Depois descobri o porquê: era uma adaptação de Stephen Frears para uma HQ. 
É isso. Foram esses os filmes que vi, sem contar as séries e os documentários. Espero que em 2013 eu continue alimentando minha cinefilia como a alimentei em 2012.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Minha retrospectiva

Com algum atraso, deixo aqui a minha retrospectiva:
2012, o ano em que me acabei na Banda do Galo. Nunca curti muito carnaval. Ainda mais carnaval de rua - morria de medo dos bate-bolas. Mas estando em Manaus (livre da jurisdição dos bate-bolas) resolvi rever meus conceitos.
Não posso me dizer que não me diverti esse ano. Festas, cervejadas, churrascadas, peças e até as enrascadas, tudo isso foi incrível. E devo isso tudo aos meus amigos, aqueles de longa data e aqueles que descobri há pouco. Os amigos de outro Estado, de outra idade, de outros tempos, todos.
2012 também foi o ano em que (que pretensão!) fizemos História. Mais um documentário feito e uma participação pequena no primeiro encontro regional da ANPUH, sem falar é claro da defesa antecipada da monografia. Mas, a maior surpresa foi guardada para o final do ano: a entrada no Mestrado.
Foi um ano de surpresas, em todos os aspectos. 2012 foi inesquecível para mim. Já 2013 não sei o que dizer, afinal nem fomos apresentados direito ainda. Talvez daqui 365 dias eu possa tecer alguns comentários sobre 2013...