domingo, 13 de janeiro de 2013

Surpresa em dose tripla


Vou falar aqui de três filmes que superaram minhas expectativas em 2012: Prometheus, Drive e Looper. Por quê? Explicarei melhor. Prometheus, que foi amplamente divulgado como o prelúdio á Alien, o Oitavo Passageiro, me surpreendeu por ser mais que um rebut. É um filme rápido e complexo, o que pode causar vertigem ao espectador menos desatento e mesmo para os fãs de carteirinha da franquia. Assisti duas vezes e creio que preciso ver mais cinco vezes.

Drive, por outro lado, é um objeto de luxo. É como um fetiche dos fãs de filmes de ação dos anos 80. As referências ali estão muito sutis, ao contrário de Looper. O visual e a trilha sonora denunciam uma improvável união entre passado e presente que nos deixa meio suspensos. O roteiro é muito simples, o que o torna diferente é a forma como a narrativa é contada. O mesmo aviso de Prometheus serve para Drive: se você não está acostumado com filmes que exigem ser garimpados vai achar uma chatice sem sentido. Há ação, mas o grosso mesmo da produção está na sua estética.

Nunca botei muita fé em Looper. "Mais um roteiro sobre viagem no tempo?" Mas após ler uma entrevista do diretor, fiquei instigado a ver. Na entrevista ele revelava um pouco de suas referências - em tempo, ele também é o roteirista. Assisti e me empolguei com a criatividade do cara. Ele criou um mundo abrangente e ao mesmo tempo provável. O que achei mais interessante é que a história brinca com o universo de questões deixadas por filmes do tipo. Você não vai ver ninguém quebrando a cabeça com paradoxos temporais e talvez isso tenha chateado muita gente. Mas a questão aqui é outra. Os paradoxos temporais ficam a cargo do espectador repensar (o título já diz respeito á teorias sobre o tema), já que aos atores e o diretor cabem o entretenimento. Esse filme é antes de tudo uma história de ação, mas que nos empolga por fugir da falta de criatividade porque passa o gênero.

Que a indústria cinematográfica está em crise não é novidade. A cada ano somos presenteados com enlatados filmícos que nem mais cumprem sua função enquanto entretenimento, simplesmente porque já repetem velhas fórmulas á exaustão. Acenando para um futuro pouco atraente no cinema, Hollywood vai buscar soluções no seu inimigo, o cinema independente. Os roteiros, os diretores e até os atores desse universo passam a ser fagocitados pela indústria, mas nem todos. Os filmes que mencionei acima, ainda que sejam do mainstream, me surpreenderam por não incorrerem no mesmo erro ou então por apostar numa  saída pseudo-indie. São filmes de referência, seja á ficção científica ou o cinema de ação dos anos 80. São pontes entre o ontem e o agora que antes de tudo não tem vergonha de assumirem isso.

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