quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Período Populista ou Período Democrático (1945-1964)

Da série "esquemas para entender períodos históricos":


De 1945 a 1965, quatro partidos definiram os rumos da política brasileira.
Eram eles o Partido Trabalhista Brasileiro, o Partido Social Democrata, o Partido Comunista Brasileiro e a União Democrática Nacional. Primeiro vamos explicar como eles surgiram:

O fim do Estado Novo
Getúlio Vargas, no poder desde 1930, é pressionado por uma pequena elite liberal (que alguns autores chamam de "classe média"), pela política internacional (EUA, do qual se tornou aliado na Segunda Guerra Mundial desconfiava das semelhanças entre ele e os governos fascistas) e pelo Exército (que se fortaleceu no Estado Novo, se auto-proclamando o defensor do constitucionalismo) e em 1945 ele declara que sairá do poder. Inicia o processo de redemocratização. A primeira medida é a anistia dos presos políticos - principalmente os comunistas. Curiosamente, Vargas se aproxima do comunismo para contar com mais um aliado. A segunda medida é a criação dos partidos.

Agora falaremos um pouco sobre esses partidos:
a)PTB:
O trabalhismo era uma das práticas de Vargas criadas no Estado Novo. Era a valorização do trabalhador brasileiro (até então ninguém tinha feito isso), mas de um tipo específico de trabalhador: o urbano. Na realidade, era uma forma de ter um forte aliado. Mas havia também a preocupação de controlá-los. Através de suas medidas, Vargas impedia que os movimentos dos trabalhadores se tornasse mais radical. Ou seja, o trabalhismo era uma forma de controle.
Vargas criou o PTB e esse foi um dos partidos mais populares do período. Os trabalhistas era maioria no governo, mesmo quando a oposição estava na presidência.
Membros famosos: Getúlio Vargas, Leonel Brizola e Jango Goulart.
Membros famosos do Amazonas: Plínio Ramos Coelho e Gilberto Mestrinho.

b)PSD:
Vargas também criou o PSD. Era o partido para onde foram os interventores do Estado Novo. Não tinha exatamente uma ideologia única, que orientasse todos seus membros. Existia a ala mais radical, conhecida como "Ala Moça", e aqueles mais conservadores. O PSD era conhecido por ser "governista", apoiando quem quer que esteja na presidência. Era um partido que tinha uma certa unidade, já que os interventores já tinham criados laços em quase todos os estados.
Membros famosos: Juscelino Kubistchek, Ulysses Guimarães, Benedito Valadares, Adhemar de Barros e Ernani Amaral Peixoto.
Membros famosos do Amazonas: Álvaro Maia.

c)PCB:
Conhecido como "Partidão", o PCB foi fundado por um pequeno grupo de militantes comunistas em 1922 e passou a maior parte do tempo na ilegalidade. Seu maior líder foi Luís Carlos Prestes, que esteve na direção do partido em curtos períodos, mas mesmo assim tinha uma influência poderosa na organização. Nos anos 50, a proposta do partido era se aliar com a burguesia para fazer uma revolução que instaurasse uma democracia liberal no Brasil para aí sim fazerem sua própria revolução. Esse ideal era reflexo do pensamento soviético da época, que acreditava que todos os países deviam passar pelas mesmas etapas de revolução.
Por isso se aproximaram do trabalhismo e de setores vindos do PSD.
Membros famosos: Luís Carlos Prestes, Gregório Bezerra e Carlos Marighela.
Membros famosos do Amazonas: Aldo Moraes.

d)UDN:
O partido nasceu para abrigar todos os descontentes com a política ditatorial de Vargas no Estado Novo. É considerado como seu documento fundador o Manifesto dos Mineiros, um protesto escrito por jovens políticos mineiros pedindo a redemocratização. No entanto, estes descontentes eram diversos: comunistas, ex-tenentistas, oligarquias fora do poder, pequena burguesia, etc. A partir dos anos 50, o partido se radicalizou e adotou uma política mais conservadora: basicamente antigetulista e anticomunista.
Membros famosos: Carlos Lacerda, Jânio Quadros, Magalhães Pinto e Afonso Arinos.
Membros famosos do Amazonas: Josué Cláudio de Souza, Paulo Pinto Nery e Andrade Neto.


Foram presidentes da República nesse período:
Marechal Eurico Dutra (PSD), Getúlio Vargas (PTB), Café Filho (PSD), Juscelino Kubistchek (PSD), Jânio Quadros (UDN) e Jango Goulart (PTB).
Foram governadores do Amazonas nesse período:
Leopoldo Neves (PTB), Álvaro Maia (PSD), Plínio Coelho (PTB), Gilberto Mestrinho (PTB), Plínio Coelho (PTB).
Crises políticas: suicídio de Getúlio Vargas em 1954; tentativa de golpe da UDN e militares contra a posse de JK em 1955; renúncia de Jânio Quadros em 1961; posse de Jango Goulart, após a solução parlamentarista em 1963; golpe de 1964.

Em 1965, os partidos políticos são dissolvidos pelo Ato Institucional N. 2, já nos tempos da ditadura militar. O AI-2 criou dois partidos, para "respeitar o regime democrático": o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), da oposição; e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), da situação.


Golpismo
É importante enxergarmos que esse foi um período muito frágil já que o país tinha acabado de sair de uma ditadura e não estava acostumado com o regime democrático. Existia sempre no ar a imagem do golpe como solução extrema para os problemas. A cúpula da UDN, quando Vargas foi presidente, que para evitar um novo golpe do "Pai dos Pobres" as Forças Armadas teriam de ajudar o país fazendo um contragolpe. Na realidade, após o suicídio de Getúlio, temendo que o PTB assumisse a presidência, eles ensaiam um golpe que foi impedido por um setor legalista do Exército. O episódio ficou conhecido como Novembrada. A justificativa do golpe voltou á pauta com a renúnica de Jânio Quadros, temendo que Goulart, afilhado político de Vargas, dê um golpe e coloque o país numa ditadura comunista. Muitos setores do PCB, na realidade, defendiam também a necessidade de um golpe, antes que a UDN e o Exército fizesse o seu, mas a direção do partido estava confiante de que atingiria seu objetivo com Goulart no poder. Em 1964, o golpe é desfechado.


Forças Armadas
Na verdade, um grande ator político do período foram os militares, principalmente do Exército. O Exército na República Velha passou a ter mais poder que no Império, mas mesmo assim ainda era utilizado como instrumento das oligarquias estaduais. Quando havia conflitos políticos muito sérios, os militares apareciam como solução-tampão. Na Era Vargas, o Exército se fortalece. A instituição é modernizada e passa a atuar mais na política brasileira.
A marca das Forças Armadas até 1950 é o seu nacionalismo. A partir da década de 1950 em diante, com a força do PTB e do PCB, o anticomunismo começa a ganhar alguns membros e, ao mesmo tempo, o trabalhismo e o comunismo também conquistam alguns oficiais, principalmente os de postos inferiores como os sargentos. Sargentos e marinheiros se manifestaram em 1963 e 1964 á favor de Goulart.
Principais nomes do período: Brigadeiro Eduardo Gomes (Aeronáutica), Marechal Eurico Gaspar Dutra (Exército), Marechal Henrique Teixeira Lott (Exército), General Osvino Alves (Exército), Almirante Cândido Aragão (Marinha), etc.
Principais nomes no Amazonas: General Siseno Sarmento, General Nélson de Melo e General Moniz de Aragão.

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Obs: Para enxergarmos além do mito de que todas as Forças Armadas eram reacionárias, vejamos um pouco da vida desses militares:
-Eduardo Gomes e Dutra foram grandes aliados da UDN, um por ser antigetulista e outro por ser anticomunista.
-Marechal Lott ficou conhecido como o militar legalista, já que impediu a tentativa de golpe em 1955, e apoiou JK durante todo o seu governo, se candidatando á presidência nos anos 60 pela coligação PTB-PSD.
-General Osvino Alves foi um dos defensores do governo de Goulart, assim como Aragão. O primeiro era nacionalista e legalista, enquanto o segundo era francamente comunista, conhecido até como o "Almirante Vermelho".

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