terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Venho aqui me desculpar pelo atraso em postar algo aqui. Infelizmente terei que me mudar para Manaus no final desse mês e mudança sempre nos ocupa muito; reforma, encaixotar as coisas e etc.. Logo, nas futuras semanas vocês me verão muito pouco aqui, ou em qualquer outro lugar.
Espero que continuem acompanhando esse blog.
Obrigado e até mais.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Metrópole


Ás vezes a vida imita a arte, outras a arte imita a vida. Mas sempre, a vida dá algumas dicas á arte.
Outro dia, descobri em um post de Bráulio Tavares um curioso livro chamado São Paulo no anno 2000, ou Regeneração Universal – Chronica da Sociedade Brasileira futura (1909) de Godofredo Emerson Barnsley, no qual o autor, um notável dentista paulistano descendente de norte-americanos, fala de um homem que dorme numa praça no centro de São Paulo e acorda no ano 2000 em uma verdadeira super-metrópole. Em vez dos 320 mil habitantes, agora a cidade tinha um milhão. As conquistas na saúde e na educação eram imensas. A cidade era cheia de arranha-céus.
Claro que se trata de uma utopia, mas uma utopia que, como todas as outras, leva as marcas de seu tempo, sendo a marca em questão o sentimento de progresso e desenvolvimento que São Paulo carregava em si, para os paulistas. Esse ideário do gigantismo paulista deu origem aos mitos dos heróis-bandeirantes e esse esquecido livreto de ficção científica. Esse ideário era parte de um projeto social, de um projeto de hegemonia nacional. Hegemonia essa que "deu" no Café-com-Leite.
Mesmo tendo o projeto fracassado em partes (com a subida de Getúlio Vargas e os governos consequentes), São Paulo continuou se desenvolvendo e se tornou mesmo uma metrópole que influi nos rumos do país. Barnsley, que morreu em 1935, não viu sua Paulistânia se tornar a metrópole que é hoje, com alguns traços dos quais ele previu em sua obra e outros aspectos nem tão futuristas assim.

Brasil Barroco


Vasculhando aqui minhas revistas me deparei com uma entrevista do escritor paraibano Ariano Suassuna, famoso por suas obras O Auto da Compadecida e a Pedra do Reino, á revista Nossa História. Nela o escritor se dizia ser um barroco.

Calma, calma, ele explica: existem três formas artísticas típicas, ou seja, três maneiras de se exprimir que estão ligadas ao modo como você pensa. São elas a clássica, a qual a razão subordina as emoções; a romântica, no qual a emoção subordina a razão e o barroco, que cultiva contrastes. Para Suassuna a alma do Brasil é o barroco porque o Brasil cultiva muitos contrastes, não só físicos e sociais, mas mentais também. E sendo o nacionalista que é, Suassuna decidiu retratar essa mentalidade, tomando o Nordeste como seu objeto principal.

Acho que Sérgio Buarque de Holanda seria um dos que concordariam com ele. Em seu livro Raízes do Brasil ele se propõe exatamente a analisar o Brasil pelos contrastes: o centralismo e a descentralização, a cordialidade e o autoritarismo. E não só isso, é bom lembrar também que Sérgio estuda o Brasil comparando com as colonias espanholas. Para ele a principal diferença era que enquanto as colonização brasileira foi feita por aventureiros a colonização do resto da América Latina foi mais planejada e mais trabalhada.
Tanto Suassuna como Sérgio Buarque fizeram interpretações do Brasil, sendo que um fez pelo viés estético e artístico e o outro pelo sociólogico e histórico. São visões interessantes, mas válidas com certas ressalvas, como todo exercício de interpretação do Brasil é.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O limbo americano

Nessa semana um grupo de veleiros de alguns países latino-americanos como Argentina, Equador e Venezuela estarão atracados no Pier Mauá no Rio para visitação. Trata-se de um envento chamado Grandes Veleiros 2010 no qual os referidos países comemoram os duzentos anos de sua independência com viagens pelos portos da América do Sul.
Muitos nem devem saber que a maioria dos países da América Latina se tornaram independentes em 1810. Mais improvável ainda é alguém ter ouvido falar no nomes dos revolucionários que ajudaram a libertar essas nações do colonialismo ibérico, como Simón Bolívar, Sucre, San-Martin, dentre outros. No entanto, a guerra de independência dos EUA e a guerra civil são muito mais conhecidas, graças á filmes como O Patriota e Deuses e Generais.
Essa é uma realidade: como nós desconhecemos nossos vizinhos. E como conhecemos nosso grande irmão do norte, graças ao imperialismo. A situação mudou um pouco com essa nova configuração da América Latina com o surgimento de líderes polêmicos e situações inusitadas. Simon Bolívar foi ressuscitado por Chávez (ressuscitado em partes...), o que levou muita gente a pesquisar sobre ele e suas revoluções. Nisso, esse contexto instável tem de bom: a retirada da história latino-americana do limbo.