tag:blogger.com,1999:blog-71213391939720636662024-02-19T02:59:00.286-08:00TemporançasUm fórum, uma galeria, um botequim.Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.comBlogger683125tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-6686325978619056172016-01-17T01:30:00.000-08:002016-04-17T12:26:42.897-07:00Uma breve introdução ao Direito Constitucional V<div class="MsoListParagraph" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">1.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tipos de Constituição<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As constituições podem
ser moles, duras, gasosas e líquidas. Brincadeira. Falando sério, existe uma
boa quantidade de critérios para se classificar as constituições.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="mso-list: l1 level1 lfo2; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Forma:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No critério formal, as
constituições antes eram divididas em constituições escritas e constituições
costumeiras ou consuetudinárias. As primeiras seriam leis editadas no papel, as
segundas leis tão tradicionais para um povo que nem precisavam ser postas no
papel para serem acatadas. O maior exemplo seria a Carta Magna de 1215 para os
ingleses, que ainda seguem alguns de seus princípios até hoje.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas isso tudo caiu por
terra recentemente. Primeiro porque alguém lembrou que a Carta Magna foi
escrita em papel (os barões não eram bobos não, queriam acordo no papel, se
lembra?), segundo porque o direito só se concentra em leis escritas (ou, como
os juristas dizem, positivadas).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A nova classificação
formal então passou a ser: <i>constituições
sintéticas e constituições dispersas. </i>A sintética é aquela que diz tudo o
que tem pra dizer de uma vez, enquanto a dispersa se vale de textos que foram
escritos antes por outras pessoas de outras épocas. Um bom exemplo é o caso
inglês. Lá eles aceitam a Carta de 1215, a de 1629, a de 1669 e por aí vai,
chegando até a Constituição de 1947. Por quê? Eles são ingleses.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="mso-list: l1 level1 lfo2; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">B)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eficácia e efetividade:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sabe qual a diferença
entre eficácia e efetividade? A eficácia da norma é a validade dela. Pense numa
lei que regulamenta os roubos de galinha até certa hora do dia. Digamos que até
o meio dia todos os roubos de galinha serão aceitos como reivindicação de
propriedade alheia em nome do direito fundamental de forrar o bucho. Primeiro,
como se vai fiscalizar o roubo de galinha por todo o Brasil? Segundo, essa lei
é realmente importante? Num Brasil como o atual disciplinar roubo de galinha
deve vir na frente de leis sobre reforma agrária?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Desse ponto de vista
essa lei não tem eficácia nenhuma. Ela não trata de uma questão importante para
a sociedade atual e nem dá meios de se resolver o problema que se propõe a
resolver. A Lei Seca, por outro lado, é uma norma que podemos dizer que tem uma
eficácia, seja porque o problema das mortes no trânsito em decorrência do
álcool tem crescido, seja porque ela organiza os meios de se combater esse mal
(através da fiscalização e das penas).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas o Código de
Trânsito já dizia antes que dirigir embriagado era crime. Por que foi preciso
então se criar uma nova lei reafirmando isso? O Código de Trânsito não tinha o
que chamamos de efetividade. A efetividade é a forma como a sociedade lida com
a norma. Se a norma não é seguida, pouca adianta a lei ser eficaz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Assim sendo, as
constituições podem ser classificadas também de acordo com sua eficácia e sua
efetividade:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Normativas
</span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">–
aquelas constituições que conseguem regular também a vida de sua sociedade que
combina eficácia com efetividade;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nominais
</span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">–
aquelas constituições que ainda não conquistaram uma boa efetividade, porque
sua sociedade ainda precisa se transformar um bocado para chegar ao nível dos
problemas por ela abordados ou para adotar o hábito de seguir as leis;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Semânticas</span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
– aquelas constituições que são feitas num contexto de péssima
representatividade, onde os políticos são corruptos e a sociedade apática em
relação à política, o que denota uma eficácia ruim e uma efetividade pior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="mso-list: l1 level1 lfo2; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">C)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Modificação do texto
constitucional:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No que se refere à
possibilidade de modificação existem três tipos de constituições: as flexíveis,
na qual as leis constitucionais podem ser revistas ou acrescentadas do mesmo
jeito que se faz uma lei comum; as semi-rígidas, que imputam uma série de
condições para mexer no texto constitucional; e as rígidas, onde nada pode ser
alterado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: yellow; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-highlight: yellow;">Um bom exercício para você testar o que aprendeu aqui é
pegar a Constituição Federal atual (que foi promulgada pelo Congresso
brasileiro em outubro de 1988) e tentar classifica-la quanto à sua forma,
eficácia/efetividade e possibilidade de modificação.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A primeira constituição
brasileira veio só em 1824. Quer dizer que antes não havia nenhuma forma de
regular os conflitos da sociedade brasileira? Antes disso, o Brasil estava sob
os domínios de Portugal, sendo, portanto, subordinado às Ordenações Filipinas,
um conjunto de leis baixadas desde o período da União Ibérica até o século
XVIII.<o:p></o:p></span></div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-57286156718507101872016-01-16T01:30:00.000-08:002016-04-17T12:26:39.216-07:00Uma breve introdução ao Direito Constitucional IV<div class="MsoListParagraph" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">1.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Constituição<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Esses quatro ou cinco
elementos são, portanto, as condições necessárias para se ter um Estado. A
Constituição é a certidão de nascimento do Estado. Ela cria o poder estatal e o
delimita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na Inglaterra medieval
o rei João Sem Terra (aquele cara que perseguia o Robin Hood, se lembra?) havia
entrado num impasse. Ele havia vivido a maior parte de sua vida fora do seu
país, não tinha recebido muitas posses dos seus pais e não era reconhecido como
um soberano pelo seu povo. O que ele fez? Chamou os barões mais poderosos e
populares da Inglaterra e negociou com eles a sua lealdade a ele. Os nobres
disseram que aceitariam o seu governo se ele respeitasse alguns direitos que
eles entendiam serem essenciais para eles. E para que esse compromisso não se
perdesse na memória pediram que o acordo fosse sacramentado por escrito. Nascia
assim a Carta Magna inglesa de 1215.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por que estamos
contando essa história? Simples. A Carta Magna foi o primeiro ancestral das
constituições modernas, o que explica que esse termo tenha se tornado sinônimo
de constituição nos séculos seguintes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas o maior modelo de
constituição atualmente seja aquele promulgado pelos franceses em 1790, onde se
reconhecia a soberania popular, os direitos fundamentais e a divisão dos
poderes, ou seja, ela materializou em lei tudo o que vinha sendo discutido por
filósofos iluministas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A propósito, sabe a
diferença entre promulgar e outorgar uma constituição? Promulgar é quando uma
constituição é fruto de uma decisão coletiva: um conjunto de políticos se
reuniu e debateu o conteúdo a ser publicado, propondo ás vezes alterações ao
projeto original. Outorgar é quando ela parte de uma vontade beeem mais restrita:
a Constituição brasileira de 1969 foi editada pelos chefes das três Forças
Armadas (Aeronáutica, Exército e Marinha).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quem inventa a
Constituição? Depende do contexto. Em 1969 foram três homens fardados, em 1988
fora mais de duzentos deputados civis. Nos dois casos esses personagens podem
ser chamados de Poder Constituinte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O Poder Constituinte
não é regulado por lei. Entende-se que a Constituição cria a lei a ser
aplicada. Se o Poder Constituinte é criado para criar a lei, então ele em tese
é onipotente, onisciente e onipresente. Brincadeira, ele só é onipotente e
ilimitado. Ou seja, três homens fardados podem ser Poder Constituinte, mas a
chance deles fazerem leis não representativas é muito maior, o que torna esse
fator algo não aconselhável para um país que precisa de um Estado democrático
de Direito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Agora, existem dois
tipos de Poder Constituinte: o Poder Constituinte Originário (PCO) e o Poder
Constituinte Reformador (PCR). Basta se ligar nos nomes e tudo faz sentido: o
originário é aquele que produz a Constituição, o reformador é aquele que vez ou
outra acrescenta algumas leis, retira outras. Afinal, as pessoas mudam e a lei
precisa acompanhar isso.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No Código Penal,
promulgado em 1942, o adultério era crime passível de prisão. Você consegue
imaginar alguém sendo preso por trair o marido ou a esposa no Brasil de hoje? O
artigo que criminalizava o adultério foi revogado do Código Penal recentemente.<o:p></o:p></span></div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-76380542394892011202016-01-15T12:00:00.000-08:002016-01-18T15:13:26.989-08:00Tchau, Alfredo<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #141823; font-family: "times new roman" , serif; line-height: 115%;">Na rodoviária o
espaço-tempo toma uma forma estranha. Estava esperando meu ônibus quando uma
senhora bem idosa puxa assunto e fala que precisa de qualquer jeito ir para São
Francisco de Itabopoana.</span><span style="color: #141823; font-family: "times new roman" , serif; line-height: 115%;"><br />
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">-Ele tá demorando muito a chegar.</span><br />
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">-Qual o horário dele?</span><br />
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">-10h30.</span><br />
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">-Senhora, já são 12h20.<br />
<span class="textexposedshow">-Ah, isso é o horário de verão, Alfredo (ela me
chamava assim).</span><br />
<span class="textexposedshow">Depois de convencê-la a se informar com o pessoal
da Macaense, ela volta mais disposta:</span><br />
<span class="textexposedshow">-É que ele sai de lá 10h30 e chega aqui 12h30.</span><br />
<span class="textexposedshow">De repente, ela encontra uma amiga:</span><br />
<span class="textexposedshow">-Tu acredita que eu e o meu neto (apontando para
mim) estamos aqui esperando desde 8h?</span><br />
<span class="textexposedshow">Chega o ônibus para Niterói:</span><br />
<span class="textexposedshow">-Esse que vai pra Itabopoana?</span><br />
<span class="textexposedshow">-Não, esse é Niterói.</span><br />
<span class="textexposedshow">-Tem certeza, Alfredo?</span><br />
<span class="textexposedshow">-Tenho.</span><br />
<span class="textexposedshow">Chega o ônibus para Cabo Frio:</span><br />
<span class="textexposedshow">-Motorista, será que você pode desviar o caminho só
um pouquinho? É que eu e o meu marido (apontando para mim) estamos muito
atrasados.</span><br />
<span class="textexposedshow">Chega o ônibus para Itabopoana:</span><br />
<span class="textexposedshow">-Tchau, Alfredo. Mande lembranças ao papai.</span><br />
<span class="textexposedshow">-Tchau. Mando sim.</span><br />
<span class="textexposedshow">E assim eu fui irmão, marido e neto de uma senhora
em menos de 50 minutos.<span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></span></span></div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-19703142587868599962016-01-15T01:30:00.000-08:002016-01-18T15:13:17.947-08:00Uma breve introdução ao Direito Constitucional III<div class="MsoListParagraph" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">1.<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Estado democrático de Direito<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para que o Estado não
haja como um ente todo poderoso (como aconteceu com o nazismo, o fascismo, o
stalinismo e outras experiências totalitárias europeias) é preciso que ele
obedeça a certos critérios de conduta estipulados pela lei. Um Estado que
regula as condutas dos indivíduos, mas que também é regulado por normas e leis
é o que chamamos de Estado de Direito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para que isso aconteça
é importante que os representantes do povo estejam realmente sintonizados com
os interesses do povo. Para Rousseau a democracia moderna nasce da
descentralização: cada comunidade se auto-administrando, como cidades-Estado. O
liberalismo ajudou a conferir uma visão mais abrangente a essa forma de
governo. Democracia passou a ser associada à República, forma de governo onde
um grupo de pessoas escolhidas pelo povo governa um país e não um único sujeito
(como na monarquia) ou um grupo de sujeitos bem restrito e não escolhido pelo
povo (como na oligarquia). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Também é aconselhável
dividir o poder em três instâncias: executivo, legislativo e judiciário. Por
quê? Essa fórmula consagrada pelo filósofo Montesquieu ajuda a controlar a
expansão de cada poder atuando como, na sua famosa expressão, num “sistema de
freios e contrapesos”. Ao Legislativo cabe editar normas, ao Executivo aplica-las
e administrar os interesses do povo e do governo, ao Judiciário caberia
resolver os conflitos entre o povo e o governo (principalmente quando o governo
age mal ou quando há intromissão de um setor dele em outro).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Outro fator incorporado
à noção de Estado de Direito é a garantia dos direitos individuais. No Direito
existem o que se considera direitos naturais ou fundamentais. São direitos tão
essenciais que é quase impossível uma Constituição que se preze restringi-los.
O direito a respirar oxigênio, por exemplo. É algo assegurado a ti pela
natureza. O direito a liberdade também, desde que não se prejudique a vida em
sociedade, como vimos anteriormente. O direito de ir e vir quando quiser
também. Esse direito só é retirado do indivíduo quando ele incorre em alguma
falta. É o que chamamos de reclusão ou detenção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">2.<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Elementos constitutivos do Estado<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O desenvolvimento
histórico da sociedade ocidental levou muitos juristas e cientistas políticos a
criarem uma matéria chamada <i><u>Teoria
Geral do Estado</u></i> onde se procura definir o Estado para depois entender
como ele deve ser regulado. Para os praticantes dessa disciplina o Estado só
existe quando se tem um território, um povo, um governo e uma soberania.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O território é a porção
de terra ocupada por certa comunidade. O povo é a união de habitantes que vivem
nesse território. Para que esses habitantes se reconheçam como uma “grande
família”, como uma “nação”, é preciso haver algum grau de identidade entre eles
além do fato de habitarem o mesmo espaço. Falamos aqui de hábitos e práticas
culturais. A vontade geral desse povo é o que chamamos de soberania. As
autoridades públicas que tentam dar rumo a essa população são chamadas de
governo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cada Estado tem sua
soberania delimitada geograficamente, exatamente porque existem interesses e
conflitos específicos para cada região. No plano internacional não existem
Estados superiores aos outros. O que existem são Estados diferentes, todos
iguais. A intervenção de um Estado no território e no povo do outro é encarado
como um ato reprovável justamente por isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Contudo, existem os
tratados internacionais que são acordos que por sua finalidade altruísta são
respeitados em todos os países. A Declaração dos Direitos do Homem (1789) e
todos os tratados internacionais que vieram depois dela (sobre o fim da
escravidão, da pobreza, da violência contra a mulher, etc.) são aceitos pelo
Brasil como normas válidas também.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Existem aqueles que
dizem que se precisam não de quatro, mas de cinco elementos para se ter um
Estado: território, povo, soberania, governo e finalidade. A finalidade seria o
tal rumo que o governo deseja impor ao seu povo.<o:p></o:p></span></div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-44939557730120729842016-01-14T16:43:00.000-08:002016-01-14T17:25:59.892-08:00A verdadeira dívida<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7dc0b72VPJYE9mY8sNxawfcLG5xzz9oW36fE1SMj26_SW190AsMGbufibu03ew6PYF0hJZf3xo3YlgJggdSuog7s4RRuJjygxgKOfq3ZvZrSQ1cjCo1yfZQbB7ZiNi8lOtOuggHcZitZQ/s1600/Vinicius+esbanjador.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7dc0b72VPJYE9mY8sNxawfcLG5xzz9oW36fE1SMj26_SW190AsMGbufibu03ew6PYF0hJZf3xo3YlgJggdSuog7s4RRuJjygxgKOfq3ZvZrSQ1cjCo1yfZQbB7ZiNi8lOtOuggHcZitZQ/s320/Vinicius+esbanjador.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O ator José Lewgoy participou de
diversos filmes, desde as chanchadas da Vera Cruz nos anos 50 até a produção da
retomada do cinema brasileiro na década de 1990. Foi o seu trabalho no Brasil
que ajudou a ganhar fama internacional, sendo convidado para fazer filmes
alemães, franceses e britânicos. Por isso muitos amigos perguntavam a ele:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
-Lewgoy, você deve muito ao
cinema brasileiro, né?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Porém, ele, sarcástico, corrigia:<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
-Não, meu caro. Eu devo muito <b>por causa </b>do cinema brasileiro.<o:p></o:p></div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-74987518292612347022016-01-14T01:30:00.000-08:002016-01-14T17:25:50.838-08:00Uma breve introdução ao Direito Constitucional II<div class="MsoListParagraph" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">1.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Soberania<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E como fica a
liberdade? Para Rousseau é possível estar inscrito numa ordem social e ainda
assim ser livre. O nome dessa possibilidade seria a democracia, mas não a velha
democracia grega (restrita socialmente a muitas pessoas), mas um regime bem
diferente (restrito só espacialmente, a uma comunidade pequena).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Assim, teríamos uma
liberdade negociada, onde nem o desprovido de poder é totalmente impotente, nem
o detentor do poder é absoluto. Isso é importante para o <i><u>Direito Constitucional</u></i> porque essa é uma disciplina que
trata justamente da ordenação dos poderes políticos do Estado, ou seja, é uma
matéria que estuda até onde o Estado pode ir em sua função de administrar a
vida social.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Recapitulando, poder e
liberdade são instâncias próprias da convivência humana, tão necessárias e
abrangentes que podem ser encontradas em qualquer canto do globo. Claro que
cada cultura enxerga-as de modos diferenciados. Importa no momento a forma como
a sociedade ocidental as viu através dos tempos porque continuamos integrados a
essa sociedade ocidental.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">2.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Estado<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A solução de conflitos
entre indivíduos com as eras foram resolvidas por autoridades, seja em tribos,
famílias ou em formações maiores que conquistaram o título de nações. Na atual
conjuntura a solução de conflitos mais amplos passou a ser uma responsabilidade
do poder político. Quando alguém invade uma casa e rouba coisas é o Estado que
julga o autor do crime. Quando alguém escraviza trabalhadores em sua fazenda é
a autoridade pública que o prende (ou ao menos deveria ser – <span style="background: yellow; mso-highlight: yellow;">vide Ronaldo
Caiado</span>).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A principal
característica dos Estados é o monopólio do uso da força física. Se você roubar
uma casa ou escravizar alguém será pego por policiais e posto atrás das grades.
A coerção atua no sentido de impedir novos conflitos e de resolver os já
existentes, ou seja, ela tem uma capacidade preventiva e uma capacidade
compositiva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Resolver os problemas
da sociedade é também conhecido na linguagem jurídica como composição de
conflitos. O Direito, que estuda e atua na regulação da sociedade, reconhece
que existem outras formas de composição de conflitos além do Estado: há a
composição voluntária, onde as partes chegam a uma solução sozinhas por meio de
negociações, e há a composição autoritária, onde uma das partes resolve o
conflito aplicando a força.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pensemos num cidadão
que deixa o som do seu rádio no último volume perturbando o vizinho. Esse fato
gera um conflito. O cidadão e o vizinho podem entrar em contato e chegar a um
acordo: o volume pode ficar alto só até ás 22h que é quando o vizinho vai
dormir. O vizinho pode ser, sem o cidadão saber, um bandidão que decide dar fim
ao seu tormento diário matando o apreciador de música no último volume. No
primeiro caso temos o exemplo de uma composição de conflitos voluntária e no
segundo, autoritária.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Se o cidadão for teimoso
e não acatar os pedidos do vizinho para que baixe o volume então o caso
precisaria ser levado aos tribunais. Entramos então na seara da composição de
conflitos legais. A lei acaba agindo como a responsável pelo fim do conflito.
Como a lei é criada e aplicada pelo Estado, em última instância ele é o
responsável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Portanto, existem
outras formas de composição, mas a do Estado é encarada como superior a todas,
pois a soberania confere a ele legitimidade. A solução do acordo entre os
vizinhos sobre o som pode não ser reconhecida por outro vizinho que considere o
som ainda muito alto até às 22h. A solução do bandido pode ser vista como algo
exagerado para a situação. Mas a solução dos tribunais é aquela que tem o maior
número de aprovação, se bem que...<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A superioridade da lei
é uma das características do Estado porque ela implica no monopólio da coerção.
Sem coerção as leis não conseguem ser interiorizadas pelas pessoas. Sem a
ameaça de multa ou de prisão muito mais gente poderia estar matando e roubando por
aí. Por isso, a <i>superioridade da lei</i>
e a <i>coercibilidade do Estado</i> são
elementos intrínsecos.<o:p></o:p></span></div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-5288280482788722872016-01-13T12:00:00.000-08:002016-01-14T17:25:11.019-08:00Uma vez Formigão, sempre Formigão<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2013/05/Cyro_Monteiro_Elizeth_Cardoso_e_Cyro_Monteiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="218" src="https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2013/05/Cyro_Monteiro_Elizeth_Cardoso_e_Cyro_Monteiro.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O cantor Cyro Monteiro adorava
comer. Não por acaso recebeu o apelido de Formigão. Conta-se que uma vez na
casa de uma de suas madrinhas ele começou a passar mal. Repentinamente ficou
pálido e reclamava de dores terríveis no estômago. Ele se escorou no corredor
da casa esperando a mulher trazer algum remédio. O que ela pode preparar a
tempo foi um chá de boldo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
-Toma aqui. Bebe tudo.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
-Ué, mas tomar assim? Sem nada
para acompanhar o gole?<o:p></o:p></div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-64439171380546058722016-01-13T01:30:00.000-08:002016-01-14T17:24:43.245-08:00Breve introdução ao Direito Constitucional I<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">INTRODUÇÃO
AO DIREITO CONSTITUCIONAL<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Baseado
no <i>Curso de Direito Constitucional</i>
(1999) de Paulo Napoleão Nogueira da Silva, <i>Fundamentos
de Direito Público</i> (2002) de Carlos Ari Sundfeld, dentre outros livros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">1.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Poder<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Comecemos pelo mais
simples: O que é poder?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Só quando tentamos
responder essa pergunta percebemos o quanto definir o poder não é algo simples,
mas precisamos enfrentar esse desafio. Muitos já estudaram o poder e ofereceram
as mais variadas interpretações dele: Durkheim pensa em um poder dividido por
instancias da sociedade e do Estado, Weber faz uma tipologia da dominação
(tradicional, carismática, impessoal, etc) e com isso admite que existam muitos
“donos do poder”, enquanto Marx se centra no poder advindo das propriedades
econômicas que no seu entendimento determinam outras formas de poder.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em meio a tantas
definições fiquemos com aquela oferecida pelo cientista político italiano
Norberto Bobbio, admirado por dez em cada nove juristas:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“(...) estabelece que
por ‘poder’ se deve entender uma relação entre dois sujeitos, dos quais o
primeiro obtém do segundo um comportamento que, em caso contrário, não
ocorreria” (<i>Estado, Governo e Sociedade</i>,
Bobbio, p. 68).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para Bobbio o poder faz
parte de uma relação social, pois demanda mais de uma pessoa para ser exercido.
Por mais banal que essa observação possa parecer chegamos à conclusão de que
existem pessoas com poder e outras desprovidas dele. Aquele pobre coitado
desprovido de poder é obrigado a fazer algo que não quer, ou seja, sua
liberdade é limitada. Mas o que é liberdade mesmo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">2.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Liberdade<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eis outro conceitinho
polissêmico. Para Kant a liberdade se exerce como juízo num mundo compartilhado
com o Outro. Para Hannah Arendt a liberdade é ação e juízo, logo é uma
responsabilidade que demanda viver em sociedade, o que significa que é uma
faculdade política.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O jurista Hans Kelsen
observou que a liberdade entrou na filosofia moderna sob um prisma negativo.
Thomas Hobbes e John Locke enxergam na liberdade total anarquia, por isso dizem
que a idade natural do homem, aquele tempo antes da construção do Estado, era
um período obscuro onde os homens lutavam entre si por conta de seus instintos
primais. O primeiro a enxergar os primeiros passos da humanidade como algo
positivo foi Jean Jacques Rousseau que idealizou o bom selvagem, aquele homem
que desconhecia a maldade por viver em permanente contato com a natureza. Para
ele o mal seria um efeito colateral da vida em sociedade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Rousseau é um nome
importante para o Direito porque ele sugere que o Estado não é o único detentor
do poder. Lembremos que Hobbes e Locke estavam escrevendo suas teses
filosóficas em meio ao desenvolvimento do absolutismo pela Europa, numa época
em que a prerrogativa do poder do rei começa a ser questionada. Afinal, porque
o Rei manda em seus súditos? Se o poder é algo que surge na medida em que o
homem vive em sociedade, qual é o critério para ser seu detentor? A
justificativa até então era religiosa: o Rei era escolhido por Deus. A atuação
de déspotas como Ivan, o Terrível na Rússia ajudaram a abalar um pouco desse
fundo providencial das monarquias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hobbes e Locke dizem
que o homem foi viver em sociedade para sobreviver melhor, mas que isso
demandava um disciplinamento dos instintos selvagens, algo que seria exercido
através do poder. Rousseau concorda que a vida em sociedade necessita de poder,
mas alega que ele não precisa ser tirânico (como queria Hobbes e seu Leviatã).
Para Rousseau, todo poder decorre de um acordo entre as duas partes, um
contrato social. O Estado, por exemplo, detém o poder, mas não porque ele pode
fazer isso, mas porque o povo reconhece que ele tem capacidade para isso e
porque precisam que alguém exerça o poder.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Estamos falando aqui de
outro conceito importante: soberania Antes ela residia no rei, o soberano, por
conta de prerrogativas religiosas. Com Rousseau ela passa a residir na vontade
geral do povo por conta das condições da associação civil. Em outras palavras,
a soberania é o reconhecimento da origem do poder.<o:p></o:p></span></div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-9027252528212966292016-01-12T04:00:00.000-08:002016-01-12T07:45:56.538-08:00Pecados da Arte ContemporâneaSeja sincero: não te dá um aperto no coração ver esse fusca Wolkswagen 1966, todo lanternado, amassado como uma bola de papel?<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnc8HdxhJFVVDq6PGvb9-WaC5BJGWvGIW9lNDVvLcu1V5tYwu-gtKQbAfUPLBd_e70kZDmwzsAYnibba4Vu1JMUnReNhyphenhyphen1lzBYpigGO5mMY218a767gr1Sz4BqhylFPvlnYiIXBx35gFLX/s1600/Fusca+esfera%252C+Ichwan+Noor%252C+2013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnc8HdxhJFVVDq6PGvb9-WaC5BJGWvGIW9lNDVvLcu1V5tYwu-gtKQbAfUPLBd_e70kZDmwzsAYnibba4Vu1JMUnReNhyphenhyphen1lzBYpigGO5mMY218a767gr1Sz4BqhylFPvlnYiIXBx35gFLX/s320/Fusca+esfera%252C+Ichwan+Noor%252C+2013.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Fusca esfera de Inchwan Noor, 2013.</i></div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-57851939267974871882016-01-12T00:30:00.000-08:002016-01-12T07:46:06.845-08:00Vozes da Amazônia - Resenha<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">BASTOS, Élide Rugai e PINTO, Renan Freitas (orgs.). <i>Vozes da Amazônia: </i>Investigação sobre o
pensamento social brasileiro. <o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vinicius
Alves do Amaral<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mestrando em História
Social pela Universidade Federal do Amazonas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas,
2007. 452p</span>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Élide
Rugai Bastos, reconhecida estudiosa da Ciência Política, salienta em seu
prefácio ao livro <i>Vozes da Amazônia</i> o
peso de certos momentos históricos para o pensamento social brasileiro.
Remete-se á 1930 e 1950, períodos em que o país desenvolve e, através de
figuras como Gilberto Freyre ou Antônio Cândido, reflete sobre seu passado,
presente e futuro. Mas a Amazônia também tem suas décadas-chave, como 1970 e
1980.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É
durante esse período que as discussões sobre o desenvolvimento da Amazônia, á
luz dos primeiros efeitos da Zona Franca e da pressão autoritária do regime
militar, adquirem um sabor a mais com a consolidação do ambiente universitário
na região. É durante esse período que surgem, após a crítica ao pensamento
etnocêntrico do qual os estudos amazônicos sempre foram grandes devedores, as
primeiras propostas de uma ciência eminentemente amazônica. É durante esse
período, ainda, que Renan Freitas Pinto, doutor em Sociologia pela USP e
atualmente professor aposentado do Departamento de Antropologia da Universidade
Federal do Amazonas (UFAM), e Marilene Corrêa Silva Freitas, doutora em
Ciências Sociais pela UNICAMP e professora do Departamento de Sociologia da
UFAM, iniciam suas carreiras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cito-os
porque além de figurarem no livro em questão são os maiores representantes
desse esforço de constituição de um espaço acadêmico no Amazonas. Basta lembrar
que o curso de Antropologia e os programas de pós-graduação em Sociedade e
Cultura na Amazônia e Natureza e Cultura foram criados com sua ajuda. Muitos
dos autores de <i>Vozes da Amazônia</i> são
oriundos destes programas, representando bem a interdisciplinaridade e o
comprometimento com os rumos da Amazônia hoje presentes em tais estudos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
projeto <i>Vozes da Amazônia</i>, nascido
inicialmente como um seminário organizado pela UFAM em 1996, tem o objetivo de
contribuir para o estudo do pensamento social brasileiro com as reflexões
produzidas á nível regional tanto ontem como hoje. Seguindo essa proposta
podemos encontrar artigos que buscam refletir sobre certos temas presentes na
tradição de pensamento local ou então oferecer uma releitura de autores
consagrados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na
primeira alternativa, os textos de Ricardo Ossame e Luiz Fernando Souza parecem
ser emblemáticos por se deterem em temas tais como as cidades amazônicas ou
então o discurso sobre a natureza, respectivamente. Ossame se ocupa dos relatos
de alguns viajantes do século XIX, que também aparecem de forma tangencial no
estudo de Souza. No entanto, o artigo do primeiro parece muito mais descritivo
que reflexivo propriamente. Souza problematiza as diferentes visões da natureza
amazônica (construídas e reconstruídas há séculos), encontrando um ponto
essencial: a dominação implícita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
há como não enxergar uma aproximação com a grande obra do historiador Arthur
Cézar Ferreira Reis, <i>A Amazônia e a
Cobiça Internacional</i> (1965). Por apresentar um longo histórico de ameaças
estrangeiras á região, o livro encontrou acolhida nos mais diferentes meios e
sua influência pode ser encontrada tanto no artigo de Souza como no de Luiz
Carvalho. No entanto, é necessário não perder de vista que Souza analisa, com a
ajuda de Foucault dentre outros, os discursos e que contempla também em sua
crítica o projeto colonizador português, que para Reis representava um esforço
civilizatório digno.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Há
aqueles também que se comprometem a construir conteúdos programáticos,
reportando-se á discussão epistemológica sobre uma ciência amazônica. É o caso
de Luiz Carvalho que defende que há “(...) uma inconsistência epistemológica
dos modelos teóricos disponíveis para formular o conhecimento e a compreensão
ambiental amazônica e o da inadequabilidade programática de seus modelos
desenvolvimentistas/ subdesenvolvimentistas” (p. 69). Após detida discussão
filosófica, Carvalho procura fundar um novo projeto mental e social para a
Amazônia que supere a divisão criada pela ciência moderna entre natureza e
sociedade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quanto
aos demais textos, há aqueles que empreendem releituras de clássicos ao
analisarem um tema em específico de suas obras. Encontramos no artigo de
Heloísa Lara Campos uma amostra desse esforço, quando a pesquisadora elenca
como objeto de estudo as representações femininas dentro da obra do escritor
paraense Dalcídio Jurandir. Extremamente pertinente o nexo que a autora
estabelece entre ideias feministas e a experiência do viver amazônico que
podiam estar presentes na criação literária de Jurandir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ainda
elegendo a literatura como foco, Marco Aurélio Paiva Coelho realiza uma
reflexão sobre os limites do modernismo paulista propagado pela Semana de Arte
Moderna de 1922 ao abordar a carreira artística e algumas obras do também
escritor paraense Abguar Bastos. O autor faz uma desconstrução desse artista
geralmente considerado um dos porta-vozes do modernismo no Norte, mas no sentido de apresentar a sua
proposta diferenciada de modernismo. Assim sendo, o herói Bepe de seu livro
representaria o oposto do herói sem caráter criado por Mário de Andrade, não
por se filiar a um ideal romântico, mas por se aproximar do mito, uma das
expressões amazônicas mais autênticas para Bastos. Mas o mito não está
desligado da História, como percebemos nas maquinações feitas por um papagaio
sobre um fonógrafo (p.364).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lúcia
Ferreira Puga e Odenei Ribeiro nos apresentam pioneiros raramente estudados no
pensamento social na Amazônia. Estamos falando de André Araújo e Leandro
Tocantins, respectivamente. Minuciosa análise faz Puga demonstrando a visão
original de Araújo, uma mescla inesperada entre a questão social da Igreja
Católica e a Escola de Sociologia de Chicago, e como o conceito de comunidade é
central nela. Para ele, a modernidade destruiria os laços da comunidade,
processo esse que pode ser evitado por duas entidades através de suas obras assistencialistas:
o Estado e a Igreja Católica. Já Tocantins, como bem mostra Ribeiro, propõe uma
modernização que não desconsidere alguns traços essenciais da cultura amazônica,
tal como os saberes tradicionais ou a miscigenação. É previsível a conclusão a que chega Ribeiro
de que a obra de Tocantins “(...) cumpre no extremo Norte papel semelhante a
que a de Gilberto Freyre cumpriu no cenário nacional” (p. 337).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Júlio
Cesar Schweikckardt aponta a importância do sanitarista Alfredo da Matta como
pensador amazônico, até então subsumido dentro da discussão regional. Sua
presença no panteão de intelectuais locais se deve ás suas considerações
decorrentes de sua percepção da saúde amazônica. Para o médico, como pregava o
discurso sanitarista da virada do século XIX, os costumes garantiam a
permanência das doenças sendo, portanto, necessário uma reeducação, organizada
pelo Estado, com vistas á “civilizar” os povos amazônicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Importantes
releituras empreendem Renan Freitas Pinto e Selda Vale Costa a partir de fontes
como a imprensa e a correspondência. Pinto não discute as características
intrínsecas de suas fontes – tais como os aspectos da escrita condicionados
pelo suporte impresso diário – enquanto Costa se detém em uma breve discussão
sobre a validade do estudo das cartas e algumas de suas vicissitudes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Renan
F. Pinto analisa os artigos de jornais de Djalma Batista como uma extensão das
reflexões presentes em sua obra magna, <i>Complexo
da Amazônia</i> (1977). Seu recorte temporal abrange a década de 1970, mas não
considera os artigos como parte do processo criativo do livro, mas sim como um
apêndice das questões já analisadas pelo pensador. É importante lembrar também
que seu texto é introdutório, elencando temas para análises posteriores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Selda
Vale Costa, por sua vez, estuda a correspondência do etnólogo Nunes Pereira com
quatro intelectuais locais: o historiador Arthur Cézar Ferreira Reis, o
antropólogo Curt Nimuendaju, o médico Djalma Batista e o diretor do Museu
Goeldi Machado Coelho. O objetivo é claro: entender a rede de sociabilidades
mantidas por estes intelectuais. O acervo de Nunes Pereira surpreenderia pela
riqueza de dados contidos em algumas páginas, guardadas por ele e organizadas
por seu secretário. “As epístolas, em síntese, revelam linguagens regionais,
preocupações políticas com a região e querelas familiares. Cultura, ciência,
política e afeto, eis os ingredientes mais comuns das missivas” (p. 280).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
pesquisadora Giselle Martins Venâncio, no livro Escrita de Si, Escrita da
História (organizado por Ângela de Castro Gomes), chama a atenção para o papel
das representações nas cartas. Ao analisar a amizade epistolar entre Monteiro
Lobato e Oliveira Vianna desvincula-se das tradicionais representações
imputadas a tais intelectuais e nos apresenta novas interpretações deles
através de suas missivas (VENANCIO, 2004, p. 118). Foucault em estudo
antológico situaria este precioso status das correspondências enquanto parte do
contínuo exercício pessoal construção de si. Afinal, “é algo mais que um
adestramento de si próprio pela escrita, por intermédio dos conselhos e
opiniões que se dão ao outro: ela constitui uma certa maneira de cada um se
manifestar a si próprio e aos outros” (FOUCAULT, 1992, p. 150).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
antropóloga Selda V. Costa enxerga essa dimensão representativa na troca de
missivas: podemos ver a gradação de amizade através das expressões e da grafia,
mas mais interessante ainda é ver os diferentes tipos de amizade que Pereira
mantém com os referidos intelectuais. Somos apresentados á um Arthur Reis
desiludido com Manaus e que oscila entre o tratamento reverencial e a crítica
jocosa com seu interlocutor. Djalma Batista se coloca como aprendiz, mas incita
seu mestre todo tempo a produzir mais. Sua fala é um tanto institucional,
talvez por no momento estar presidindo a Academia Amazonense de Letras da qual
Nunes ajudou a fundar. Nimuendaju possui um relacionamento mais formal com o
etnólogo, ao contrário de Machado Coelho que o considera um grande irmão e
ressente-se das poucas visitas do amigo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mais
significativa é a representação que Pereira constrói de si. Aqui e acolá assume
o perfil de libertino e pornográfico, mas por vezes não hesita em abusar da
autoridade que a idade e os centros culturais lhe conferiam. Estas representações
são de fundamental importância, pois nelas é perceptível a tensão social e
cultural estabelecida entre seus autores. O diálogo, a troca de informações,
não discrimina as rivalidades e conflitos que estes homens possuíam. Apesar de
ser marcante, mais em uns que outros, o estigma de ser um intelectual amazônico
persiste – como é o caso de Coelho que se ressente do amigo, talvez por ter
fincado raízes na capital federal, ou então de Reis que recusa qualquer
tentativa de ação cultural em sua terra natal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As
considerações finais de Selda Costa são exemplares por não esgotarem as
interpretações sobre o provincianismo intelectual amazônico: “Talvez se trate
mais de visualizar a província como espaço cultural e evidenciar que o
insulamento, o sentir-se só, abandonados pelo governo federal, pelo Brasil,
essa temática-lamento constante, talvez seja mais uma armadilha (...)” (p. 306)
ou seja, será que o “atraso cultural” da Amazonas não passa de um discurso para
reduzir questões próprias do campo artístico e exigir uma intervenção estatal
no sentido de subsidiar estes artistas, por exemplo? E esse isolamento talvez
seja a força motriz do pensamento e da arte amazônica, sua fonte maior de
vigor. Afinal, “esse ilhamento, real ou idealizado, cria as condições para uma
migração para dentro de si mesmos, certo ensimesmamento, que cria e recria,
elabora e inventa uma ideologia da amazonidade” (p. 306).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em
suma, como afirmamos no início, há uma proposta que subjaz á todos estes
artigos tão desiguais entre si (seja no estilo de escrita ou na densidade
teórica e metodológica) que é a crítica á modernidade que se impunha já nos
anos 70 e 80 e que hoje, ao invés de arrefecer, agudizou-se. A grande riqueza
deste livro é não focar apenas no ataque ao projeto modernizador implantado,
mas sugerir novos caminhos através inclusive da tradição de pensamento local. A
releitura de autores consagrados também aponta uma dimensão necessária do
diálogo, muito diferente da atitude que permeou em outros tempos de
desqualificação de suas obras através de taxações como “reacionário” ou
“conservador”. Seja como for, <i>Vozes da
Amazônia</i> é um importante documento sobre o estado atual do pensamento
social amazônico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Referências:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VENANCIO, Giselle Martins. <b>Cartas de Lobato a Vianna: uma memória epistolar
silenciada. </b>In: GOMES, Angela de Castro (org.). Escrita de Si, Escrita da
História. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">FOUCAULT, Michel. <b>O que é um autor?</b> Lisboa: Passagens,
1992.<o:p></o:p></span></div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-4289321207234032602016-01-11T16:01:00.001-08:002016-01-11T16:09:38.656-08:00O despertar do mimi<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwiYYXrOBEwacrb-MWIYUy3odV9y3PHEDaatZo1Bh0VLwiozuw4cHhvqsmipKD_033O5sPFLgrXgaL_aTLAnnwj58dWOTTRk2NZzZr5Fv9FCRthDfya5tYIujOLCcldpeBPDsNGAuhuw4w/s1600/aprova%25C3%25A7%25C3%25A3o+mal%25C3%25A9fica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwiYYXrOBEwacrb-MWIYUy3odV9y3PHEDaatZo1Bh0VLwiozuw4cHhvqsmipKD_033O5sPFLgrXgaL_aTLAnnwj58dWOTTRk2NZzZr5Fv9FCRthDfya5tYIujOLCcldpeBPDsNGAuhuw4w/s1600/aprova%25C3%25A7%25C3%25A3o+mal%25C3%25A9fica.jpg" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Até outro dia estávamos em 2015. Em dezembro de 2015. E o burburinho todo, ao menos nas redes sociais, era sobre o novo filme da saga Star Wars.</div>
<div style="text-align: justify;">
Aliás, que acompanhou as notícias sobre a produção até aqui sem se tornar um chato merece uma medalha, porque ô gente para reclamar. Sério! O primeiro mimimi foi sobre termos um stormtrooper negro no filme ("ah, não pode porque eles são todos clones do Boba Fett e num-sei-o-quê..."). O segundo foi sobre o sabre de luz do vilão Kylo Ren (Adam Driver) ter braçadeiras de plasma (eu acho que aquilo é plasma). Sério! Até sobre o maldito sabre de luz esses "fãs" reclamam!</div>
<div style="text-align: justify;">
O que consagrou Star Wars como uma saga fantástica (e por isso muitos a classificam não como uma história de ficção científica, mas de fantasia) é a capacidade de burlar regras: máquinas que sentem medo e paixão como C3PO e R2D2, monges usando espadas incandescentes, explosões no espaço, toda essa salada de elementos, muitos não comprovados cientificamente (como as explosões no espaço), nos fez amar Star Wars.</div>
<div style="text-align: justify;">
E as informações sobre a saga foram sendo reinventadas ao longo dos anos. Num livro chamado <i>Como Star Wars Conquistou o Universo,</i> o autor, o jornalista Chris Taylor, demonstra como George Lucas só pensou em definir Darth vader como pai do Luke enquanto escrevia o roteiro do segundo filme da trilogia original. Ou seja, ele foi levando o enredo meio que nas coxas. Então por que estamos tão preocupados em defender cânones de uma história tão flexível?</div>
<div style="text-align: justify;">
Sinceramente, quero ser surpreendido. Não quero ver mais do mesmo. Talvez por isso não tenha gostado tanto do Despertar da Força. É muita referência a Uma Nova Esperança. Mas ao menos eles oferecem boas respostas sobre quem são os stormtroopers (e porque os clones não são usados sempre). Ou seja, mais uma vez reinventaram a saga e isso é ótimo.</div>
<div style="text-align: justify;">
O "fanboy" ortodoxo que caga regra e condena qualquer novidade que se apresenta pode estar mais próximo do universo de Star Wars do que se imagina: infelizmente, mais para o lado negro da Força do que de outra coisa.</div>
<br />
____________<br />
E sobre o sabre do Kylo Ren, fiquem com esse vídeo:<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/L_9YtySWlqA/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/L_9YtySWlqA?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br /><br />Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-74359120270300727582016-01-11T15:43:00.000-08:002016-01-11T15:43:24.555-08:00Iniciando os trabalhos...Voltei! E vocês pensando que o blog tinha sido condenado ao limbo dos projetos inacabados de Vinicius. Pois é, não foi... por enquanto. Queria poder dizer que vou tentar continuar a postar com regularidade agora, mas vocês já não caem mais nessa, né gente? Gente?<br /><br />Entre março de 2014 e janeiro de 2016 aconteceu muita coisa: o Muro de Berlim caiu e... esperaí. Ah sim, isso foi em 1989. Pensando bem, não aconteceu para mim muita coisa digna de nota entre março de 2014 e janeiro de 2016. Por outro lado, consegui o diploma de mestre em História (palmas) e um emprego na rede de ensino do Estado do Rio de Janeiro (palmas).<br />Enquanto tento lembrar de mais coisa fiquem com essa fofura:<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiz5e0XKob91QF6VH9DrGi0A8_GcHPBwOPNICnz_QZiaKq1CYBKHB5ksu829_330VSXShBhcUYet10UA2SHQMPCFhyphenhyphenFicnZsqJuMcYbH-4JQZKl-U7mHYsRjzkK0u7qk8p3-XacoltEL8G/s1600/impressionante%2521.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiz5e0XKob91QF6VH9DrGi0A8_GcHPBwOPNICnz_QZiaKq1CYBKHB5ksu829_330VSXShBhcUYet10UA2SHQMPCFhyphenhyphenFicnZsqJuMcYbH-4JQZKl-U7mHYsRjzkK0u7qk8p3-XacoltEL8G/s320/impressionante%2521.jpg" width="320" /></a></div>
<div>
<br /></div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-3587731989148055002014-03-19T09:54:00.000-07:002014-03-19T09:54:06.274-07:00Sagrado<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://nosgeeks.com.br/wp-content/uploads/2012/02/billhins.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://nosgeeks.com.br/wp-content/uploads/2012/02/billhins.jpg" height="180" width="320" /></a></div>
<div>
<br /></div>
Passando aqui para sugerir o ótimo conto do brother Ricardo Porto: <a href="http://sucupiras.blogspot.com.br/2013/03/sagrado.html?m=1">Sagrado</a>.<div>
O conto me lembrou muito o filme Sunset Limited, protagonizado por Samuel L. Jackson e Tommy Lee Jones e inspirado na obra de Cormac McCarthy. Abaixo um trechinho do conto:<br /></div>
<div>
<span style="background-color: white;">"<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; text-align: justify;">Pedro era um padre sem fé há muito tempo. Não que ele não rezasse ou se emocionasse com a obra de Deus vez em quando, mas ele não acreditava mais que o Senhor se importasse com Sua criação. </span><span lang="EN-US" style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; text-align: justify;">Convenhamos, era um fiasco. Ainda no Paraíso o homem era desobediente. </span><span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; text-align: justify;">Um dilúvio não resolvera o problema do pecado. Seu filho veio interceder por nós, mas não foi bem aceito e terminou morto. Sua morte ajudou a propagar a Palavra, mas ainda assim o mundo é torpe e somos cada vez melhores em destruir o mundo que nos foi confiado, que deveria ser a herança dos justos. Deve ser por isso que Ele mandou os mortos se levantarem".</span></span></div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-79850534187448443292014-03-19T09:15:00.001-07:002014-03-19T09:15:25.806-07:00Seriados, gangsteres e afins<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/files/2014/02/MobCity.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/files/2014/02/MobCity.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Episódios-piloto são traiçoeiros. Podemos ser injustos com séries inteiras por causa deles. De duas uma, ou a série é melhor em si é melhor que seu começo ou pior. Raro manter a estabilidade nesse meio televisivo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Não sou um seguidor assíduo de séries. Mesmo as que gosto não acompanho regularmente. Preguiça por um lado, falta de tempo por outro. Acho que mais me dediquei a duas: Monk (que assisti até o final) e Lost (que abandonei na quarta temporada).</div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje se fala numa Era de Ouro da TV americana. A crise na indústria cinematográfica teria feito com que muitos roteiristas e atores migrassem para a telinha, produzindo assim obras mais criativas e de maior qualidade. E cita-se como exemplo Breaking Bad, Game of Thrones, Boardwalk Empire, Dexter, The Walking Dead, etc... Agora a coqueluche do momento é True Detective.</div>
<div style="text-align: justify;">
Confesso que só assisti um ou outro episódio de cada uma dessas séries, mas fico me perguntando se não há muito burburinho ou marketing como diz Artur Xéxeo nesse boom de séries "de qualidade". Talvez eu não seja o mais autorizado a fazer essa avaliação, já que meu relacionamento com elas sempre foi bem diletante, mas me parece que muitas dessas produções são pretensiosas demais. Como se cada episódio fosse feito para ganhar um Oscar. Não me entenda mal, a busca por qualidade é saudável. Mas vejo em muitos seriados propostas que afirmam revolucionar o mundo do entretenimento, negando todo o referencial dos gêneros em que se situam (suspense, drama, policial, etc).</div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim, digo isso porque recentemente assisti o primeiro episódio de Mob City e achei esta uma série despretensiosa, mas que proporcionou - pelo menos no capítulo inicial - uma trama envolvente e que dialoga com todo o universo de filmes e séries do tipo. Aliás, histórias da máfia são quase um fetiche para o mundo do entretenimento americano, não há como não ter em vista os filmes dos anos 30 ou as obras de Scorcese, Coppola e DePalma. Seja como for, é um bom entretenimento que não escorrega tão fácil em mediocridades.</div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-63129909261795217442014-03-19T08:16:00.001-07:002014-03-19T08:16:28.844-07:00Outro Dia Perfeito<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://wallpapersus.com/wp-content/uploads/2012/09/Sunset-New-York-City-Cities.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://wallpapersus.com/wp-content/uploads/2012/09/Sunset-New-York-City-Cities.jpg" height="200" width="320" /></a></div>
<br />
Quando o verão pousa nas marquises é lindo. E sufocante. Nessas horas me arrependo de nunca ter me apaixonado. Pelo menos teria alguém a quem dedicar essa foto.<br />
Todos os dias, quando o sol está se pondo, sento aqui e tiro uma foto. Cada entardecer é diferente, sabe? Há dias que terminam com nuvens cansadas, outros com tonalidades festivas de azul. Adoro quando o sol incendeia os céus, despertando a cor laranja das coisas.<br />
Mas esse aqui... Sublime é pouco. Agora vem o dilema: não sei se guardo ou se rasgo. Explico, se guardar essa foto me perseguirá para o resto da vida. Como fazer algo melhor que isso?<br />
Enfim, decidi: vou rasgar e guardar os pedaços.<br />
<br />Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-43536840654395929502014-03-15T19:57:00.003-07:002014-03-16T05:10:39.108-07:00Crônicas do Quarto Poder<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6l9rNbKnEVuvg8Bn2oum5Mlw0qNcyC0sqLU9iSGJ8pxTMhU935g5kxfdV44uX25PgjYB3xbfUZ9zgrmp_-imhM9lWJlulCiMUf62bxH_J6vRHT5QRv0ifWTKxk2LNIsToGFIxJM_MZbm0/s1600/imbtiba+anos+50.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6l9rNbKnEVuvg8Bn2oum5Mlw0qNcyC0sqLU9iSGJ8pxTMhU935g5kxfdV44uX25PgjYB3xbfUZ9zgrmp_-imhM9lWJlulCiMUf62bxH_J6vRHT5QRv0ifWTKxk2LNIsToGFIxJM_MZbm0/s1600/imbtiba+anos+50.jpg" height="214" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praia de Imbetiba, Macaé, anos 50.</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Sobre a história da pacata Macaé, no interior do Rio de Janeiro, achei um fato bem curioso. O político Eduardo Serrano, vindo de Niterói e com fortes laços políticos na Capital, se candidatou a prefeito desta cidade e foi eleito em 1959 para ser cassado em 1960. O motivo: sua sexualidade. Acontece que os jornais exploraram a sua até então discreta preferencia por companheiros do mesmo sexo e batendo na tecla da moral e dos bons costumes, o prefeito teve seu mandato cassado.</div>
<div style="text-align: justify;">
Encontrei na internet <a href="http://www.intercom.org.br/papers/sipec/ix/trab44.htm">um trabalho bem interessante da estudante Evelyn Soares Valente sobre o episódio</a> que explora o peso da mídia como formadora de opinião, usando aqui ainda que marginalmente o conceito de construção do consenso presente em Noam Chowsky e adaptado por Bernardo Kucinski ao contexto brasileiro.<br />
*Falando em prefeitos, outro dia andando pelo centro de Macaé encontro um sujeito em cima de um caixote com roupas amarrotadas prometendo mundos e fundos. <a href="http://orebate-josemilbs.blogspot.com.br/2011/11/mariola-quer-ser-prefeito-da-cidade.html">Descobri pelo jornal O Rebate de José Milbs </a>que se trata de uma figura super conhecida na cidade: Mariola, o vendedor de mariolas que desde 2011 está se candidatando a prefeito. Muitas de suas propostas eram interessantes: chamar a polícia de Campos para patrulhar a cidade, criar um batalhão especial para expulsar o tráfico de Malvinas e Nova Holanda e incentivar a venda de mariolas.</div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-93467755770509072014-03-14T10:07:00.001-07:002014-03-16T04:54:31.585-07:00Múltiplos 2014s<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.furb.br/web/upl/noticias/especificas/50%20anos%20golpe.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.furb.br/web/upl/noticias/especificas/50%20anos%20golpe.jpg" height="172" width="320" /></a></div>
Esse é um ano bem especial. Falo não apenas por conta da Copa e da infinidade de feriados nacionais que teremos, mas também de quantidade de datas comemorativas cruciais para se entender o Brasil e o Amazonas:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
-60 anos do suicídio de Getúlio Vargas;</div>
<div style="text-align: justify;">
-60 anos do Clube da Madrugada;</div>
<div style="text-align: justify;">
-50 anos do Golpe de 1964;</div>
<div style="text-align: justify;">
-40 anos do Pacote de Abril;</div>
<div style="text-align: justify;">
-20 anos do Plano Real.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez os mais badalados eventos aqui sejam o terceiro e o último. O próprio Instituto Fernando Henrique Cardoso já cuidou de fazer uma série de palestras sobre o Plano Real, enquanto os debates e até mesmo comemorações sobre o Golpe se proliferam. Há poucas menções, no entanto, sobre o tiro que mudou o destino da República Populista em 1954 e ás leis que acenaram para o fim da ditadura civil-militar em 1974 - com ênfase no "acenaram".</div>
<div style="text-align: justify;">
Sobre a fundação do movimento artístico que trouxe á Manaus um sopro de renovação artística há muito menos menções ainda. Aproveitando o ensejo, vou divulgar aqui um artigo meu sobre a ditadura em Manaus publicada na revista Temporalidades da Universidade Federal de Minas Gerais: <a href="http://www.fafich.ufmg.br/temporalidades/revista/index.php?prog=mostraartigo.php&idcodigo=297">Vicissitudes de um Heródoto caboclo: Arthur Reis e a ditadura civil-militar em Manaus (1964-1966).</a><br />
Em 2014 também fazem 50 anos que a Beatlemania se mundializou com o show dos garotos de Liverpool nos Estados Unidos. Um show com vários cantores da atualidade, além de Paul e Ringo, vai ser organizado daqui uns dias.</div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-12245102190497312182014-03-14T09:06:00.000-07:002014-03-14T09:06:31.272-07:00Patrimônio desfalcado<div style="text-align: justify;">
Antes do carnaval, a Biblioteca Nacional foi furtada mais uma vez. Em 2005 um rapaz tinha sumido com algumas obras raras do acervo, agora alguns notebooks foram afanados. Como o prédio ainda está em reforma, sendo protegido por um frágil tapume, o ladrão não precisou se esforçar muito.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ao que parece tratava-se de um dos muitos viciados em craque que vivem ali perto. Mas na maioria dos casos os responsáveis por desfalques no patrimônio histórico e cultural brasileiro são pessoas com um perfil totalmente distinto. Você que é pesquisador e mora em Manaus vai imediatamente lembrar de uma figurinha mais que manjada nesse meio.</div>
<div style="text-align: justify;">
O mais preocupante é que existe toda uma rede de tráfico de obras culturais responsável por retirar inúmeros tesouros do nosso país. Segundo a lista da Interpol, o Brasil tem 1.596 itens roubados. <a href="http://oglobo.globo.com/pais/livro-raro-de-botanica-vira-peca-de-thriller-com-direito-final-feliz-11877285">Ontem mesmo descobriram o paradeiro de um livro raríssimo de botânica que foi furtado do Museu Emílio Goeldi no Pará há cinco anos atrás</a>.</div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-25187918644255746482014-03-10T15:13:00.000-07:002014-03-14T08:45:10.864-07:00As Árvores Sangram<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtgjjlMrUoWUwNuWfIaADPhgWgJ0fbD_KwGBu5ei5miaW1P4t0qEiOLLlTT8lat5jG_sFU0p9uS84pcEsNP7QnNO5CXf0UjnhQzyByT7p6KRU4IeRLUM5LFmh8WnK7kaTd3UlZYjqjYW_7/s1600/Gautherot-Igapos-blog.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtgjjlMrUoWUwNuWfIaADPhgWgJ0fbD_KwGBu5ei5miaW1P4t0qEiOLLlTT8lat5jG_sFU0p9uS84pcEsNP7QnNO5CXf0UjnhQzyByT7p6KRU4IeRLUM5LFmh8WnK7kaTd3UlZYjqjYW_7/s1600/Gautherot-Igapos-blog.jpg" height="320" width="318" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;">AS ÁRVORES SANGRAM</span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><a href="https://www.facebook.com/augusto.severo?fref=ts">Augusto Severo</a></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;">Dedicado a aniversariante Ilana Joplin.</span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;">Um dia, as árvores começaram a sangrar.</span></div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"></span><br />
<div style="text-align: left;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;">O primeiro a levar esse susto foi um homem simples, que estava pensando em eliminar a árvore do quintal para não ter que recolher as folhas caídas.</span></div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;">
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"></span>
<div style="text-align: left;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;">Deu uma machadada e, pof! Foi sangue pra tudo que é lado.</span></div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;">
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
O sangue respingou na camisa e no rosto do pobre homem.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Assustado, o homem deu um grito e correu para colocar a mão no golpe que a árvore levou, numa tentativa caridosa – e desesperada – de impedir o sangramento evidente.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Depois de três tentativas, a árvore parou de sangrar. Restara um ferimento comum - um talho aberto, como um golpe desferido por um gladiador – mas o sangue definitivamente parara de fluir.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
O Homem correu para o telefone e chamou a imprensa.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
5 minutos depois, o homem estava sendo entrevistado. Nem tinha tirando a camiseta ainda, nem lavado o rosto. O Homem ensanguentado jazia ali, em frente à reporter e ao camera-man, parecendo um serial-killer que acabara de ser capturado.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Mas ele era apenas um homem normal, contando que a árvore tinha sangrado.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
E a noticia se espalhou: primeiro na vizinhança, depois no bairro inteiro. À noite, durante o último telejornal da programação, a notícia já tinha alcançado o estado inteiro.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Dia seguinte, no programa matinal, a apresentadora de meia idade reunira uma equipe de especialistas, para debater o assunto e as possíveis causas do estranho fenômeno.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Tudo isso enquanto ela cozinhava batatinhas e frango em cubos.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
A casa do homem tinha virado um grande acampamento científico. Igual quando encontraram o E.T. do filme do Spielberg.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
O Homem ainda não tinha ganhado muito dinheiro com o ocorrido, mas como era muito solitário, estava curtindo toda a repentina movimentação em sua casa.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
E a árvore foi extenuantemente analisada.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Especialistas da universidade do estado olharam, retiraram amostras, olharam de novo, e de novo, e de novo.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
E depois deixaram a casa do homem em paz. Todo mundo foi embora.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Dias depois, os especialistas se pronunciaram na televisão. O assunto já estava quase esquecido, mas o que eles revelaram era assustador:</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
O sangue da árvore era humano.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Sangue humano.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
A árvore ainda era uma árvore comum. Com raiz, caule, galhos e folhas. Ainda era a mesma árvore dos livrinhos que usávamos para estudar na quinta série.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Mas agora ela sangrava. Inexplicavelmente. E era sangue humano. Tipo A positivo, diziam alguns.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Dois dias depois, uma mulher perdeu a direção do veículo e se chocou com uma árvore, no subúrbio de uma cidade vizinha.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
A mulher estava bem, não sofrera nenhum ferimento.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Mas a árvore que ela atropelou sangrou como um boi num matadouro.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
A pobre mulher ficou horrorizada. Como o para-brisa do carro se esfarelou, a motorista ficou coberta de sangue.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
As árvores começaram a sangrar. Não era apenas árvore do quintal do pobre homem.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
A imprensa apareceu, os especialistas vieram, e todo mundo que estava no local via o acidente de carro como se fosse o resultado de um atropelamento fatal, mas era apenas um carro que se chocou com uma árvore...</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
...Que sangrava.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
E todo mundo ficou assustado.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Era apenas uma árvore normal, um amontoado de celulose e clorofila... </div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Que sangrava sangue humano.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Sangue do tipo O, diziam alguns.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Mas incidentes semelhantes ocorreram em outras cidades, em dias depois, no país inteiro.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Até que um chinês que procurava lenha fez uma árvore sangrar.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Aí não restavam mais dúvidas: as árvores do mundo inteiro começaram a sangrar.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
E o assunto chegou na ONU.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Todas as nações do mundo estavam assustadas com o fato.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Nas revistas, televisões, jornais, todos davam suas opiniões sobre o que poderia estar causando o estranho ocorrido.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Especialistas, cientistas, céticos, religiosos... Muitas palavras pronunciadas com tom de verdade, mas apenas perguntas sem respostas.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Tanto sangue!</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Um cientista canadense descobriu que o sangue das árvores poderia ser usado em transfusões com humanos.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Grande idéia!</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Acabaram-se os problemas de falta de sangue em hospitais.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Tinha de todo tipo, inclusive os tipos mais raros.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Sangue de árvores salva vidas!</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Até que um dia, alguém resolveu mostrar o outro lado da história.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Apareceu na TV uma filmagem horrorizante.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Naquele momento, onde o mundo estava começando a encontrar sentido novamente, alguém jogou um balde de água fria na felicidade das pessoas.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
A filmagem tinha vindo de algum lugar abandonado por Deus, no meio da Amazônia.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Com uma imagem nítida, a filmagem mostrava o que seria um campo desmatado, por uma madereira ilegal.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Um imenso campo ensanguentado.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Vários e vários quilômetros de um holocausto ecológico.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Terror absoluto.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Quando a policia do meio ambiente chegou ao local, foi mais assustador ainda:</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Sangue derramado em todas as direções.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
E sangue fede. Imaginem milhares de pessoas exterminadas com uma moto-serra e você não consegue chegar nem perto da realidade.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Impossível segurar as emoções.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
A imagem do desmatamento chocou milhões de pessoas no mundo inteiro.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Houve quem se perguntou por que antes um desmatamento nunca tinha chocado tanta gente.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Eu acho que é porque as árvores não sangravam ainda.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Os humanos são assim:</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Mania de querer humanizar tudo...</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Foi uma revolução no mundo.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Pela primeira vez, nações do mundo uniram forças para combater QUALQUER DESMATAMENTO.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Não se podia mais cortar nenhuma árvore no mundo.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
E tudo aquilo que dependia de madeira – construção, marcenaria, transporte, caixas – teve que se virar com outros produtos. A construção civil sofreu um golpe do qual quase não se recuperou.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Toda madeira agora era neuroticamente reciclada. Claro, madeira processada do tempo em que as árvores ainda era apenas árvores.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Cortar lenha podia, mas apenas com madeira morta. Troncos caídos, que já não sangravam mais.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
As ONGs estavam às mil maravilhas.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Haviam conseguido salvar as florestas do mundo inteiro. Mas na verdade, foram as árvores que salvaram a si próprias.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Os bancos de sangue do mundo inteiro estavam cheios. Quem diria... As árvores também acabaram salvando a vida de milhões de pessoas!</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Na ONU, alguém até sugeriu que as árvores não fossem incomodadas nunca mais.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
No comércio, novos substitutos foram sendo introduzidos – derivados de plásticos biodegradáveis, substitutos “verdes”, tudo para não agredir mais o meio ambiente.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
E as pessoas foram aos poucos se tornando menos dependendo da madeira.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Difícil no inicio, mas o resultado era um mundo melhor e um futuro promissor.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Tudo porque, inexplicavelmente, as árvores começaram a sangrar.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
E isso mudou o mundo. E mudou os humanos.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
E a felicidade veio lentamente.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
E o tempo passou. Parecia até que as árvores sempre tinham sangrado. Ninguém quase lembrava mais de uma época em que se cortavam árvores.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Tudo sempre tinha sido assim.</div>
</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14.079999923706055px;"><div style="text-align: left;">
Foi aí que nós, cachorros, gatos, vacas e galinhas, decidimos que começaríamos a falar...</div>
</span>Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-65147654878693064412014-03-09T14:44:00.001-07:002014-03-09T14:44:38.810-07:00GOJIRA!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://img1.wikia.nocookie.net/__cb20131018191544/godzilla/images/a/a6/Legendary_Pictures_Godzilla_Size_Chart.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://img1.wikia.nocookie.net/__cb20131018191544/godzilla/images/a/a6/Legendary_Pictures_Godzilla_Size_Chart.jpg" height="184" width="320" /></a></div>
<br />
Não sei se sabem, mas um remake de Godzilla será lançado esse ano. Mais um? Sim, mas um. Mas não se preocupe. Pelos trailers, esse parece que não vai desapontar os fãs do lagartão, diferente daquele de 1998. Se lembram? É, melhor nem lembrar mesmo.<br />
E por conta disso o brother Ricardo Porto preparou uma matéria sobre o rei dos monstros que é uma verdadeira homenagem ao bichão. <a href="http://sucupiras.blogspot.com.br/search/label/Godzilla">Leiam ele aqui.</a><br />
<br />
*Acredito que se o filme corresponder á expectativa dos fãs logo logo teremos filmes de Mothra e companhia ilimitada. O que pode prolongar o namoro de Hollywood com os nerds.Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-25260443837923451382014-03-09T14:11:00.004-07:002014-03-09T14:21:41.796-07:00Para o Bloco dos Reaça é carnaval todo dia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://img.r7.com/images/2013/10/13/20_25_53_899_file?dimensions=460x305" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://img.r7.com/images/2013/10/13/20_25_53_899_file?dimensions=460x305" height="212" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fico triste ao ver pessoas que descontentes com o governo do PT passam a defender a ditadura civil-militar. Fico triste por que além de recorrem a uma fraudulenta idealização do passado (de que na ditadura não havia corrupção e nem baderna), não conseguem sair de lugares comuns, não elegem uma nova perspectiva de futuro que não seja necessariamente pela via autoritária.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nesse oceano de desencanto um texto me fez ganhar o dia: <a href="https://medium.com/opinioes-em-portugues/a7ba54318515">Ninguém é a favor de bandido, é você que não entendeu nada</a> de Ramon Kayo. O autor tenta escapar dos velhos clichês conservadores repisados a todo instante na mídia e no cotidiano quando se trata de discutir direitos humanos. O texto não é um primor, mas desconstrói de forma bem lúdica estas pérolas do reacionarismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
*Aproveitando o momento: além de irônico, acho extremamente engraçado o costume de pensadores dessa direita new age (que de "new" não tem nada) criticar os movimentos sociais como responsáveis por criar uma cultura de vitimização no Brasil enquanto eles repetem a todo momento que são vítimas da falta de liberdade de expressão, de consideração, de isso e daquilo.</div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-29156851656373055582014-03-09T03:30:00.000-07:002014-03-09T13:00:45.657-07:00Banda desenhada<div style="text-align: justify;">
Essa é para o pessoal que se amarra em quadrinhos: <a href="http://www.saposvoadores.net/2014/01/editais-e-concursos-de-quadrinhos-2014-premios-em-dinheiro-eou-publicacao-das-historias.html">o site Sapos Voadores reuniu aqui uma série de concursos de quadrinhos da internet</a>. Infelizmente, como só abri a mensagem agora, muitos já tiveram seus prazos de inscrição terminados. Mas os dois últimos ainda estão em tempo, portanto, corram e se inscrevam!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Obs: O título não tem nada a ver com o Gorillaz; banda desenha é como são chamados os quadrinhos em Portugal.</div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-20209594613882268862014-03-08T05:00:00.000-08:002014-03-09T13:00:45.654-07:00Essencial e genial<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://i0.statig.com.br/bancodeimagens/3g/o7/yx/3go7yxeump651qtu706nk1mi2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://i0.statig.com.br/bancodeimagens/3g/o7/yx/3go7yxeump651qtu706nk1mi2.jpg" height="200" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se você não sabe bolhufas sobre o cinema brasileiro, com certeza deve associar o nome de Eduardo Coutinho mais a tragédia que ceifou sua vida que á sua obra inovadora. Em janeiro desse ano, como sabemos, seu filho que sofre de distúrbios psicológicos o matou a facada em sua casa no centro do Rio de Janeiro. Me espantei com a notícia. Tomei contato com ela pela internet e pensei ser mais uma brincadeira de mau gosto, mas não, foi bem real.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ele já tinha mais de 80 anos e algumas doenças pulmonares por conta de seu inseparável cigarro. Mas mesmo assim ninguém esperava que ele partisse assim. Em seu enterro compareceram várias pessoas, amigos como Ferreira Gullar e desconhecidos que apreciavam sua obra.</div>
<div style="text-align: justify;">
Cabra Marcado para Morrer é sempre mencionado como um divisor de águas no cinema brasileiro. Por quê? O filme tem um novo modo de fazer documentários. Não mais aquele modelo que Jean-Claude Bernardet chama de sociológico por vir carregado de ideias centrais onde os depoimentos e imagens captados apenas são ilustrativos. Nesse filmem as entrevistas constroem a narrativa e embora o tema seja a luta camponesa no Nordeste há espaço para muito mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
Na verdade, se trata de um filme sobre outro filme. Sobre um que Coutinho pretendia fazer em 1964 sobre a morte de um agricultor ligado ás Ligas Camponesas no Nordeste, mas que com o golpe foi engavetado. Há portanto uma metalinguagem aqui que não fica somente no tema, mas na própria abordagem aos entrevistados. Coutinho e sua equipe aparecem, interagem com os depoentes de diversas formas fora a entrevista. Eles são protagonistas também dessa busca pelos antigos atores do filme perdido. Atores esses que eram membros da comunidade e líderes camponeses.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em segundo lugar, as consequências da ditadura para o campo não eram tão bem exploradas pelos documentaristas e mesmo pesquisadores acadêmicos. Ao reconstituir a história de todos aqueles que participaram de seu antigo projeto ele evidencia o peso do regime na dissolução de comunidades e de famílias, influenciando mesmo as migrações. A história que começa no interior de Pernambuco passa por diversas localidades do Nordeste e até pelo subúrbio carioca comprovando que talvez a brutalidade da repressão no campo foi um motivo tão forte para o êxodo rural quanto as secas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Para você que cursa História, meu amigo, esse filme, bem como toda obra de Coutinho, são indispensáveis. O cineasta carioca tinha um nítido interesse pelo outro, pela reconstituição de experiências humanas através de evidências (sendo os depoimentos a maior delas). Interesse esse que os historiadores compartilham. Sua obra oferece um importante contraponto ás consagradas narrativas sobre a história recente do Brasil por partir do ponto de vista das pessoas humildes e carentes que povoam o país. Do golpe de 1964 á eleição de Lula em 2003, tudo isso e muito mais pode ser encontrado nas produções desse artista essencial e genial.</div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-33771496983471193152014-03-07T11:38:00.000-08:002014-03-07T13:48:58.642-08:00Surpresas geladas<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://extra.globo.com/incoming/8967574-d04-7c6/w640h360-PROP/mamute-2-AFP.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://extra.globo.com/incoming/8967574-d04-7c6/w640h360-PROP/mamute-2-AFP.JPG" height="180" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">El pequenino mamute.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quase 80% do nosso planeta é feito de água, sendo que boa parte dela se encontra congelada. Muitos acham que as profundezas do mar são o reino de inúmeros mistérios, mas o que dizer do interior das superfícies congeladas? Mamutes congelados já foram encontrados debaixo delas. Recentemente, com o momentâneo degelo dos montes alpinos <a href="http://noticias.seuhistory.com/derretimento-do-gelo-nos-alpes-italianos-revela-mumias-de-soldados-mortos-na-primeira-guerra-mundial">foram revelados corpos de soldados da Primeira Guerra Mundial </a>macabramente preservados. E agora, mais recentemente ainda, <a href="http://noticias.terra.com.br/ciencia/pesquisa/descongelado-virus-gigante-de-30-mil-anos-volta-a-se-tornar-contagioso,926434cc99484410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html">um vírus foi encontrado perto da Rússia</a>. Tão, mas tão bem preservado que bastou aquecerem o gelo para voltar á vida. Os cientistas dizem que ele não é perigoso. E se o que mais tiver debaixo do gelo for? Bem, com o aquecimento global as surpresas devem ser cada vez mais constantes.</div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7121339193972063666.post-79221600508335059712014-03-06T10:51:00.000-08:002014-03-07T13:53:05.996-08:00Igarapé do fim do mundo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbwd8Vg2-e3-SfOcuthm_-OABqrPjjc6gOGypcohMGVO3iW9HEn0yTtPaSvZPyMWIZn6c97FQFqZnTT7VxJv7scMPH17tVt-wCUejJwuscrDO1SmwRf3xn9xt3fdOHfaBXgywuGNSaYI5-/s1600/DSCF0255.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbwd8Vg2-e3-SfOcuthm_-OABqrPjjc6gOGypcohMGVO3iW9HEn0yTtPaSvZPyMWIZn6c97FQFqZnTT7VxJv7scMPH17tVt-wCUejJwuscrDO1SmwRf3xn9xt3fdOHfaBXgywuGNSaYI5-/s1600/DSCF0255.JPG" height="240" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">"Vamos para Presidente Figueiredo nesse domingo?" Vamos. A ideia era ir até Balbina. Saímos umas nove horas da matina. A reta esburacada que seguíamos prometia mais vinte
quilômetros de nada. Já havia passado de meio dia e, portanto, nossos estômagos
ladravam constantemente. Certo de que chegaríamos em Balbina logo, desprezamos
alguns bons restaurantes de beira de estrada.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">“Berro d’água”, dizia a placa, “pousada e [o mais
importante] restaurante”. Cinco reais por pessoa. Não pensamos duas vezes. Dobramos à direita naquele
portão entre dois coqueiros.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12pt;">-Meu amigo, o restaurante ainda tá funcionando?</span></span></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">
</span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O senhor que protegia a entrada feito um gárgula disse: só descer...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Descemos. O caminho começa a ficar estreito.
Continuamos descendo. A mata vai ficando fechada. Ainda descendo. Aparecem mil
buracos. Descemos mais um pouco. As curvas aumentam. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Cantávamos aquela música do Tim Maia sobre guaraná, suco de
caju, sobremesa.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12pt;">Mas já havíamos andado um bom pedaço de chão. As casas
da pousada eram mera lembrança agora. A atual realidade era o mato. De todos os
lados.</span></div>
<div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A cada solavanco Ricardo soltava um sonoro palavrão recheado
de angústia. Bem, eu fingia estar calmo roendo minhas unhas. Décio, crente de
que algum animal nos seguia, vigiava a mata ao nosso redor. Será uma onça?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">-Cara, a gente tá no carro! Relaxa! Onça não pega carro!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">-É, pega ônibus.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><o:p></o:p><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O humor do Ricardo como sempre reconfortante.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">E depois de quase uma hora
de muita tensão e fome avistamos o restaurante! Lacrimejei de emoção<span class="textexposedshow"><span style="background: white; color: #37404e;">. </span></span>Descendo
mais um pouco, um igarapé maravilhoso. </span>Aquelas águas negras convidativas. E em suas margens,
aquelas cabocas mais convidativas ainda. Ricardo foi lá fazer rastreamento.</span></div>
<div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12pt;">Esperamos pacientemente o tambaqui sem espinha, rindo
do sufoco de outrora. As moscas e abelhas visitavam nossa mesa. Uma canção
qualquer sobre dor de cotovelo dominava o ambiente esfumaçado. Quando chegou o peixe, não durou muito. Sumiu em coisa de dois minutos. Sorte que ainda tinha um suprimento fortificado de macaxeira na mesa.</span></span></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">
</span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12pt;">Décio chamou a atenção para o fato das pessoas ali parecerem bem diferentes. Costeletas grandes, aqueles óculos escuros cafonas. Lá fora não tinha um carro novo: só fusquinhas e chevettes. Encontramos um igarapé de hipsters, brinquei. Ou então viajamos no tempo, completou Ricardo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12pt;">Mas uma sombra foi encobrindo tudo. Uma tempestade estava vindo. E já estava mesmo na hora de voltarmos. Entramos no carro e subimos o caminho do medo. Quando saímos da mata o céu estava totalmente diferente. Nada de nuvens, nem vento. Na entrada, outro velho. Notei que estava vestindo uma camisa da Beija Flor de Nilópolis do carnaval de 2014 homenageando o Boni. Não seria nada de mais, não fosse o fato de que estávamos em junho de 2013.</span></span></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">
</span></div>
<div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">-Bacana, esse cara é o Boni?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">-Sim, aquele cara da Globo que morreu...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">-Morreu?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">-Sim, já faz uns sete anos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Bem, não andamos antenado com o mundo dos famosos. Mas como um cara em
Presidente Figueiredo conseguiu uma camisa do carnaval de 2014?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">-Um amigo meu me mandou lá do Rio já tem um tempo...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">-Um tempo? Meu amigo, você me desculpe mas até tá parecendo que fomos mandados pro futuro... Só por
desencargo de consciência, quem é o presidente do Brasil agora?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">-Ué, o Bolsonaro!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Puta que par...</span></div>
</div>
Vinicius A. Amaralhttp://www.blogger.com/profile/06023288375032973421noreply@blogger.com0