quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O ideal e o real na sala de aula.


Beber com os amigos, que alegria! Ainda mais quando é dia de jogo e não é o meu time que está perdendo. A propósito, minhas condolências ao Vasco, depois da surra do São Paulo.
Essa quarta feira foi cheia para mim. Cheia e molhada. Caiu um baita temporal na parte da tarde, justamente no momento em que saio de casa. Mas nem esquento, já é de práxis. São Pedro tem algo contra mim, eu sei.
Depois de bater um papo legal com os amigos na faculdade, fomos molhar a garganta. Nada de novo a não se o fato de que a companhia é nova. Novos amigos, novos papos. Um deles era exatamente sobre o objetivo da educação. Educar é transformar ou é libertar? Transformar pode ter um lado positivo e outro negativo, assim como libertar: libertar da ignorância ou libertar da inquietação?
Acredito que educar seja ambos. Transformar para libertar. O objetivo dos educadores é sempre formar cidadãos autonomos, já falamos disso aqui. Autonomia em que sentido? Estamos educando sujeitos para criar neles um espírito ainda um tanto iluminista, de que o esclarecimento resolverá todos nossos problemas?
São perguntas que sempre me aquietam.
Em nossas aulas ouvimos falar muito em "utopia transformadora". O que é isso? Seria a concepção de ensino como responsável por transformar o mundo. O professor de História, principalmente ele por causa da natureza da sua disciplina, teria então o dever de ajudar a mudar a triste situação do mundo a nossa volta através do ensino que nada mais seria que a criação de um espírito crítico nos alunos.
Quais as minhas ressalvas? Pode o pensamento crítico resolver tudo? Creio que não, ainda assim ele é um passo importantíssimo em direção a um mundo diferente. Podemos construir um mundo diferente? Sim, claro que podemos, mas o professor sozinho não consegue fazê-lo, daí a sua atuação ao lado de diversos grupos sociais que não somente os alunos. Vamos conseguir isso, dada a situação da educação brasileira?  Dificilmente, mas o que importa é continuar tentando. De uma coisa sei: a inércia não leva a nada.
A observação que tenho a fazer nessa quarta chuvosa é que a universidade, em se tratando das licenciaturas, procura dialogar com essa realidade e com o ideal. Claro, a realidade sempre desponta como predominante, mas a falta de um objetivo claro e, por que não, idealista faz com que todo nosso trabalho perca seu sentido. Sabemos que corremos o risco de transformar os alunos não em autonomos, mas seguidores de certa corrente de pensamento (do professor, por exemplo,  se o seu carisma for grande). Sabemos que a crença da educação redentora pode nos desviar de outras soluções pra nossos problemas estruturais. Mas ainda assim temos de seguir um ideal de certa maneira romântico porque esse "pequeno detalhe" faz uma diferença enorme no nosso cotidiano escolar. Até que enfim compreendo a grande contradição das disciplinas didáticas e pedagógicas ensinadas nas universidades - que nos estimulam inicialmente, mas que após o contato real com o estágio nos desencorajam - que é justamente isso: dar sentido a um trabalho importante. O ideal não é algo passível de ser realizado, parece óbvio, mas de ser perseguido. A procura por tentar imitar esse ideal é que cria mudanças no nível do real.
Espero que tenham entendido. Se não entenderam não me culpem, culpem o álcool.

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