segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Assim caminha Manaus...

Foto: Raphael Alves/ A Crítica.

Domingo o Brasil mudou. Se pra melhor ou pra pior é difícil dizer. Em Manaus a perspectiva não é das melhores. Há poucos minutos do resultado da apuração sobre os candidatos á prefeitura, Reizo Castelo Branco (PTB) já era tido como eleito por nada mais que 18 mil votos.
Os comentários que mais vi no Facebook foram: "Como isso pôde acontecer?" "Eu não entendo mais nada!" "Nessas horas dá vontade de sumir daqui de tanta vergonha".
Eu acho esse fato perfeitamente compreensível: o clientelismo ainda tá vivinho. A Zona Leste é uma das áreas mais beneficiadas pelo clã Castelo Branco, assim como o Educandos está para Bosco Saraiva. As obras, as cestas básicas, tudo, são o preço pelo voto dos moradores.
A função do vereador e do prefeito é justamente de melhorar a condição de vida dos cidadãos de sua cidade, mas não de forma paliativa como esses políticos tem feito, mas de forma profunda e eficiente. Assistencialismo ameniza, mas não resolve o problema. Sendo que há mais de 40 anos estamos adiando a solução. O assistencialismo tem agido como o barro que se coloca nos buracos nas ruas da cidade: não atrapalha, mas também não ajuda.
Foto: Anderson Silva/ G1.

Há ainda outro ponto: a disputa eleitoral para prefeito chegou ao impasse que será resolvido nas eleições de segundo turno. Entre Artur Neto (PSDB) e Vanessa Graziottin (PC do B), o povo se divide. Vanessa não parece estar preparada para o cargo, percebe-se pela sua campanha e seus discursos, apoiando-se geralmente em sua amizade com os governadores e a presidente. Artur esbanja personalidade própria, ainda que beire a demagogia e o ridículo, e tem ao seu lado a experiência. Arrisco dizer que ele ganhará.
Revelo que não simpatizo com esse candidato por dois motivos: primeiro por se posicionar como um paladino da Justiça e da Ética, sendo que até hoje não explicou os gastos de seu assistente no exterior quando ainda era senador, tampouco a sua aliança com ninguém menos que Amazonino Mendes. Em outras palavras, o considero um fanfarrão. Em segundo lugar, suas propostas podem ser ótimas para a iniciativa privada, mas não as enxergo contemplando os problemas essenciais da cidade de forma satisfatória. Parece que o PSDB em alguns aspectos (afinal, todo partido é plural e conserva elementos discordantes em seu bojo) confunde políticas sociais com assistencialismo.
Vanessa, por outro lado, defende que acolherá os movimentos sociais em seu governo. Estamos falando de cooptação. Assim como fez ao se batizar para atrair o eleitorado evangélico. Entramos de novo no papo do clientelismo. As questões como habitação e miséria poderiam ser tratadas de forma mais branda por seu governo, mas pendendo pra politicagem. Assim temos uma situação difícil em se tratando de questões sociais: ou oito ou oitenta. 
Outra coisa que considero um problema essencial é a forma como a prefeitura lidará com as transformações exigidas pela FIFA. Não creio que Artur, por mais que diga que tem pulso firme, irá combater medidas abusivas adotadas por causa da Copa. Muito menos Vanessa. Parece que falar mau da Copa é equivalente a um pecado político. Ou se está do seu lado ou contra, e os poucos que escolhem a última opção caem no ostracismo.
Resumindo, se pudesse, votaria nulo. Não por que assim fujo do dilema de escolher pelo menos pior - isso faço desde sempre, afinal, estamos no Brasil - mas por que não quero ser conivente com o sucateamento de Manaus e a continuação desse coronelismo velado. Ainda assim acho que voto nulo é muito pouco. Independente da minha decisão, alguém sairá eleito. Quem quer que seja deverá ser cobrado constantemente. Falo em pressionar nossos representantes, um dos nossos deveres, dos mais esquecidos. Mas pressionar não só no sentido de ganhar uma casa ou um emprego, mas de ajudar no bem estar da coletividade, afinal a cidade somos nós.

Enxergo muita gente indignada com o resultado do pleito. Mas indignação sem ação não leva a lugar nenhum. Espero que essa indignação continue nos acompanhando, só assim aplicaremos nosso dever de fiscalização. Parece clichê, mas precisamos de mais compromisso. 
Domingo o Brasil mudou, é inegável. No rank dos partidos que mais conquistaram prefeituras estão, até o momento, o PMDB (511), PSDB (395), PT (293) e PP (244). Em Manaus, os candidatos a prefeitura, com exceção de Henrique Oliveira e Jerônimo Maranhão, são velhas raposas. Políticos que pouco se reinventaram, mas ainda assim estão aí. Apesar das estatísticas apontarem que 55% da Câmara Municipal foi renovada, a sensação que se tem é de que pouca coisa mudou. 

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