sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O trabalhador das palavras


Quem vê pensa: escrever é muito fácil, pra quem domina essa arte. Na realidade, escrever é um ofício tortuoso. Não é alguém que domina essa arte que está falando, mas um simples observador.
O brasileiro é o povo da oralidade, por isso enxerga a escrita com um certo estranhamento. Como se fosse algo exótico e ao mesmo tempo louvável, sagrado. E os escritores seriam os sacerdotes dessa religião das palavras, dedicando sua vida integralmente á caneta e o papel.
Não é bem assim. Ninguém nasce escritor. Sim, existem pessoas que tem vocação, mas o segredo pra escrever bem não está em uma disposição genética ou espiritual  dos autores e sim na prática. Só se aprende a escrever, escrevendo.
Por isso Alejandro Jodorowsky, artista chileno multimídia, escreve tudo que lhe vêem á cabeça. Os surrealistas também faziam isso, chamavam-na de escrita automática. Não só escreviam o que lhe aconteciam, mas o que sonhavam. Jack Kerouac e Graham Greene, escritores tão diferentes entre si, também faziam coisas do tipo.
Sonhavam genialidades? Não, salvou uma ou outra loucura se mostrava grandiosa, mas o resto... Por que isso então? Trata-se de exercitar a escrita e a criatividade. Para se falar de algo é preciso antes saber do que se está falando. Um escritor trabalha muito antes de produzir um livro. O ritmo de transformação da imaginação em palavras pode diferir para muitos, mas há de se reconhecer que é um processo muito do trabalhoso.
Considero como gênio aquele que, esse sim, cria algo do nada. Aquela pessoa que não trabalha sua criatividade, pelo contrário, ela trabalha para ele, fornecendo insights e epifanias periodicamente. Sim, periodicamente. Até os gênios não são geniais 24 h por dia.

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