sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Há negociação sem diálogo?


Já fazem mais de três meses que as universidades federais estão em greve. Aliás, a atitude destes funcionários influenciou outras categorias a fazer o mesmo, caso, por exemplo dos caminhoneiros que tiveram suas reivindicações atendidas na mesma semana em que iniciaram a paralisação.
Por que a demora em se resolver esse impasse? Concordo com a análise de Hugo de Albuquerque de que a resposta está numa recusa e num egoísmo. Primeiro, a atitude do governo de Dilma de não se mostrar flexível á pressões e que tenta se justificar utilizando a desculpa da reserva econômica para uma crise mundial. Segundo, o corporativismo dos funcionários das universidades federais que apenas reivindicam uma melhora individual, de sua categoria, não estendendo seus pedidos á melhoria da educação como um todo. Reconheçamos que suas dificuldades são encontradas em quase todos os setores da educação pública, seja de ensino superior ou não, de universidades federais ou estaduais ou mesmo particulares. Então, se temos o mesmo problema, por que não nos reunirmos para chegarmos á uma solução?
E o povo parece ficar flutuando no meio desse embate, porque não entende a demorada recusa do governo e não se simpatiza com a pauta dos grevistas, já que o mundo acadêmico está mais distante de sua realidade.
Apoio a greve sim, mas por conta da proposta de melhoria qualitativa da educação que ela propõe. Mas não da forma limitada como muitos de seus líderes coloca a questão: uma melhoria qualitativa dentro e fora das universidades federais. Vamos estender essa preocupação com planos de carreira para os demais profissionais da educação. Já mencionei aqui em outra oportunidade a vitória dos professores mineiros ano passado justamente por contar com o apoio da população e propostas mais abrangentes.
Penso que mudar o status desse confronto, um verdadeiro diálogo de surdos, não passa por abandonar essa causa, mas por tentar minar os argumentos maniqueístas dos dois lados. Vamos lutar pela educação? Beleza, mas não nos apeguemos no puro ataque ao adversário. Cuidemos para que sejamos claros e conscientes do que propomos e de como atingiremos nosso propósito.

Recomendo a leitura do artigo muito bem escrito e pensado de Hugo de Albuquerque, com uma das análises mais lúcidas que já vi sobre esse movimento: Greve nas Federais: A (In)potência do não e o corporativismo.

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