sábado, 17 de dezembro de 2011

Jongos, Calangos e Folias

Zanzando pela internet me deparei com esse excelente documentário de Hebe Mattos e Martha Abreu (ambas da Universidade Federal Fluminense) sobre manifestações culturais negras no Vale do Paraíba fluminense.
O nome do documentário é Jongos, Calangos e Folias: Música Negra, Memória e Poesia (2005). Postei aqui no blog o começo do vídeo, mas quem quiser vê-lo na íntegra é só dar uma passadinha aqui 


Para quem não sabe:
Jongo - É uma dança de origem angolana fortemente rural que gira em torno da improvisação e da advinhação. É considerado por muitos como o avô do samba, por causa de seu ritmo. O bairro de Madureira, no Rio de Janeiro, após a Abolição, foi um grande centro de jongos. A Escola de Samba Império Serrano foi fundada por jongueiros do Morro da Serrinha. Hoje os principais centros de jongos se encontram no Vale do Paraíba Fluminense (no lado paulista temos Guaratinguetá e Lagoinha também) e no interior de  Minas Gerais onde também são conhecidos como Caxambu (nome do tambor usado na dança).

Calango - Além de ser o nome de um lagarto, é também o nome de uma dança onde os pares dançam arrastando o pé, como o lagarto, enquanto dois cantadores, como os repentistas nordestinos, se desafiam com suas rimas. Também é muito presente na Baixada Fluminense, embora se fale nessa dança em todo o país, mas com variações profundas (em alguns lugares, calango pode ser o nome genérico para bailes, por exemplo).

Folia de reis ou reisado - A encenação da visita dos três reis magos ao menino Jesus pode ser de origem portuguesa, mas é sob a influência africana que ela ganha contornos mais coloridos e musicais. A festa basicamente começa no dia 6 de janeiro, com os reis magos e sua banda visitando todas as casas do bairro. Em cada casa, uma canção pela hospitalidade do dono em recebê-los e outra como despedida
Obs: Quando criança, a figura dos reis magos para mim só era menos assustadora que a dos bate-bolas. O motivo era a máscara toda tosca e os passos meio caóticos. Pensava que eram monstros. Eles chegavam em casa, comiam um pãozinho e bebiam um café e a banda tocando. Eu me danava a chorar. Coisas da infância, né?

Congada - Algumas são representações da batalha de Carlos Magno contra os mouros, outras histórias sobre São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, mas existe uma terceira versão que fala sobre a vida de Chico Rei, um monarca do Congo escravizado e levado á Minas Gerais, mas que consegue juntar ouro e compra sua liberdade. Já ouvi falarem de congadas onde se representa a guerra do rei do Congo, convertido ao cristianismo, contra as tribos pagãs. Das congadas nasceram os maracatus, que são festas mais coloridas e frenéticas, sem um roteiro certo. Basicamente, no maracatu, os foliões dançam em homenagem ao rei do Congo. A parte falada foi sumindo aos poucos da dança.

Vale ressaltar que a maioria dessas danças folclóricas de origem negra são rurais e possuem quase os mesmos instrumentos (tambores como o caxambu e o alfaia, chocalhos como o ganzá, triângulo, sanfona, etc.) Com a urbanização muitas dessas danças perderam sua força, mas não quer dizer que estejam a ponto de estarem extintas. A UFF vem promovendo desde 1996 Encontros de Jongueiros, enquanto na cidade capixaba de Muqui são organizadas festas de grupos de reisado nacionais, só para ficarmos em dois exemplos.

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