sábado, 17 de dezembro de 2011

Ensinar ou pesquisar: eis a questão!


O ano-novo traz novas esperanças também para os estudantes de História, afinal o projeto de lei que regulamenta a profissionalização do historiador está em vias de ser aprovado. Esta decisão me deixa feliz, claro, mas também preocupado. Há mercado de trabalho para o historiador, ou seja, para o pesquisador especializado? Na certa há, mas muito pouco. As fundações de amparo á pesquisa espalhadas pelo país estão aí para provar isso.
Queira ou não, todo historiador tem de passar pela sala de aula. Sabemos de professores que se desdobram em inúmeras escolas só para cumprir seu turno de horista, embora desejem um tempo livre para pesquisar. A realidade é que o ensino ainda é o destino da maioria dos formados em História.
E isso é um problema? Não, o problema é como enxergamos essa realidade. Marlene Cainelli nos alerta para uma falsa oposição entre ensino e pesquisa que reside nas faculdades brasileiras.Essa oposição acredita que não se pode ser um bom pesquisador e um bom professor ao mesmo tempo e que a pesquisa é um espaço mais nobre do ofício justamente por produzir o conhecimento, por refletir.
É uma falsa oposição porque um professor pode sim dominar os instrumentos de pesquisa histórica. As duas esferas não se distanciam, mas se complementam. É preciso produzir conhecimento, mas guardá-lo nas prateleiras da academia é uma atitude fatalmente anti-crítica, contrária á expansão da reflexão. Produzir conhecimento deve vir acompanhado de meios de traduzi-lo para públicos maiores, sem desvirtuá-lo totalmente.
Essa dicotomia pode ter nascido da mentalidade tradicional que se tinha sobre o professor, visto como o dono do conhecimento que iria vomitar todo o conteúdo na cabeça de seus alunos. Essa falta de reflexão sobre o ensino, a didática, pode ter se unido á uma condição histórica: o papel de oposição velada ao regime militar que os cursos de pós-graduação em História adotaram. A pesquisa era valorizada, como forma de revelar uma visão mais realista da história do país e criticar os rumos que ele vinha tomando. São dois motivos, elencados por Cainelli, para tal distância entre ensino e pesquisa.
Aproveitemos essa discussão suscitada por tal medida para repensarmos não somente sobre o futuro mercado de trabalho do historiador, mas também sobre as tensões entre ensino e pesquisa e como superá-las.

Um comentário:

  1. Sabe é muito complicado... eu sou uma total apaixonada por história, fascinamente todo o passado, nomeadamente a epoca renascentista da europa... mas as poucas saidas profissonais enquanto historiadora e professora de historia, são sem duvida o meu mior obstaculo para seguir essa carreira...
    As pessoas subestimam demasiado a história, não se interessam e vivem demasiado no presente, e acabam sempre se esquecendo que sem a história não seriamos nada...
    É complicado entrar num mundo onde é muito dificil conseguir fazer algo... talvez um dia consiga-se que as pessoas deêm o verdadeiro valor que ela percisa, mas acho que só a prazer de descobrir cada promenor fascinante das epocas antigas onde pouco se sabe, vale a pena toda a luta, não é?
    Bjs

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