quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A Operação Historiográfica I

"O que fabrica o historiador quando 'faz história'? Para quem trabalha? Que produz?" Essas são as perguntas que abrem o interessante capítulo A Operação Historiográfica do livro A Escrita da História de Michel de Certeau. Esse é um texto quase que obrigatório á todo aquele estudioso da historiografia. Analisaremos aqui nos próximos posts as reflexões propostas por Certeau.

Primeiro, falemos um pouco sobre o autor: Michel de Certeau (1925-1986) era um intelectual francês de formação muito eclética. Se graudou em Filosofia, ingressou na Companhia de Jesus e obteve doutoramento em Teologia. Já participava dos círculos intelectuais de Paris desde a década de 1950, mas só alcança destaque com artigos sobre o movimento estudantil de Maio de 1968. Simpatiza com os filósofos e historiadores que surgiram na década de 1970 na França que fizeram uma crítica á neutralidade de ciência, como Michel Foucault e Paul Veyne, dentre outros. Os campos de Certeau eram basicamente a História, a Psicanálise e a Sociologia. No livro em questão, A Escrita da História, há sempre um quê de Psicanálise em suas proposições. Por exemplo, quando diz que o historiador também interage com o Outro (entidade psicológica diferente do Eu, externa á ele), seja ele na forma do passado, do leitor ou da própria morte.
[Para mais informações sobre o pensamento de Certeau, dê uma olhadinha aqui]
Vamos ao capítulo propriamente dito: aqui Certeau expõe sua tese de que todo estudo de história é condicionado por três esferas, além do contexto em que foi criado. Que esferas são essas? O lugar social onde o historiador está inserido, as práticas científicas de que dispõem e o modo como apresenta o resultado de sua pesquisa (a escrita).
Estas esferas serão abordadas no decorrer desse capítulo guiadas sempre pela percepção historicista (no sentido de reconhecer que todas elas estão sujeitas ao devir histórico) e psicanalítica (sempre antenada na relação entre o conhecimento histórico e o Outro) de Certeau. Ao final, o filósofo acaba por fazer um exercício de epistemologia muito interessante e muito original. Veremos uma por uma essas esferas aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário