sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ainda sobre o 7 de Setembro

Ontem na sala de aula, discutimos o sentido que o Sete de Setembro adquiriu em nossos tempos.
A data simboliza a nossa independência em relação á Portugal, por isso é tomada como data de nascimento do Brasil enquanto Estado nacional. É uma data cívica, portanto.
O que consideramos como civismo? Referimo-nos á civismo como um conjunto de práticas que versem sobre nosso sentimento de patriotismo, de pertencer á uma nação.
Acontece que o civismo foi utilizado como ideologia, principalmente no século XX. Com isso achamos que civismo ou patriotismo se resume á uma série de práticas. A marcha, por exemplo.
Quem inaugura os desfiles de Sete de Setembro como conhecemos hoje? Getúlio Vargas na década de 1930, como forma de taxar seu governo de nacionalista e esconder suas ações autoritárias.Quem reatualiza essa prática? Os governos militares.
O desfile pelo desfile, ou seja, o desfile como um fim em si mesmo, acaba com o civismo. Poderíamos estar fazendo coisas muito mais úteis e pontuais por nosso país. Poderíamos fazer algo para pressionar o governo, para acabar com a corrupção, por exemplo. Nesse sentido acho o Grito dos Excluídos, um evento que ocorre em todo país promovido pela CNBB e diversos movimentos sociais para exigir uma política menos corrupta e condições de vida melhores, uma alternativa interessante para se comemorar a Semana da Pátria.
Esse ano, o Grito dos Excluídos ocorreu em Manaus na Avenida Constantino Nery e reuniu 3 mil pessoas. As exigências feitas foram com relação ás mudanças que a Copa de 2014 podem acarretar para a cidade. A intenção não é impedi-las, mas alertar sobre os riscos ao meio ambiente e á sociedade local se elas não forem executadas com cuidado.
Isso é interessante porque demonstra que o civismo é uma estrada de mão dupla. Afinal, o princípio da cidadania é de que o cidadão tem direitos e deveres. E o princípio da soberania de uma nação é de que ela reside em seu povo, no seu conjunto de cidadãos. O que lamento é que exercitamos nosso direitos e deveres apenas em ocasiões especiais ou muito raras, mas exercitá-los já é um grande passo.

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