sábado, 11 de junho de 2011

Revolução?

Há alguns dias surgiu um debate em sala de aula sobre um termo muito utilizado em História: revolução.
Estávamos falando dos movimentos tenentistas e da chegada de Getúlio Vargas ao poder. A tentativa de golpe pelos tenentes em São Paulo e em Manaus, em 1924, pode ser entendida como uma revolução ou como uma rebelião? E o movimento de 1930?
O que entendemos por revolução? Revolução é todo movimento que impõe uma nova ordem social. Revolta ou rebelião é algo menos total e globalizante, geralmente um movimento que visa destruir um ponto específico da ordem social com o qual não concorda. Reforma, por sua vez, pode se entendida como uma tentativa de aperfeiçoar regimes ou sistemas, promover uma renovação. É o velho "renovar para não mudar".
O tenentismo, portanto, não pode ser encarado como um movimento revolucionário, pois suas ações não conseguiram romper com o sistema político contra o qual lutavam: a República Velha. Mesmo onde conseguiram chegar ao poder, como foi o caso de Manaus, não criaram um novo tipo de regime: seu objetivo não era governar, mas continuar a marcha até a capital federal. Mas mesmo assim fizeram medidas inovadoras para a época e para a região, como a transparência pública através da imprensa e a redistribuição de renda (ainda que não fosse para toda população) através do Tributo da Plebe.
E na proposta: eles eram revolucionários? A proposta dos tenentistas era acabar com a política oligárquica que vigorava na época e instituir uma política saneadora, moral e patriótica, tendo os militares á frente. Assim, ela pode ser entendida como uma ruptura, uma posição mais radical, visto que outro grande opositor da política do café-com-leite, o bloco de oligarquias menores que não participavam tanto da política nacional (Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul - que ficou conhecido como Reação Republicana) não queriam destruir a república das oligarquias, mas apenas entrar no jogo também.
Os tenentes acreditavam que a República tinha se desviado de seu objetivo quando Floriano entregou o poder á um civil, um representante dos fazendeiros paulistas: Prudente de Moraes. Desde então o governo tem sido usado á favor das oligarquias e o Exército se tornou uma espécie de "jagunço" deles. A solução passava por um governo militar, centralizador e moralizante.
Por que não conseguiram? Simples. Os tenentes não tinham apoio do alto escalão do Exército, que se encontravam acomodados, nem da Reação Republicana (que incitou o conflito entre civis e militares principalmente através do episódio das Cartas Falsas, onde fabricaram cartas atribuídas ao presidente Artur Bernardes no qual se insultava os militares), que decidiu acabar com a sua campanha, com medo de retaliação do governo federal. Assim, o movimento tenentista não conseguiu ir além de uma revolta. Se ele tivesse contado com apoio teria feito então uma revolução? Quem sabe! Mas a história não é feita de "e se"s, especular é algo sempre perigoso á um historiador.

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