domingo, 1 de maio de 2011

Um país tropical e pacífico...

José Honório Rodrigues
É uma das teses do historiador José Honório Rodrigues de que no Brasil a conciliação sempre engole os sopros de radicalismo. É a tese de contra-revolução permanente. Assim foi com a Revolução Praieira, a Cabanagem, a Sabinada e etc. Ou o governo as reprimia rigorosamente ou era transformada por seus setores menos radicais em algo totalmente diferente do que se propunha. (Um bom exemplo pode ser a Cabanagem, onde uma espécie de elite se apoderou da revolta e administrou o governo revolucionário de uma maneira nada revolucionária).

Esse paradigma contra-revolucionário, por sua vez, não impediu que o Brasil se visse no meio de guerras sangrentas como as que eclodiram durante a Independência no Nordeste e as revoltas do período regencial em todo o país. Esse começo turbulento de nossa independência, aliás, fez com que nossa monarquia desenvolvesse um trauma com qualquer tipo de revolta do tipo, daí a repressão e o centralismo ser palavra de ordem no Segundo Reinado. Talvez essa paranóia seja a maior responsável por essa atitude reacionária.
O Brasil, então, teve revoluções realmente? Entendemos como revolução um movimento no qual toda uma ordem social é mudada. Assim sendo, no Brasil poucas foram as revoluções - segundo Raymundo Faoro, os donos do poder sempre estiveram no poder nesses 500 anos. Seu maior truque seria continuar no poder, mesmo com as trocas de regime.
Sérgio Buarque de Hollanda
Sérgio Buarque de Hollanda considera, em Raízes do Brasil, como nossa verdadeira revolução a abolição. Por que? Com ela o Brasil começou a entrar no mundo capitalista moderno. A escravidão saia de cena, entrava o trabalho assalariado livre; o latifúndio deixava de ser principal fonte de riqueza, para as indústrias assumirem esse posto. Essas transformações mudariam a estrutura social do Brasil: o paternalismo, o patrimonialismo e a cordialidade, traços que impedem o Brasil de ser moderno, estariam sofrendo seu primeiro golpe. Esse seria um passo para, no futuro, sermos um país democrático.
Mas essa é a leitura liberal de Sérgio Buarque de Hollanda, para o qual o Brasil deveria adotar os príncipios da modernidade, ou seja, adotar os mesmos passos adotados pela Europa para se modernizar (era comum na primeira metade do século XX, entre marxistas ou não, a idéia de que o caminho para a modernização era único e podia ser encontrado na história da Europa).

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