sábado, 30 de abril de 2011

Outro poema sobre o tempo

O Lugar
Efraim Amazonas



As traças consomem-se

no armário do quarto

a sala aberta

Foto: Cristiano Mascaro.
e visitada pelos fantasmas diurnos

que os mortos espiam.

 
Todos os parentes

se vão

Inquietos.

Só resta a mobília rija

as gualdras imóveis

nas gavetas. O olor

no fundo dos livros.



Os jornais permanecem

intactos

com suas folhas amarelas

e as notícias nunca sentidas.

Agora
todas vães.


Os passos se encaminham

para os fundos

onde o quintal

estende seu campo neutro

e as árvores exibem

Abóbadas cansadas.



Os muros esculpidos

por entes selvagens

titubeiam

Sua força escassa.



A voz

salta nos âmbitos

inunda-se das mortes

sujas nas paredes.

Agarça implume

voa a desgraça estreita

repartida nos cantos.



De quem é a certeza

desses frutos

que frios adormecem na calçada?



Movem-se as prensas imaginárias.

Outra vez a ferrugem

espanta-se nas fendas.


 
Os anos dos anos

decaem

impossíveis.

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