segunda-feira, 2 de maio de 2011

Conhecer ou não conhecer: eis a questão!


John Locke

Naquele período que se convencionou chamar de Idade Moderna, a filosofia ocidental se confunde com teoria do conhecimento. Por quê? Descobertas científicas como a de Copérnico ou mesmo as de Galileu, unidas á um resgate do conhecimento greco-romano (através do Renascimento) abalam um pouco as certezas de todos. A maior certeza era Deus na Idade Média e o conhecimento era tido como revelado, uma vez que a filosofia se confundia com a religião católica. Agora, no entanto, estas certezas são abaladas, mas não demolidas.



René Descartes
 
As perguntas que surgem na cabeça dos pensadores são: o que é conhecimento? Podemos alcançar a verdade? Elas são respondidas de formas diferentes. Para Descartes, a verdade pode ser alcançada através da dúvida metódica (o questionamento de tudo). A única coisa que não pode ser questionada é nossa existência, uma vez que se estamos pensando nisso é sinal de que existimos ("penso, logo existo", se lembra?). Para Locke, o conhecimento não é inato, não nascemos com ele, nós conhecemos através de nossos sentidos. Nossa experiência nos faz conhecedores das coisas. Estas duas posições tinham em comum apenas o conceito de conhecimento: este era tido como a relação entre um sujeito que quer conhecer e um objeto a ser conhecido. Até hoje essa definição continua.

Immanuel Kant
Então vem o Iluminismo, onde a razão se torna quase uma entidade divina. A confiança na razão e no discernimento é tanta que muitos, como Condorcet, escrevem trabalhos de história do progresso humano e ainda fazem algumas previsões se a Razão ganhar das forças obscuras do Antigo Regime e da Igreja Católica (previsões otimistas, claro!). Nessa época, Kant aparece com seu livro Crítica da Razão Pura onde, dentre outras reflexões, propõe que haja um equilíbrio entre o empirismo e o racionalismo: as experiêcias são importantes para o conhecimento, mas sozinhas não dizem nada, é preciso o discernimento para conectá-las á conclusões e este sem o mundo concreto é apenas especulação. O conhecimento é construído, segundo Kant, com as relações feitas entre os sentidos e os pensamentos. Essa sua opinião ficou conhecida mais tarde como apriorismo.

Há ainda posições sobre o conhecimento que permancem até hoje, como o dogmatismo (crença em algo sem pensar duas vezes) ou o ceticismo (a crença de que não se pode conhecer nada, devido á nossa subjetividade). Como isso afeta a História? Ora, como podemos conhecer algo que não existe mais? As posições sobre a possibilidade de conhecer a história foram diversas com o decorrer do tempo. Quando a História se fez ciência com os positivistas, estes acreditavam que a história poderia ser alcançada sim com os métodos científicos - todos eles próprios das ciências naturais. O marxismo acreditava, de certa forma, no apriorismo e concebia o conhecimento histórico como algo que só podia ser atingido parcialmente. O pós-modernismo, contudo, considera impossível o conhecimento histórico, uma vez que estamos cheios de pontos de vistas (discursos encontrados tanto nas fontes como no próprio historiador que as trabalha) atrapalhando o alcance da verdade. Por isso, estes historiadores concebem a história não mais como ciência, mas uma forma de ficção, uma espécie de literatura.
Embora muito tenha se pesquisado e falado nesses últimos cinco séculos, o debate ainda está longe de acabar quando se trata de conhecimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário