Há um tempo atrás discutia com meu amigo Maurílio Sayão essa contradição que podemos observar em muitos professores de História que pregam a interdisciplinaridade, mas desvalorizam estudos históricos feitos por profissionais de outras disciplinas.
Ora, as maiores contribuições á historiografia não vieram pelas mãos de historiadores, mas por de geógrafos, escritores, economistas, políticos, antropólogos e até autodidatas. O historiador, apesar de não parecer, é uma profissão muito recente (afinal a história só foi reconhecida como ciência na segunda metade do século XIX). As universidades estão tentando consolidar essa imagem do profissional de história, principalmente enquanto pesquisador.
A interdisciplinaridade na prática é pouco utilizada: o diálogo com outras disciplinas muitas vezes não ocorre por causa dessa paranóia do historiador ou pela falta de incentivo dos departamentos universitários.
A proposta da interdisciplinaridade é antiga e foi divulgada mundialmente pelos membros da Escola dos Annales. Para eles, o diálogo entre os diversos tipos de conhecimento ajudaria a fornecer um painel mais completo da realidade histórica, em outras palavras, todas essas disciplinas ajudariam a formar uma história total. Muitos historiadores, entretanto, tem medo de abraçar a causa da interdisciplinaridade com medo de que a história se dilua tanto em outros saberes que acabe se transformando em tudo menos em história. Medo, aliás, racional e possível, mas que pode ser superado com uma boa dose de sensatez e esclarecimento.
O historiador deve ser desconfiado, principalmente quando se trata de fontes, mas não chegar ao ponto de ser paranóico e mesmo xenófobo em relação á material produzido por outros profissionais. O historiador tem de desconfiar de todo tipo de fonte e não só daquela que não é feita por historiadores.
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