Habitante de Samoa. |
Tuiávii era um líder de uma aldeia no Arquipélago de Samoa, no Oceano Pacífico, quando decidiu fazer uma viagem á Europa, pouco antes da Primeira Guerra Mundial. Quando voltou á Tiavéia, sua aldeia, suas impressões foram transformadas em livro pelo antropólogo Erich Sheurmann. Livro esse que guarda suas pontuais observações sobre o mundo do Papalágui (nome dado aos homens brancos na aldeia de Tiavéia e também título do tal livro). Vejamos sua observação sobre a relação entre o Papalágui e o tempo:
O Papalagui emprega todas as suas forças, bem como a sua capacidade de raciocínio, em tentar ganhar tempo. Utiliza a água, o fogo, a tempestade e os relâmpagos para parar o tempo. Põe rodas de ferro nos pés e dá asas às palavras, só para ganhar tempo. E porquê tanta canseira? Como é que o Papalagui emprega o seu tempo? Nunca percebi muito bem, embora, pelos seus gestos e palavras, sempre me tivesse dado a impressão de alguém que o Grande Espírito tivesse convidado para um fono.
A meu ver, é precisamente por o Papalagui tentar reter o tempo com as mãos, que ele se lhe escapa por entre os dedos, como uma serpente por mão molhada. O Papalagui nunca deixa que ele venha ao seu encontro. Corre sempre atrás dele de braços estendidos, não lhe concede o repouso necessário, não o deixa apanhar um pouco de sol. Tem que ter sempre o tempo ao pé de si, para lhe cantar ou contar qualquer coisa. Mas o tempo é calma, é paz e sossego, gosta de nos ver descansar, estendidos na nossa esteira. O Papalagui não se apercebeu ainda do que o tempo é, não o compreendeu. E por isso que o maltrata, com os seus modos rudes.
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