Hoje comemora-se os 129 anos de Monteiro Lobato. Já falamos muitas vezes aqui nesse blog sobre esse escritor tão polêmico.
O que mais tem se falado ultimamente é sobre suas idéias raciais (sua simpatia com os métodos eugênicos norte-americanos, por exemplo) e seus preconceitos. Monteiro Lobato era racista? Sim, mas ainda assim prefiro a expressão "fruto de seu tempo". Afinal, ele nasceu num contexto patriarcal, escravocrata e provinciano. Mas era um rebelde. Seu espírito combativo e iconoclasta não cabia na pequena cidade em que nasceu. Ele aspirava ao cosmopolitismo que a capital paulista poderia lhe oferecer e lhe ofereceu realmente. Lá suas idéias e opiniões floresceriam.
Penso que Taubaté foi uma espécie de eterna interlocutora em sua obra. Lá ele via o caipira, o bacharelismo, o latifúndio, o provincianismo, tudo aquilo que ele acreditava que deveria ser combatido para se criar um país desenvolvido, tal qual o EUA. Curioso que mesmo assim ele não conseguiu se livrar das amarras de sua origem: por mais que tenha criticado tudo o que lhe impedia de crescer (e de fazer o Brasil crescer, de certa forma), Lobato ainda carregava um pouco desse "mundo arcaico" dentro de si - o maior exemplo, com certeza, está nesse seu ranço racista.
Lobato é um homem, como todos nós, com seus méritos e suas limitações. Ser um dos pioneiros na editoração de livros e da campanha da nacionalização do petróleo e um dos maiores nomes da literatura infantil nacional não deve apagar esse lado, nem vice-versa. Estes lados devem se complementar, só assim conseguiremos enxergar Lobato em sua totalidade e entender seu real peso para a história do Brasil, seja para o bem ou para o mal.
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