Hoje é dia 21 de abril, dia de Tiradentes.
Tiradentes é uma espécie de camaleão: já foi retratado como oportunista, subversivo, fofoqueiro, visionário e bode expiatório, mais recentemente.
Evidentemente, falo aqui das imagens construídas sobre esse alferes que também trabalhava como dentista no distrito de Diamantina. Durante o Império, pouco se falava da Inconfidência como um todo - uma vez que a família real descendia de Maria I, a Louca, algoz de Tiradentes.
Com a República, Tiradentes vai entrando no panteão cívico nacional pela porta da frente. Barbudo e franzino, como Jesus. O princípio é simples: José Joaquim da Silva Xavier foi um martir da independência, finalmente conseguida agora com o regime republicano. Na década de 1930, com Getúlio Vargas, o inconfidente ganha seu dia.
E o culto á um dos mais importantes mártir da independência continua durante a ditadura militar. Em seus anos finais, no entanto, nas universidades, essa imagem começa a ser questionada. Historiadores brasileiros e estrangeiros (como Kenneth Maxwell, por exemplo) nos mostram um movimento tramado por uma elite que se encontrava incomodada com o aumento dos impostos no distrito, mas não queriam se libertar da Coroa. Nessa conspiração, que visava atingir o governador (Visconde de Barbacena) e não a rainha, sobrou para o elo mais fraco da corrente: o alferes, mulato e dentista José Joaquim da Silva Xavier, uma das ligações entre os "figurões" da inconfidência e o povo. E hoje, por sua vez, estudiosos questionam realmente se Tiradentes foi um simples bode expiatório.
Bem, ao que tudo indica, a imagem de Tiradentes continuará a ser essa metamorfose ambulante por muito tempo ainda.
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