quinta-feira, 24 de março de 2011

Ave Monicelli!

Mário Monicelli
Em janeiro desse ano descobri, a caminho do Rio de Janeiro, que um dos maiores gênios da comédia tinha se suicidado. Mário Monicelli se jogou do quinto andar do hospital onde estava internado. Li a notícia na revista Piauí e num primeiro instante duvidei, mas depois tive certeza.
Quem é Mário Monicelli? Você deve estar se perguntando. Monicelli era um cineasta italiano que fez mais de 70 filmes, sendo indicado ao oscar várias vezes. Começou sua carreira nos anos finais do fascismo nos estúdios italianos da futura Cineccitá, apesar de ser um ferrenho comunista. Seu primeiro filme de sucesso foi feito em 1949 com o comediante Totó, que participaria de muitos outros. Em seguida vieram filmes também hilários como O Incrível Exército de Brancaleone, Os Companheiros, Gangsters Falhados, Casanova 70 e a franquia Meus Caros Amigos. Sempre trabalhando com grandes nomes do cinema italiano como Vittorio Gassman (o imortal Brancaleone), Gian Maria Volonté (que, pro sua cara de poucos amigos, era sempre escalado como vilão, principalmente nos faroestes), Ugo Tognazzi (conhecido pela franquia Meus Caros Amigos e pela primeira versão da Gaiola das Loucas), Claudia Cardinale (a bela italiana que chegou a filmar na Amazônia o filme Fritzcarraldo), Alberto Sordi, etc.


Vittorio Gassman

Ugo Tognazzi
Cláudia Cardinale
O que se tornou marca de Monicelli era o seu estilo prático de se fazer cinema e a sua facilidade de transformar principalmente as desgraças em comédia. Por isso me espantei com a notícia. Não que eu pensasse que ele fosse daqueles homens que riem de tudo, um bobo. Para mim, seu humor era mais sutil, era um traço de que era um homem inteligente e espirituoso, mas melancólico, como, de fato, a maioria dos comediantes são.
O que o teria levado ao suicídio? Eu me perguntava. Há algum tempo ele tinha sido diagnosticado com câncer de próstata em estágio avançado. As dores eram insuportáveis e ele manifestava para os visitantes o desejo de morrer cada vez mais. No dia 29 de novembro de 2010 ele realizou o seu pedido.

Por que estou falando dele só agora? Além da agitada volta ás aulas, não pude dar a atenção aqui para esse acontecimento marcante. O que me lembrou disso foi a menção de um amigo a um de seus filmes. Por sorte tenho dois de seus filmes: Brancaleone e Meus Caros Amigos. O primeiro é uma paródia sobre os cavaleiros medievais e o segundo a história de um grupo de senhores que gostam de aprontar certas peças nas pessoas para passar o tempo. Falando nisso, agora vou assistir á um deles, celebrar a maior herança de Monicelli: esse humor descomprometido e iconoclasta.
E como dizia o lema daquele bravo exército de quatro pessoas (ou seis):
Branca, Branca! - Leon, Leon!

Nenhum comentário:

Postar um comentário