Zanzando pela internet, me deparei com a seguinte notícia: Condenado pela Justiça, casal de MG mantém os filhos fora da escola. O caso em questão é que esses pais decidiram educar seus filhos em casa e foram punidos pela Justiça por isso. Incomodados pela intromissão do Estado numa questão que consideram, antes de tudo particular, esse casal fundou uma associação para os pais que querem educar seus filhos sem precisar colocá-los na escola.
A questão reacendeu uma polêmica que já é lugar comum da história da educação de nosso país: a educação deve ser, antes de tudo, pública ou privada? Além disso, temos aqui o outro lado da moeda de um personagem geralmente odiado por pedagogos e educadores em geral: o pai que deixa para a escola toda a responsabilidade pela educação de seus filhos. O consenso hoje é de que o aluno é educado não só na escola, mas em casa e na rua e são justamente nesses dois lugares em que os pais teriam que tomar mais cuidado.
Os pais de que trata a reportagem decidiram reveter a situação: a casa vira o lugar da educação por excelência, e a rua e a escola locais de educação mais periféricos. Os pais tem direito de escolher que educação seus filhos terão, concordo, e a própria Constituição concorda com isso, no entanto, ela cai em contradição ao delegar ao Estado a última palavra na decisão do ensino.
Um argumento de um dos pais - a reportagem trata de casos em Lavras (MG), Serra Negra (SP) e Maringá (PR) - é justamente de que a educação nas escolas públicas está cada vez mais pobre e o ambiente mais perigoso. Ora, um dos argumentos da Defensoria Pública é de que essas crianças estariam privadas do contato social que a escola proporciona e isso acarretaria problemas psicológicos futuros. Concordo, o convívio social deve ser cultivado, mas que convívio é esse que muitas escolas públicas (e particulares) podem oferecer. A pouco tempo se falava muito do buyilling, a perseguição á colegas menos populares. Temos que enfrentar isso, isso tudo. Temos que enfrentar a falta de infra-estrutura na educação e esta tradição do buyilling. Muitos podem dizer que isso é problema só do Estado, mas é mentira, o problema é de todos nós. Louvo a decisão desses pais por se preocuparem com a educação de seus filhos, mas acredito que eles deveriam fazer um movimento mais organizado para pressionar o Estado a não só respeitar sua decisão como também trabalhar por um ensino de qualidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário