quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O Aeroporto

Merhan Karimi Nasseri e sua "casa".
Quem aqui nunca se estressou com a burocracia? Na vida atual ela é um dos personagens que mais teima em aparecer, principalmente aqui, no Brasil. Impossível não se lembrar de Franz Kafka, escritor tcheco que a transformou em material principal de sua obra. Nas páginas de seus livros as pessoas são apanhadas de surpresa pela rotina e pela burocracia, são sufocadas por procedimentos vazios e sem sentido algum. O maior exemplo, sem dúvida, pode ser O Processo, história na qual o protagonista vê-se repentinamente num processo assustador sem saber ao menos do que é acusado.
Bem, recentemente ouvi falar de um caso que bem poderia ter se tornado um conto de Kafka. O caso de Merhan Nasseri, um refugiado iraniano que por seus documentos terem sido extraviados teve que morar no Aeroporto Charles de Gaulle, na França, de 1988 até 2006, quando teve de ser hospitalizado e finalmente conseguiu novos documentos. Você deve estar pensando: já ouvi isso antes... Ouviu sim, melhor, viu. Ao ouvir falar do homem, Steven Spielberg decidiu fazer uma história sobre sua vida que acabou descanbando para um filme de ficção: O Terminal (2004). No final, o portagonista vivido por Tom Hanks consegue finalmente sair do aeroporto antes de completar uma década de espera. Na vida real, Nasseri, depois de ter sua vida legalizada, não conseguia mais se manter no "mundo lá fora" e decidiu voltar ao aeroporto. Pois é, Nasseri se acostumou com sua situação incomôda, tornando-a, assim, comôda. E é o que acontece quando aceitamos nossos absurdos kafkeanos de cada dia.

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