Ainda sobre os movimentos no mundo árabe que tem tomado as manchetes dos jornais, gostaria de resumir aqui uma visão sobre estes acontecimentos.
Esta visão foi feita pelo analista do Oriente Médio do Woodrow Wilson Center, Roger Hadry, e tem como título "Revolta no mundo árabe é início de processo longo e incerto". Segundo Roger, é mais que evidente que os protestos se dirigem aos estadistas árabes que há décadas governam ditaduras, em grande parte apoiadas pelo EUA. No entanto, o alvo está mais centrado neles e não, como nas outras revoltas, a "nós", ocidentais, embora muitos culpem ambos pela situação precária em que vivem.
Sim, "nós" temos culpa no cartório, afinal os atuais ditadores árabes foram colocados ali graças aos planos dos estadistas ocidentais. Em outras palavras, durante todo o século XX, praticamente, o mundo árabe foi personagem secundário de sua própria história, sendo manipulado ora pelo neocolonialismo ora pela Guerra Fria. "Agora, líderes ocidentais, incluindo Barack Obama, se tornaram meros espectadores enquanto os acontecimentos se sucedem com velocidade rumo a um desfecho que ninguém pode prever".
De certa forma, todos foram transformados em espectadores, até aqueles que finjem terem controle, como o Irã e a Al-Qaeda. Enquanto o aiatolá Khamenei, autoridade máxima do Irã, diz que o Egito fará uma "revolução islâmica", Hadry diz que a maioria da oposição tem outros planos. Fazer do país uma democracia nos moldes da Turquia basicamente, adotando os confortos do mundo ocidental, principalmente as novas mídias sociais que foram tão importantes nas agitações.
No entanto, embora as aspirações liberais e democráticas sejam grandes, elas não são tão organizadas assim, como a Irmandade Muçulmana, que, com os anos, renegou um pouco de seu fanatismo inicial. Enquanto escrevo essas linhas é noticiado nos jornais e na internet que o presidente caquético do Egito, Hosni Mubarak, finalmente renunciou, daí me ater tanto nesses detalhes. Bem, uma especulação agora de que rumo tomará o Egito e o mundo árabe é um empreendimento muito vago e quase inútil, por isso faço minhas as últimas considerações de Roger:
A quem o futuro pertence? Analistas fariam bem em exercitar um pouco a humildade.
Meu palpite, tenha ou não algum valor, é que isso não é o início de uma primavera árabe, mas algo mais confuso e longo.
A velha ordem ainda tem muito a lutar.
A batalha para o futuro árabe está começando. Já que as apostas são altas, a luta será feroz.
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