terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A onda

Há algum tempo, um rapaz atirou na deputada democrata Gabrielle Gifford e matou um juiz e uma garota de 9 anos durante um comício no Arizona. Semana passada, o grupo Jews Funds for Justice pediu num abaixo-assinado a demissão do apresentador ultraconservador Glenn Beck da Fox News. Qual a ligação entre os dois fatos? A onda.

Não me refiro àquele filme sobre um professor que tenta ensinar de um modo pouco ortodoxo o que é fascismo aos seus alunos (refilmado recentemente), embora tenha alguma ligação com o nosso assunto. Me refiro á onda de ódio disseminada pela direita da direita norte-americana, chamada por alguns como "obamofobia".

Os pontos mais visíveis dessa onda foram, além das denúncias de um suposto plano de islamização do EUA pelo então candidato Obama até os comentários de Glenn Beck sobre matar Michael Moore, o documentarista que fez os ácidos documentários Farheinnt 11 de setembro e Tiros em Columbine.

E daí?, você me pergunta. Não foi Glenn Beck que colocou a arma na mão do atirador. Realmente é verdade. Mas o clima tenso criado tem sua parcela de culpa. A radicalização da política é um traço marcante nos EUA, principalmente agora quando o governo Obama não está bem das pernas com a quantidade de pessoas desempregadas andando pela rua. O jornalista Luiz Carlos Azenha em artigo recente atribui á mídia grande papel nisso, uma vez que, na tentativa de competir com a blogosfera, muitos tenham apostado em comentaristas exaperados.

A radicalização da política, por outro lado, não é próprio dos EUA. Ora, a América Latina possui uma certa tradição em demonizar e sacralizar certos atores políticos. Engana-se quem pensa que isso acabou com a Guerra Fria. Ainda hoje podemos ver muita gente, seja da "esquerda" ou da "direita", repetindo velhas ladainhas e atacando quem quer que discorde consigo.

O extremismo impede um debate sério e uma visão realmente ampla das questões que merecem ser debatidas. Ao invés de soluções e alternativas temos propostas mancas, quando não se desbanca para a pura acusação e briga. Talvez as mortes no Arizona e o atentado façam muitos americanos e brasileiros refletirem sobre isso.

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