quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Por uma História Regional


Li recentemente dois textos que me ajudaram e muito a entender o fazer historiográfico tendo como objeto sua região. Primeiro, Qual o Lugar da História Local, do professor da PUC-RJ Luís Reznik, e A Propósito de um Estatuto para a História Local e Regional: Algumas Reflexões, do professor da UNESP/Franca Agnaldo de Sousa Barbosa.
Reznik primeiro nos expôe um quadro da historiografia brasileira, demonstrando como nesses últimos séculos temos privilegiados o âmbito nacional, por "n" motivos, a maioria políticos. Depois da exposição nos adverte que a história local e regional deve ser entendida não como um fim em si mesma ou um simples apêndice da história nacional (ambos os casos, aliás, foram vistos pelo autor na historiografia sobre a história de São Gonçalo), mas como parte de um processo de identificação do sujeito. Elege como o método mais adequado para a história local as tendências da História Nova, principalmente a Micro-História.
Agnaldo, decidido a um debate mais profundo, mais epistemológico por assim dizer, nos aconselha a refletir sobre 2 pontos antes de falarmos do lugar da história local e regional no fazer historiográfico, pontos esses que tem sido os grandes responsáveis, além do preconceito, pelos erros cometidos dentro da história regional atual. Seriam esses pontos uma melhor reflexão sobre o tempo e a espacialidade.
Os historiadores que trabalham com generalizações utilizam uma categoria de tempo mais ampla e linear, o tempo do mundo como chamava Braudel. No entanto, nossas regiões estão inseridas em categorias diferentes de tempo, uma vez que cada uma se encontra colocada de modo diferente no processo de modernização ou de formação do Estado nacional e do capitalismo. Há locais até onde um tempo domina o outro, lugares onde o passado e valores arcaicos se sobressaem sobre os modernos.
Quanto á espacialidade, a maioria dos estudiosos costuma adotar a traçada pela geopolítca oficial. Agnaldo defende, amparado em Milton Santos, que devemos utilizar uma noção de espacialidade pautada na experiência de histórica de uma comunidade com outra. Ás vezes até a economia transforma o espaço, basta lembrarmos de que a Franca dos tempos da colônia não é a mesma dos tempos de hoje, uma vez que as tropas, o café e a industrialização modificaram seu traçado urbano, criando e remodelando bairros.
Por fim, qual é o lugar da história regional e local no fazer historiográfico? Alguns defendem que fazendo a história local estamos fazendo história nacional, como se tomássemos o todo pelas partes, outros que a história local é um laboratório para as teorias e generalizações formuladas. O autor pensa diferente; segundo ele, a história nacional acha as semelhanças entre as comunidades, enquanto a local busca as singularidades, além disso, a história regional trabalha com uma dinâmica social mais concreta, mais viva, que pode aproximar as pessoas da história.
Essas preocupações com a história regional e local são muito úteis e oportunas a todos nós, afinal, nos ajudam, a mim principalmente, a orientar todo nosso trabalho, metodologicamente e politicamente.

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