quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Esfinge


No meu outro blog, BriKolagen, comentei em um post que a Amazônia parecia como uma esfinge, dizendo decifra-me ou te devoro. Lendo o livro de Djalma Batista, Complexo da Amazônia, me espanto ao saber que não fui o primeiro a usar a metáfora: "O enquadramento da Amazônia na vida econômica e política do Brasil se transformou, de acordo com o pensamento de Speridião Faissol (1969:4), numa verdadeira esfinge: ou a deciframos ou ela nos devora". (p.125)
Faissol escreveu um livro em 1969 para o IBGE dentro de um programa de análise do panorama regional brasileiro. Djalma, aliás, também utiliza a figura para falar sobre o desenvolvimento da Amazônia no mesmo livro.
Falo disso porque a Amazônia representa um desafio para a percepção e a reflexão não só de Faissol, Djalma ou mesmo de mim, mas de todo um elenco de personagens desde o século XVI até hoje. Euclides da Cunha, aliás, até questiona a possibilidade de conhecermos totalmente a Amazônia. Sendo assim alguns autores e pesquisadores foram capazes de apreender apenas alguns aspectos dela, é o que diz Péricles Moraes. Djalma, no livro em questão, concorda que a Amazônia ainda nos é desconhecida e esse tem sido nosso pecado, pois nossa ignorância tem motivado uma má ocupação e aproveitamento do solo amazônico (haja visto o limbo econômico que se situou o Amazonas depois da borracha e antes da instalação da Zona Franca). Para o autor, então, a solução do impasse seria justamente decifrar a esfinge, cientificamente falando; conhecê-la através da conjunção entre a pesquisa científica e a cultura regional, o que Djalma tenta fazer ao elencar a fauna, a flora, as rodovias e outros aspectos da Amazônia de então (nos anos 70) e sugerir algumas soluções, que hoje seriam facilmente encaixadas no que chamamos de desenvolvimento sustentável.
Bem, muitas de suas propostas ainda não foram postas em prática. Resta saber se foi por falta de vontade ou porque a esfinge foi mais rápida e devorou-nos antes de respondermos.

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