terça-feira, 22 de junho de 2010

Pós-Modernidade

Sem nome, Jackson Pollock

Rapaz, de um tempo pra cá eu vivo pensando e analisando num tema muito delicado hoje no campo historiográfico: aquela corrente a que se convenhou chamar de pós-modernismo. Todo esse interesse foi despertado depois que vi um tópico em uma comunidade no orkut sobre história com o seguinte título: Como superar o marxismo dominante? Tornou-se uma verdadeira discussão (que descambou para a vulgaridade) entre um membro dessa corrente e outros pesquisadores e professores marxistas ou não.


Bem, é uma questão muito complexa, por isso vamos por partes. Primeiro, vamos entender o que é pós-modernismo e depois tentaremos responder a questão proposta no tópico da comunidade de uma maneira mais lúcida e crítica. Pós-modernismo é um conceito muito amplo, como demonstra Frederic Jameson ao analisá-lo nas artes plásticas, arquitetura, literatura e até ensino. O pós-modernismo caracteriza-se principalmente por assumir uma posição crítica em relação á modernidade (modernidade aqui entendida como a prática dos valores criados pelo Renascimento e consolidados com o Iluminismo, principalmente no que se refere ao uso da Razão, a idéia de progresso e a intervenção da ciência na realidade) e a defesa do relativismo.

A crítica á modernidade vem da frustração da experiência do século XX onde os ideais iluministas parecem ter provocado um pesadelo ao invés do sonho prometido (a igualdade, fraternidade, liberdade, e felicidade, acrescento). Aliás, Sérgio Paulo Rouanet chega a hipótese de que o pós-modernismo é mais uma frustração do que propriamente um novo estágio da]história humana. A defesa do relativismo implica na tolerância de outras possibilidades de pensar, de agir e de se expressar (um multiculturalismo, como muitos dizem) e na eterna desconfiança de verdades eternas.

O que vem a ser pós-modernismo em História? Segundo o pensamento dessa corrente, a verdade é impossível de ser alcançada pelo conhecimento histórico por causa da subjetividade do homem, portanto, as obras e documentos históricos seriam meros discursos. Ao historiador caberia analisar a subjetividade do autor do documento, ao invés de sua objetividade, ou seja, a pesquisa histórica se concentraria na análise do discurso. A visão mais radical chega a dizer que a História, como não chega á verdade, é pura ficção, literatura.

Pode-se imaginar como foi criticado o movimento, não só no mundo como em terras tupiniquins também. Severas foram as críticas, principalmente no caráter despolitizado, irracionalista, hedonista, relativista, dentre outras coisas da corrente. Mas o que nos importa agora é a crítica da historiografia não-pós-moderna. Entre os mais importantes críticos do movimento podemos citar o historiador espanhol Josep Fontana, o pesquisador francês François Dosse, o historiador inglês Perry Anderson, dentre muitos outros. Um dos mais famosos críticos do pós-modernismo no Brasil é o professor Ciro Flamarion Cardoso que enxerga no paradigma pós-moderno puro ressentimento para com as ciências. Recentemente surge no debate nacional a figura de Asto Antônio Diehl que critica a fragmentação do conhecimento histórico e o relativismo exagerado promovidos pelo pós-modernismo em história.

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