sábado, 5 de junho de 2010

A guerra das ciências


Estou lendo alguns trabalhos sobre um sociólogo e antropólogo francês chamado Bruno Latour que tem ganhado um certo destaque no campo da filosofia da ciência por meio de seus reflexões. Uma delas se chama exatamente de guerra das ciências.

Bruno Latour
Guerra das ciências, para Latour, significa a luta entre dois lados com visões distintas do conhecimento científico: entre aqueles que acreditam na imparcialidade e na neutralidade e em um conhecimento unificado e objetivo e aqueles que crêem numa ciência influenciada por relações sociais e culturais diversas e em um conhecimento diverso.

Latour critica a primeira corrente por tentar separar o mundo social do mundo da ciência quanda sabemos que o mundo da ciência está permeada e permeia o mundo social, seja através da política ou da economia. Latour elogia a segunda corrente por defender uma ciência mais aberta e mais compreensiva que traz consigo um verdadeiro projeto democrático e de tolerância.

Bem, acho realmente que há uma guerra das ciências e que o último grupo tem ganhado um espaço muito grande nas batalhas, o que nos leva a uma pergunta: se eles ganharem terão que reestruturar a ciência, dar um novo paradigma á ela e que paradigma será esse? Está difícil de achar o paradigma, em grande parte, por causa do relativismo exagerado em nossa filosofia atual, como nos diz Bauman.

Isso não quer dizer que sou contra o segundo grupo, aliás, eu concordo em muitos pontos com eles; nos últimos séculos a ciência tem sido usada para manipular e para dominar, chegando aos pesadelos dos massacres químicos e novas armas bélicas, nós temos, ao meu ver, o dever de construir uma ciência mais compreensiva e tolerante. Mas o caso é como chegar até ela. Teremos que reformular nosso conceito de ciência, propor novas bases para ela, sem contudo, fazê-la deixar de ser ciência. É uma tarefa difícil, mas não impossível.

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