Vasculhando aqui minhas revistas me deparei com uma entrevista do escritor paraibano Ariano Suassuna, famoso por suas obras O Auto da Compadecida e a Pedra do Reino, á revista Nossa História. Nela o escritor se dizia ser um barroco.
Calma, calma, ele explica: existem três formas artísticas típicas, ou seja, três maneiras de se exprimir que estão ligadas ao modo como você pensa. São elas a clássica, a qual a razão subordina as emoções; a romântica, no qual a emoção subordina a razão e o barroco, que cultiva contrastes. Para Suassuna a alma do Brasil é o barroco porque o Brasil cultiva muitos contrastes, não só físicos e sociais, mas mentais também. E sendo o nacionalista que é, Suassuna decidiu retratar essa mentalidade, tomando o Nordeste como seu objeto principal.
Acho que Sérgio Buarque de Holanda seria um dos que concordariam com ele. Em seu livro Raízes do Brasil ele se propõe exatamente a analisar o Brasil pelos contrastes: o centralismo e a descentralização, a cordialidade e o autoritarismo. E não só isso, é bom lembrar também que Sérgio estuda o Brasil comparando com as colonias espanholas. Para ele a principal diferença era que enquanto as colonização brasileira foi feita por aventureiros a colonização do resto da América Latina foi mais planejada e mais trabalhada.
Tanto Suassuna como Sérgio Buarque fizeram interpretações do Brasil, sendo que um fez pelo viés estético e artístico e o outro pelo sociólogico e histórico. São visões interessantes, mas válidas com certas ressalvas, como todo exercício de interpretação do Brasil é.
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