segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Os aliens e nós

É inevitável alguém pelo menos ter ouvido falar do novo filme de James Cameron nos últimos meses, tamanha a propaganda. Vi o filme, no começo do ano, e tenho que confessar que gostei, apesar da história apresentar alguns clichês. Realmente, Cameron se superou e demonstrou que a nova tecnologia digital veio para ficar mesmo no cinema.

Mas proponho aqui fazermos uma releitura do filme com base em uma comparação muito interessante que observei do jornalista e crítico André Forastieiri depois de elencar algumas semelhanças entre Avatar e Alien: O Resgate, do próprio Cameron: "Agora: se Aliens era sobre o Vietnã, Avatar é sobre petróleo – Iraque e Afeganistão". A ficção científica tem essa propriedade de ao querer ser se situar num futuro, abordar questões interessantes do presente e do passado. A do passado seria essa: revisitar as principais guerras porque lutaram o Estados Unidos.

Na guerra do Vietnã, o EUA perdeu descaradamente, perdeu sobretudo a auto-estima. A questão aqui não é dizer que os sinistros aliens dessa franquia de terror são representandos pelos vietnamitas, mas que a derrota que eles infligiram aos humanos representa a derrota dessa guerra em particular.

Bem, o EUA não perdeu nem a guerra do Iraque nem a do Afeganistão, porque Avatar representaria então esses dois eventos emblemáticos? Avatar representaria eles na medida em que explora uma de suas maiores causas e consequencias: a incompreensão do Outro. incompreensão essa acompanhada do mercantilismo, da sede de petróleo.

É uma mudança realmente. Não só de filme, mas de mentalidade. Nos anos 60 e 70 quando desenrolou os seus piores conflitos, o EUA lutavam por um ideal de liberdade, eles representavam o mundo livre. Hoje, esse ideal não se perdeu, mas ficou menos nítido. Não é por nada que uma frase do então vice-presidente do governo Bush na época da guerra do Iraque se tornou uma espécie de síntese do momento quando ele disse que "nesse momento - a guerra contra o terror - , os EUA teriam que explorar o seu lado mais sombrio".

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