Chamo a atenção para dois fatos curiosos:
No edital d'A Folha, jornal taubateano da década de 1930 de propriedade do jornalista Evaristo Campos, do dia primeiro de novembro de 1931, número 13, fala-se sobre a época áurea da imprensa local (6 jornais de grande circulação dividindo o mesmo espaço!) e levanta a bandeira de organizar os jornalistas da cidade em torno de uma associação que protegesse os interesses dessa classe. Mencionam o fracasso da Associação Norte-Paulista de Imprensa e propõe um modelo de menor abrangência.
No livro Memórias da Mídia Taubateana de Eliane Freire de Oliveira e Francisco de Assis existe uma parte do depoimento de um grande nome da imprensa loca, dentre tantos, chamado Waldemar Duarte (criador dos jornais A Voz da Cidade e A Voz do Vale do Paraíba, entre os anos de 1950 e 1970), que é muito interessante. Comentando a situação da Associação Taubatana de Imprensa e Rádio, que fundou e por isso é seu presidente honorário, ele nos revela que a associação está (ou pelo menos até o começo do ano 2000, quando foi feito o depoimento) sem sede e que não entra quase ninguém mais nela.
Vejam só, a imprensa, uma instância muito importante para a sociedade, enfrenta desde o começo do século passado até agora dificuldades para se reunir e discutir seus problemas. Por quê isso? Waldemar atribui a culpa á descontinuidade dos governos municipais (um incentiva, o outro não e por aí vai) e á visão imediatista e fechada dos novos profissionais que só querem passar na faculdade e ter um emprego. Na minha opinião, essa dificuldade em organizar alguma coisa não é só na imprensa, mas em quase todos os outros setores da sociedade, por causa dessa cultura de não participação formada no nosso país desde os tempos da colônia. Até curá-la desse problema acho que a imprensa local ainda tem muito chão (esburacado) para andar.
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