sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Coronel Hans Landa

Uma das estréias mais aclamadas do mês com certeza foi o filme Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino. Assisti ao filme recentemente e no cinema pude perceber, através dos risos e comentários do resto do pessoal que assistia ao filme, que foi realmente bem recebido pelo público.
O filme é um recorte de referências cinematográficas, desde elementos do faroeste macarrônico até da moderna cultura pop como David Bowie, com a habitual violência do diretor (tirando os escalpos, até que ele está mais comportado). O filme segue algumas regras (seja pelos esterótipos ou pelo tema manjado de vingança a todo custo) e quebra outras (a narrativa, a trilha sonora e a violência).
Pessoalmente, achei que poderia ser melhor. Falando como historiador, ele é um prato cheio. Acho que pode abrir caminho para muitas questões não sobre a Segunda Guerra, mas sobre o cinema feito em cima da Segunda Guerra. O diretor deu muita ênfase á isso: a presença de Goebbels e as menções á estúdios, diretores e condições dos materiais na época exemplificam isso.
No entanto, o post de hoje não se destina a falar do filme em si, mas de um de seus personagens: o coronel da SS Hans Landa, o vilão do filme. Entre muitos personagens caricatos criados e alimentados pela indústria cinematográfica, como o americano canastrão, o inglês polido, o alemão metódico e a francesa blasé, o vilão interpretado pelo ator austríaco Christoph Waltz parece ser o personagem mais bem construído. Engraçado, cínico, cruel, frio, sádico e educado, ou seja, totalmente ambíguo. Por isso o personagem é tão polêmico; suas ações fazem com que se reflita ou mesmo se simpatize com ele, no entanto, ainda assim, ele é o vilão, e isso o diretor frisa muito bem. Landa simboliza então a sedução do mal, pois não conseguimos tirar os olhos da tela enquanto ele está na tela.
Para mim é inevitável relacionar outro filme com este: A Onda (tanto o original como o novo). Aqui, as pessoas são igualmente hipnotizadas pelo mal, elas literalmente se deixam levar. Acho que isso não é argumento para perdoar criminosos como os nazistas ou qualquer outro tipo de extremistas, mas apenas meios de entendê-los. É essa "fisiologia" do mal que pode nos fazer entender como, atualmente, se proliferam a quantidade de Hans Landas no mundo, sejam eles fundamentalistas islâmicos ou pretensos"defensores da democracia". E é essa mesma fisiologia que pode nos fazer capaz de evitarmos essa epidemia, nos despindo de certos preconceitos e nos armando com equilíbrio em nossas ações e pontos de vista.

2 comentários:

  1. QUE PORCARIA DE COMENTARIO,NADA A VER ,COMO HISTORIADOR VC EH UM EXCELENTE PIPOQUEIRO.

    LEANDROGWEB@GMAIL.COM

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  2. Bela postagem Vinícius, vc definiu bem esse peculiar personagem. Realmente o contraste entre a sutileza e a crueldade do Coronel Hans Landa ficou bem interessante, pra não dizer fascinante! Ficava sempre intrigado nas suas cenas pensando "onde é que ele quer chegar com todo esse papo furado??" haha

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