domingo, 2 de março de 2014

Marx, tradições, Mujica e Terceira Via

"Marx deu um tiro no pé com O Capital".
(Bruno Pacífico x Anália Ferreira, sendo mediados por Fernando Fernandes)
Bora dar um rolezinho no fuscão do Mujica?


Nos reunimos na Cachaçaria do Dedé certa sexta feira e do nada percebemos que a conversa estava esquentando do lado de lá da mesa. Anália havia dito que Marx deu um tiro no pé ao escrever O Capital, pois ao revelar as vísceras do capitalismo e como derrotá-lo teria dado de bandeja aos seus defensores os meios de se perpetuar no poder. Foi mais ou menos assim o debate:
-Ele deu a receita para o sistema se reproduzir! Pode ver que O Capital é mais lido por economistas neoliberalíssimos que por militantes.
-Mas ele também disse os meios de combater esse sistema, forneceu subsídios pra luta continuar.
-E a luta continua?
-Claro que sim: veja a América Latina.
-Posso até estar enganada, mas muitos governos da América Latina são mais reformistas que revolucionários.
-E o Uruguai pode ser chamado de reformista? O que o Mujica tem feito lá é uma revolução. Legalizar o aborto, a maconha. Isso tudo para um mundo tão conservador quanto a América Latina é uma mudança muito radical.
Fernando falou um pouco sobre essa questão da manutenção das tradições, de como elas se repaginam para continuarem sendo perpetuadas, associando aqui a possível derrota do marxismo á essa capacidade camaleônica do capitalismo. Como o próprio Bruno questionou: será que o marxismo foi derrotado mesmo?
Ele também se adaptou aos novos tempos.
Desde os anos 80 no Brasil os escritos de Lênin, o defensor das vanguardas, foi perdendo espaço para as obras de Gramsci, o pai dos intelectuais orgânicos. Hoje não se fala mais em revolução, mas em medidas revolucionárias. Entende-se que o marxismo tem de se acostumar com a democracia liberal, que é até mesmo saudável a ele ser orientado por esse espírito democrático para não incorrer nos erros totalitários de um Stálin.
Slazov Zizek, em um artigo (ficarei devendo o nome para vocês, crianças), se pergunta: seria o capitalismo indestrutível? O que podemos fazer? Quem poderá nos salvar? Ele mesmo responde que existem muitos caminhos para se resistir a ele. A Terceira Via pode parecer um deles, mas a cada dia ela se amolda mais e mais a um discurso desideologizador. Uma esquerda democrática, ciente dos caminhos e descaminhos do regime, seria o mais adequado para aqueles que querem uma mudança realmente profunda, dizia o filósofo.
Queria ter contribuído mais para o debate e queria também reproduzir mais pontos dele aqui, mas por enquanto só me lembro disso. Talvez os amigos colaborem aqui com mais pontos de vista.

2 comentários:

  1. Sou Comunista, mas tenho plena consciência de que o Comunismo é utópico. O negócio é seguir em direção à ele e nisto aproximam cada vez mais do ideal de pagar o justo por um bem ou serviço. Isso é o que acredita um comunista, que jamais vai querer a simples "distribuição igualitária dá pobreza" como afirmam os desinformados.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Com certeza. Também acho que o que importa sendo comunista é menos o ponto de chegada e mais a caminhada.

      Excluir