sexta-feira, 5 de abril de 2013

Mentira tem perna curta, mas corre que é uma beleza

APOLOGIA DA INVERDADE
por Fabiano Mourão

Não entendo porque tantas pessoas condenam a mentira. É como criticar o oxigênio por ser um gás inodoro. Nós respiramos mentiras todos os dias. Andamos sobre mentiras, bebemos mentiras e sonhamos com mentiras. 
Não quero com isso dizer que toda inverdade é aceitável. Acredito que podemos classificar a massa de mentiras em dois tipos: as boas e as más. A mentira boa é aquela que não magoa, aquela que encobre para não ferir quem quer que seja. A mentira má já é diferente: sua intenção é salvar seu usuário ou então ajudá-lo a custa dos outros.
O pai que mente pro filho dizendo que o cachorrinho morto na verdade está hibernando está pensando no seu filho, em poupá-lo da dor da morte. Já o vigarista que mente sobre o "negoção" que está arrumando pro amigo enquanto encampa o seu suado dinheiro está pensando em nadar em Miami através da ingenuidade dos outros.
Percebeu a diferença?
Alguém me perguntou uma vez: por que mentir? Meu amigo, é simples: porque a verdade dói. Tá certo, ela liberta em algumas horas, mas na maior parte do tempo ela incomoda e preocupa. Já pensou admitir que não existe vida após a morte, que reconfortante seria? Tem gente, amigos meus (não revelo o nome nem sob tortura!), que sabem que a mulher não é lá esse anjinho e mesmo assim continuam teimando em vê-las como santas. Como diz mesmo o ditado? "O que os olhos não vêem, o coração não sente". É por aí mesmo...
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Fabiano Mourão é PhD em contos da carochinha, laureado com o VII Prêmio Pinóquio pela Associação de Munchausen e consultor do governo para mentiras oficiais e afins.

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