domingo, 31 de março de 2013

"A velha e boa ditadura..."

Fortuna.


31 de março caiu em um dia santo esse ano. Então você me pergunta: sim, e daí? Acontece que há mais de 40 anos atrás algo muito importante aconteceu em 31 de março e se você não sabe a que estou me referindo aconselho a dar uma "googlada". Vou até facilitar pra você: procure por "Golpe de 1964" ou então "Revolução de 1964", enfim, você escolhe. Enquanto muitos comemoravam a Páscoa, outros comemoravam este fato.
Como pesquisador, procuro entender 1964 e os anos posteriores como um processo multifacetado onde atores sociais (militares, classe média, empresariado, sacerdotes, camponeses, políticos, etc) lutaram contra, se aliançaram ou negociaram construíram aquele contexto.
Como cidadão, procuro entender como as pessoas podem sentir falta desta época. É natural a qualquer pessoa sentir saudades do passado. Mas a memória ás vezes nos prega peças. "Naquele tempo não havia corrupção". Claro que havia, você não sabia pelo mesmo motivo que receitas de bolo eram colocadas no lugar de matérias que soassem suspeitas de subversão. "Naquele tempo não havia violência nas ruas". Tampouco liberdade. E outra, a brutalidade policial que temos hoje é filha desse tempo, onde articulações entre governo e grupos de extermínio ajudou a consolidar esses últimos. Não só a brutalidade, mas também o crime organizado: só lembrando, o Comando Vermelho nasceu nas celas da prisão da Ilha Grande. O Jogo do Bicho, aliás, ajudou a máquina de repressão (leia Memórias de uma Guerra Suja de Cláudio Guerra).
Enfim, procuro entender esse tempo, mas sem a mínima vontade que ele volte. Nossa democracia pode parecer falha ás vezes, mas todo regime tem seus defeitos. Creio que não devemos aceitar isso como um aval para sermos conformistas. Precisamos sim melhorar muita coisa. As soluções de força podem parecer mais rápidas, mas com certeza não são o caminho para isso. 31 de março taí para nos lembrar disso.

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