segunda-feira, 22 de abril de 2013

Espelho, espelho meu


O espelho sempre foi um lugar para praticar meu narcisismo diário. Ás vezes também é um local para fortes emoções: quando estou pra baixo basta olhá-lo que dou algumas risadas ou então chorou mais...
Seja como for, fortes emoções sempre me aguardam. Como ontem, quando descobri o primeiro fio de cabelo branco. O primeiro na verdade veio acompanhado do segundo e do terceiro, como se fosse promoção de supermercado.
Fiquei pasmo. Sempre me imaginei com o cabelo branco, mas não agora. Talvez daqui uns dez anos, mas agora? Eu sou muito novo, ainda tenho vinte e poucos anos. Na verdade, isso de ser novo não cola, já que tenho amigos com a mesma idade que estão quase grisalhos.
Eu não tenho problemas com envelhecer, só não quero envelhecer agora!
Os médicos sempre falaram que eu tenho um metabolismo muito rápido. Na quarta série eu me senti um pioneiro ao ter pêlo no suvaco antes de todo mundo. Agora me sinto um passo mais perto da artrite e do exame de próstata.
Quando se é criança, tudo o que se quer é ser mais velho, como se isso fosse resolver todos os problemas. Quando se é velho, ser criança não parece tão ruim. Pelo contrário, se torna quase um sonho. Eu me sinto mais tranquilo ao saber que não sou o único com essa neurose com a idade - meio mundo a tem e nega veemente. Se maquiar não é esconder marcas do tempo? Usar roupas da moda não é negar que está desatualizado?
Quer saber? Que se dane! Envelhecer é natural. A morte faz parte da vida. Nunca vi ninguém nascer pra ser imortal - a não ser o highlander. Não vou esquentar com algo que não posso evitar. Eu tenho é que me adaptar com o que tenho a mão. Posso ter um dia ou vinte anos pela frente, o que importa é utilizar bem minha carga horária. Ah, se eu pudesse fazer hora extra...
Que seja, esses cabelos não estragarão minha semana. Foi legal ter pensado sobre a vida e coisa e tal, espelho. Muito obrigado! Agora, onde está a tesoura?

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