sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Apenas profissionais ou bons profissionais?

Prof. Dr. Hideraldo Lima abre o I Encontro Estadual de História .

Para mim, o último grande acontecimento de 2012 foi o I Encontro Estadual da Associação Nacional dos Professores Universitários em História (ANPUH) da Seção Amazonas.
O evento ocorreu dos dias 10 a 13 de dezembro no Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da UFAM, sendo organizado pelo presidente da ANPUH regional, Prof. Dr. Hideraldo Lima Costa. O encontro se desdobrou em manhãs, tardes e noites, por isso comentarei aqui apenas alguns episódios do evento.
O grande tema era O Profissional de História: Ensino e Pesquisa. Tema esse que vem em boa hora: a profissionalização do historiador deixou de ser promessa á uma realidade cada vez mais palpável. A regularização não deve servir, no entanto, como ponto de chegada, mas como ponto de partida para novas práticas e questões. 
Alguns minicursos tocaram nesse problemática, outros foram mais específicos. Eu optei por fazer o minicurso Possibilidades de Pesquisa em História da Amazônia no Ensino Básico, ministrado pelo Prof. Dr. Francisco Jorge dos Santos. A oficina se mostrou uma proveitosa conversa com esse grande conhecedor da Amazônia colonial sobre sua experiência não só enquanto professor, mas como escritor do livro didático História Geral da Amazônia.
Francisco Jorge dos Santos em certo momento do minicurso.

Resumo abaixo alguns pontos da aula introdutória do professor:
*O aluno é materialista, quer algo concreto, e o trabalho do historiador é eminentemente intelectual, então como incutir a historicidade na cabeça do menino? Fazendo-o pensar. "Tem que concatenar o cotidiano do aluno à cultura histórica do professor". Desnaturalizar o presente é uma boa tática. Ás vezes até algo inesperado pode nos ajudar como os erros nos livros didáticos (datas ou nomes trocados), porque nos ajuda a desconstruir o livro.
*Em relação á pesquisa em História é preciso ter em mente que ela pertence ao aluno e não ao professor. Não se trata de satisfazer uma curiosidade do professor, mas do aluno. Nós bem sabemos que tarefa de casa ou não é feita ou é deixada para os pais fazerem, em nome de uma boa nota. Estimular a curiosidade é um meio de impedir que o aluno opte por essas duas saídas. Uma vez interessado ele mesmo partirá para a pesquisa.
*Mas é importante saber que a pesquisa não pode ser ampla demais. Por isso, professor, desde o começo delimite o campo de fontes. O aluno não tem a missão de ser um pesquisador, lançando-se a todo tipo de arquivo em busca de algo que talvez nem exista ali. Para que a pesquisa não se torne um tiro no escuro é necessário que o professor estabeleça os locais em que se encontram fontes valiosas para a pesquisa. É uma forma de não traumatizar o aluno com a pesquisa e de não perder o controle desta tarefa.
*Nesse sentido, o professor deve atuar como um orientador, sugerindo rumos que a pesquisa pode tomar. "Ser professor de História não é uma simples profissão. É um estilo de vida". E entramos então no mérito da profissionalização do pesquisador: ora, ela é um passo importante e não o único passo a ser dado. É importante que essa medida venha acompanhada da qualificação das licenciaturas. O ensino não pode ser menosprezado. Afinal, queremos apenas profissionais ou bons profissionais?

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