quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Passos nas trevas


Tinha anoitecido. Nenhum sopro de luz. Continuava andando. Na sua cabeça era questão de tempo: mais um pouco e aparecerá um posto de gasolina ou no mínimo um borracheiro. As únicas luzes ali eram os vaga lumes: céu sem estrelas.
A mochila pesava demais. Cansaço já tinha lhe alcançado há mais de uma hora. Teimava em continuar. Não pode dormir na beira da rodovia. Quando acordar estará frito. O sol daqui não perdoa.
O vento assobiou. O assobio se estendeu. Engrossou. Vinha de trás. Olhou, não viu nada. Aliás, viu tudo. Quando se está na escuridão qualquer coisa aparece em forma de sombra. O som não parou. Parecia estar se aproximando. 
Recomeçou a andar. Andar não, correr. Nunca se sabe. "Mas será que ninguém vive pra esse lado dessa porra de rodovia?" O passo não era mais de mochileiro, mas de maratonista. Uma força lhe surpreendeu. Caiu no chão. Seja o que for acertou apenas a sua mochila.
Tentava prosseguir, mas os dentes dessa vez lhe alcançaram. Suas pernas foram primeiro. Logo em seguida o pescoço. Em minutos não restava mais nada além de sangue e alguns ossos da costela. Agora ele sabia porque ninguém vivia por essas bandas.

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