quinta-feira, 11 de outubro de 2012

De Parintins para o esquecimento


Bem, ali estava eu, diante de um homem encurralado, pois com sua organização destroçada Thomaz procurava contato com outros sobreviventes. Mas nada indicava o desespero que certamente vivia: seu comportamento era calmo, tranqüilo, observador. E mais: bem humorado. Naquele tempo, meus interesses eram poucos: o violão, sobreviver com frilas, descolar algum para custear a artesanía de meus cigarros, nada de muito futuro, como se vê. Sob esse ponto de vista, eu e ele tínhamos pelo menos um ponto de contato – nada de muito futuro, já se veria. 

Esse é um trecho do relato do jornalista Marcus Veras sobre a última vez que viu Thomaz Meirelles, o Thomazinho. Envolvido com movimentos de oposição ao regime, inclusive de guerrilha, Thomazinho tem o triste mérito de ser um dos poucos amazonenses na lista de desaparecidos políticos do regime militar. Veras que o abrigou em sua casa por alguns dias faz nesse artigo um depoimento muito interessante. O texto pode e deve ser lido integralmente aqui no blog do Comitê da Verdade do Amazonas: O Cabeludo e o Guerrilheiro.

Os interessados nessa figura que nasceu em Parintins, mas desapareceu no Rio de Janeiro podem também consultar esse artigo de José Ribamar Bessa Freire em Taquiprati, onde é mencionado inclusive que o corpo de Thomazinho foi "sumido" pelo ex-delegado e freelance repressivo do regime na época, Cláudio Guerra: Thomazinho. Aliás, a imagem que encabeça esse texto é parte do site do referido Guerra que tem o mesmo nome do seu livro: Memórias de um Guerra Suja.

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