quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Momento tiete

Foto: Acervo A Crítica.

Olhei, não acreditei. Era o grande nome das letras amazonenses ali na minha frente. Um senhor de baixa estatura, cabelos há muito grisalhos, um cavanhaque bem tímido e olhar tranquilo. Era Luiz Bacellar.
Foi assim que vi pela primeira vez esse monstro sagrado da nossa literatura. O conhecia somente de vista e de verso. Não me atrevia a falar com o senhor Bacellar. Acontece que quando conhecemos nossos ídolos somos acometidos por uma leseira momentânea, um estado de espírito onde o sujeito de tão maravilhado não sabe o que falar direito.
Mais uma vez decidi abordá-lo. Estava ele no supermercado, conversando com um outro senhor, também escritor. O encontrei, como sempre, despreparado. Despreparado que eu digo para pedir um autógrafo seu.  Estava fazendo compras e tudo o que eu tinha era alguns biscoitos, um saco de arroz e a nota fiscal. Mas precisava de seu autógrafo. Pena não estar com um dos livros seus ali. Bem, na falta do livro foi a nota fiscal...
Pedi uma caneta emprestada de uma moça da banca de jornais me aproximei da mesa em que ele e o seu amigo estavam conversando. Pedi licença, perguntei se ele era Luiz Bacellar - como disse, a gente faz perguntas idiotas quando encontramos nosso ídolos... - e pedi seu autógrafo. Ao ver a nota fiscal, o poeta disse:
-O certo seria um livro, não é?
-Pois é...
-Mas tudo bem. Tá aqui.
Tentei engatar uma conversa, mas pensando bem, melhor não. Afinal, eu interrompi a conversa dos dois. E não queria dar uma de fã chato. Já bastava a gafe da nota fiscal. Me despedi e fui.

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