quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Lobato racista: a novela continua



Nova querela envolvendo Monteiro Lobato e o racismo.
O Iara (Instituto de Advocacia Racial) e o técnico em gestão educacional, Antônio Gomes da Costa Neto, entraram com um mandato de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a decisão do CNE em liberar a distribuição das obras de Monteiro Lobato, em especial o livro "Caçadas de Pedrinho", alegando conteúdo racista. A audiência, ocorrida ontem (11/09/2012), terminou sem acordo. 
Em entrevist
a ao Estado de São Paulo, de hoje, 12/09, Ivan Junqueira, membro da Associação Brasileira de Letras, afirmou que "Não se deve tomar nenhuma providência com relação a eventuais traços racistas de obras da literatura brasileira, senão não ficaríamos somente em Monteiro Lobato."

Já abordamos tal polêmica aqui em outra oportunidade. Continuo batendo na tecla de que proibir a distribuição dos livros não é nem de perto a solução, mas o problema. Monteiro Lobato tinha lá seus preconceitos como todo mundo e os expunha de forma veemente seja contra negros como contra japoneses e indígenas, mas ainda assim é um escritor essencial para se entender o Vale do Paraíba e o Brasil. Não subestimemos a capacidade dos alunos e dos professores. Com um bom acompanhamento pedagógico pode-se perfeitamente ler textos e discernir e se posicionar, sejam eles sobre o que for.
Sejamos coerentes e lúcidos. Para entender o racismo lobateano precisamos entender seu contexto e sua vida. Não cometeremos o pecado capital do historiador: a anacronia. O politicamente correto daquela época permitia que se falasse em "pessoa de cor" ou "pretinho". Não se trata de absolver o preconceito, mas de reconhecer que mesmo na luta por um mundo menos intolerante há limites. Corre-se o risco, em decisões como essa do Iara e de Costa Neto, de se cair em uma intolerância quase puritana. Felizmente o conhecimento e o bom senso estão aí para nos ajudar.

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