domingo, 3 de junho de 2012

Balaio de fatos


AS CORES DA CIDADE
Vermelho do tijolo, que nem fratura exposta, na parede sem reboco.
Azul dos céus de domingos preguiçosos.
Cinza da fumaça da churrasqueira velha, chiadeira.
Rosa do shortinho apertado da gostosona acompanhada.
Branco do olhar indiscreto.
Roxo ficou o rosto depois.

A CUECA REPRIMIDA
Acordou com a vontade de colocar uma cueca na cabeça.
Sem mais nem porque. Apenas acordou com esse desejo.
Mas o que diria a mulher, os filhos e o cunhado? Melhor não.
Hoje não se pode ter nem o direito de se passar por idiota.

AS IMPUREZAS DO BRANCO
Manchas vermelhas, semi-apagadas, denunciavam. Perto da manga podia-se ver, com esforço, uma gota de cerveja. O ciúme sempre encontra as impurezas do branco.

SOBRE O PODER DE FATO
-Se eu avançasse sobre você, arrancasse esse seu nariz empinado fora com uma dentada, o que você faria? Queria ver você apelar para sua "autoridade". Sem "autoridade", o que você faria, em?
O sinal tocou e (quase) todos se despediram do professor.

VOYAGE
O disco voador respondeu a pergunta que não quer calar. Ele agradeceu entre um trago e outro.

URBANIZAÇÃO
Na Mata dos Tatus não existe mais tatus. Nem mata. Com sorte, há de haver tatuís e alguma grama.

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