sábado, 19 de maio de 2012

29, 8 metros!


O assunto da semana tem sido a cheia do rio Negro. A marca do nível do rio já ultrapassou o das enchentes históricas de 1953 e 2009. Vou propor aqui uma comparação entre estes dois momentos.
Em 1953 Manaus ainda era uma cidade que estava sofrendo com o fim da economia da borracha. A cidade não tinha serviços urbanos eficientes, porque a maioria, que ficou a cargo das companhias inglesas, estava ao desalento. Na época, a cidade não era tão grande e não tinha políticas públicas adequadas. A enchente aqui foi devida muito mais ao próprio regime das águas que ás ações do homem.
Em 2009 a situação já é diferente: aqui estamos nós diante de uma Manaus rica por conta da Zona Franca, mas desigual. A cidade cresceu, a população cresceu desordenadamente, mas o modo como se pensa a cidade ainda não é eficiente. Em muitos sentidos é até anacrônico. Tratamento de esgoto aqui é algo exótico. Metade do esgoto deságua no rio, sem contar que os navios que transitam em nosso porto só pioram o estado de nossas águas. Os passeios turísticos também têm sua carga de culpa: dando uma volta pelo encontro das águas vi muitos detritos flutuando e em outros momentos flagrei alguns porcalhões jogando lixo ali.
Na "histórica" enchente desse ano o rio subiu de nível e inundou as galerias fluviais (leia-se aqui "esgoto"). Pior para a área próxima do porto, como ali nas redondezas da Praça da Matriz. As causas aqui foram naturais como em 1953? Duvido muito. Basta passarmos pela lagoa provisória ali perto do prédio da Alfândega e veremos uma quantidade imensa de lixo, sem falar do cheiro.
O modo como a cidade foi ocupada, como ela foi e é tratada é o grande responsável pela enchente desse ano. Se o aquecimento global tem algo a ver com esse caso a sua participação não é tão grande quanto se imagina.

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