quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O mundo vai se acabar em frevo!


Quem me conhece sabe: não sou um grande admirador do carnaval. Mas não sou um de seus inimigos fidagais. Ano passado impedido de ir na Banda da Bica por causa da dengue perdi uma oportunidade de ver, sentir e experimentar o carnaval amazonense. Esse ano agarrei a oportunidade. E de jeito! Sábado gordo fui á Banda do Galo. Criada em 2004 por engenheiros pernambucanos que viviam aqui e sentiam saudade do clássico bloco de rua de Recife, o Galo da Madrugada, a Banda do Galo cresce a cada ano. Ao que tudo indica vai se tornar mais uma tradição do carnaval amazonense.
Show do Galo da Madrugada do ano passado.
Talvez você não saiba, mas o Galo da Madrugada, que começou com uma brincadeira de um bairro de Recife, é o maior bloco de rua de carnaval do mundo (está no Guiness Book desde 1994). Desde 1978, o bloco vem crescendo. Já é tradição: os camarotes e o galo imenso feito de balão pendurado sob a Ponte Duarte Coelho. Esse ano o homenageado foi Luiz Gonzaga. O maior símbolo do frevo pernambucano homenageando a maior figura do baião pernambucano! Aliás, o lema adotado pela versão caboca do Galo foi "o mundo vai se acabar em frevo".
A Banda do Galo sairia ás 13h, até onde eu sei, da Praça do Eldorado, como vem fazendo a quatro anos, mas houve algum problema e os trios elétricos só puderam sair lá pelas 14h e pouco. Enquanto isso ficamos na Praça, circulando e bebendo tudo, menos água. Rolou até vinho, em homenagem ás origens gregas do carnaval (o culto á Dionísio, o deus da alegria e do vinho).
Foto: David Reis.
Foram dois trios elétricos. Ficamos logo atrás do primeiro. Era um mar de gente tentando dançar (afinal era muita gente para pouco espaço) e cantando o hino de Pernambuco (Salve ó terra dos altos coqueiros!...), do Galo da Madrugada (Ei pessoal, vem moçada! Carnaval começa com o Galo da Madrugada!...) ou Frevo Mulher do Zé Ramalho. O sol castigando. E ninguém dando a mínima.
Um gringo chegou a saudar a micareta do alto de um dos quartos do Caesar Business, mas logo sumiu depois do coro gritando "Viado!Viado!". Quando chegamos perto do Amazonas Shopping , tendo a Djalma Batista logo abaixo do nós, nova confusão: dois brincantes subiram em cima de um ônibus (o trânsito da outra pista da Darcy Vargas não tinha sido interditado, mas um monte de foliões desaguaram ali, congestionando-o). Mas á pedidos da direção do trio elétrico e sob vaias da galera, eles desceram.
Então chegamos num ponto folclórico: a passagem pelo viaduto. Antes já tinham me avisado: depois que você passa pelo viaduto você fica mais leve! Mas fomos lá! 

A surpresa foi que não estava tão quente como tinham me avisado, mas meus amigos perderam óculos, sandálias, diademas, etc. Eu olhava para os lados e via gente encostada no meio-fio e via gente que desmaiava de tanta bebida. Sem falar daqueles que vomitaram. Ainda esbarrei com alunos do colégio em que estagio, para desespero deles (e meu). Mas engraçado era a onda que se fazia: dava-se um espaço, esperava-se o trio se distanciar para que avançássemos sobre ele como numa corrida, aí voltávamos ao mesmo embalo.
O tanto de pisão que levei no pé não tá no gibi. Cheguei em casa e percebi que aquela coisa inchada e suja que vinha me seguindo eram os meus pés. Depois de lavar várias vezes passei a cogitar a possibilidade de cortá-los fora. Enfim, passamos do famigerado viaduto numa boa. Mas tivemos de parar logo depois, no pedaço dos Pãezinhos. Alguns de nós não estavam se sentido bem. Esperamos que melhorassem, mas como parecia que iria demorar achamos o mais correto deixarmos o colega em casa. Resumindo, essa figura tava numa manguaça federal! Portanto, não fomos até o final do bloco, na Praça do São Pedro, mas aproveitamos muito a folia.
Estou esperando para saber como vai ser ano que vem ou antes, claro, se o mundo se acabar em frevo.
Foto: Olga Almeida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário