sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Greve á paisana I


Primeiro, vamos colocar os pingos nos "is". A greve da PM na Bahia começou no dia 31 de janeiro, após decisão de integrantes da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado (Aspra). O presidente da entidade e ex-policial militar Marco Prisco foi preso na quinta-feira (9), quando saia do prédio da Assembleia Legislativa da Bahia.
Nem todos participaram da greve. Policiais militares filiados à Associação dos Oficiais da PM da Bahia (AOPMBA) se reuniram na noite de quinta e decidiram não aderir à greve de parte da categoria. "Nós estamos juntos com seis associações e todas são a favor do fim da greve, embora a proposta do governo, principalmente a questão salarial, não atenda às nossas necessidades", disse Edmilson Tavares, presidente da AOPMBA. Convocada em caráter extraordinário, a reunião teve 205 participantes: 151 votaram contra a greve e 54 foram favoráveis.
Também na noite de quinta-feira, a assessoria do governo do estado reafirmou que o governador Jaques Wagner não apresentará uma nova proposta aos PMs. De acordo com a Secom (Secretaria de Comunicação do Governo), não há orçamento para ceder um aumento superior aos 6,5% propostos. O pagamento das Gratificações por Atividade Policial, as chamadas GAPs, que estão entre as reivindicações dos grevistas, também só poderão ser pagas a partir de novembro deste ano.
Na manhã dessa sexta-feira o comando da PM da Bahia anunciou que a greve, na sua ótica, tinha acabado. Porém, na tarde do mesmo dia a Aspra se reuniu novamente e a continuidade da greve foi aprovada.
Na quinta-feira, a greve chegou no Rio onde no ano passado estourou uma manifestação parecida com o apoio da população. Inclusive um dos líderes da greve dos bombeiros na época foi preso por pretender fazer uma paralisação nacional, em uma conversa telefônica grampeada e que veio á público no Jornal Nacional.
O início da movimentação na Cinelândia se deu a partir do fim da tarde, culminando na decretação da greve por volta das 23h. Milhares de policiais e seus familiares se concentraram em frente a Câmara de Vereadores do Rio. À paisana, todos os policiais presentes garantiam estar de folga. Além da questão salarial, bombeiros exigiam a liberdade do cabo Benevenuto Daciolo. Do outro lado da rua, em frente ao prédio da Biblioteca Nacional, 23 PMs fardados, em sete viaturas, faziam o policiamento, aparentemente sem se envolver com a manifestação, que conta com um palco montado nas escadarias da Câmara.
Lá foram feitos discursos inflamados contra Sérgio Cabral e a Rede Globo. Jornalistas do canal tiveram de deixar a cobertura por serem hostilizados, mas jornalistas da Record e da Band permaneceram. Um dos líderes do movimento entre os policiais civis, o diretor jurídico do Sindipol, Francisco Chao, não se limitou a cobrar melhorias salariais, e fez críticas a atual estrutura da segurança pública no Rio de Janeiro. Para Chao, a greve poderá incentivar um debate sobre o tema: "Tenho esperanças de que uma paralisação, além de melhorar nossos salários, vai provocar uma discussão ampla sobre a questão da segurança pública fluminense. No Rio, o governo ainda adota uma visão antiquada e ultrapassada, dos tempos de nossos avós".
Essa manhã, Francisco Chao foi preso junto com outros líderes da manifestação. Eles se entregaram pacificamente.

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