terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Desconectados

Piquenique no Ibirapuera.
Há um ditado, desses que se ouve em conversas com seus amigos de idade avançada na calçada da rua, que diz mais ou menos o seguinte: "Meu pai andou a pé, eu andei de carroça, meu filho anda de carro e meu neto andará a pé". Não entendeu? A ideia básica aqui é simples: as coisas evoluem, até certo ponto, depois elas voltam a ser o que eram. Os caras da banda Devo são um dos adeptos dessa visão de mundo, criaram até a Teoria da Involução - basicamente ela diz que depois que a Humanidade atingir o seu ápice, seja na tecnologia ou no conhecimento, ela vai começar a se emburrecer e voltaremos ao tempo das cavernas. Por essa Darwin não esperava...
Enfim, essa introdução toda para falar de um livro que tem um raciocínio semelhante. Pelo artigo do Tião Gomes na Carta Capital tomei conhecimento desse livro de um jornalista norte-americano sobre a internet e o modo como agimos com ela. O nome do livro é Os Imperfeccionistas e seu autor se chama Tom Rachman. A tese de Rachman é de que toda geração surge refutando a anterior. Se temos uma geração altamente conectada na internet (a chamada Geração Y), logo teremos uma geração de pessoas que renegaram a vida virtual.
Tom Rachman
Mark Mothersbaugh, vocalista do DEVO.












Estas pessoas, que o jornalista chama de "últimos românticos" já possui um número considerável de membros pelo mundo. Ciclistas se aventurando pela noite paulistana, bandas e apreciadores de música indie e folk no Macapá se reunindo para saraus, esses são os exemplos dos "desconectados" que conheço. Alguns usam a internet sim, mas somente para marcar encontros ou combinar de irem juntos á algum evento. Outros, mais radicais, nem isso.
Por que correr da web como o diabo foge da cruz, alguém poderia perguntar. Ora, existem vários motivos. Dentre eles a quantidade incrível de informações, muitas delas inúteis, ou mesmo o desperdício de horas preciosas. Meu amigo Diego Gatto costuma dizer que Facebook parece mala de viajante amnésico: de cinco em cinco minutos tem que checar. E nessa de saber o que seus amigos estão fazendo todo o tempo, você acaba levando horas e horas no computador.
Existem aqueles que enjoam. Afinal, viver  sempre á espera de alguma notícia dos amigos ou se expressando apenas através de 140 caracteres pode ser muito monótono depois de um tempo. Claro, existem pessoas que podem perfeitamente conviver com essa existência virtual e com sua própria vida, ou seja, complementando as duas.
Essa ideia de toda geração refuta a outra (parece aquela lei da química: toda ação leva a uma reação) é uma meia-verdade, na minha opinião. Seres humanos são muito diferentes de substâncias químicas. Há rupturas mais profundas entre algumas gerações, mas geralmente elas readaptam elementos de suas predecessoras. Ora, a tal Geração Y não se valeu de um dos produtos da Geração da Década Perdida, a internet? Isso sem falar das diferentes matizes musicais: punk, rock, pagode, etc.
Quanto á essa previsão de Rachman, concordo em partes. Não acho que vai haver uma desplugagem coletiva. Estamos caminhando cada vez mais para uma convivência moderada com o mundo virtual. Após o primeiro impacto, tudo é novidade, depois ela pode se tornar algo tão banal quanto nossa geladeira. Banal no sentido de já estar entranhada no nosso cotidiano. Bem, pode até existir essa possibilidade dos "últimos românticos" se transformarem em maioria, mas não acredito que seja algo tão duradouro. Se acontecer seria como uma espécie de onda, assim como tem sido a moda das redes sociais.

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