segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Para se ler em dias de chuva (n'alma)

Diego Gatto
(fragmentos)

Metrô, Edward Hopper.
(...) A cidade é o vazio, nada mais que isso. O vazio taciturno e sorumbático, o vazio que ecoa luzes e sons. Uma grande cidade é como uma grande caixa de brinquedo atraente aos olhos, embrulhada em papéis coloridos e laços vislumbrantes. É uma caixa vazia. A cidade só faz sentido para quem vive à margem, para quem come pelas bordas, para quem anda pela superfície. Fora isso, a cidade não tem núcleo. A cidade é vazia de sentido, a cidade é vazia de saúde. Um grande buraco aberto no pingo de uma interrogação grafitada, uma cicatriz, uma acne no rosto do mundo. A cidade é uma inflamação cutânea do planeta

Pela cidade se vê rostos vindos pelas ruas e vidas indo pelo bueiro. Sob as ruas o peso do céu e do smog fotoquímico. Sob os pés, a leveza e ruídos de ratos e baratas confabulando suas revoluções.(...)


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