sábado, 13 de agosto de 2011

Lendo á contrapelo

A historiadora norte-americana Barbara Weinstein escreveu em 2001 um depoimento para a revista História, Ciência e Saúde: Manguinhos (da Instituição Fiocruz) relatando a sua experiência de pesquisa no Pará no começo da década de 80 da qual resultou o livro A Borracha na Amazônia: expansão e decadência (1850-1910). Hoje uma das leituras obrigatórias sobre a região graças á sua visão crítica da economia gomífera.
Nesse depoimento ela revela como escolheu seu tema e como a pesquisa foi cheia de dificuldades e surpresas. A principal dificuldade diz respeito á documentação. O descaso com os arquivos fez com que muitos documentos se perdessem, restando assim alguns jornais e documentos oficiais.
Assim sendo, Barbara defende que fazer história social na Amazônia significa fazer uma leitura á contrapelo das fontes. Leitura á contrapelo? Quer dizer, interpretar nos documentos a sua real mensagem, levando em conta o tempo e a origem social de quem o escreveu.
O pesquisador da história social anda atrás das relações entre os grupos sociais, principalmente entre a classe dirigente e a classe trabalhadora. Como se sabe, a classe trabalhadora dispunha de poucos meios de registrar sua história. Podemos encontrar alguns traços dela nos noticiários e queixas publicadas nos jornais ou nas reclamações recorrentes do governadores sobre determinados bairros.
Existe um tipo de fonte, contudo, que pode nos ajudar a fazer história social na Amazônia: a história oral. A história oral exige quase os mesmos cuidados com as fontes documentais: não esquecer de com quem você está entrevistando, as origens sociais dessa pessoa e sua posição ideológica, por exemplo.

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Aqui está o depoimento de Weinstein: Experiência de Pesquisa Histórica em uma Área Periférica: a Amazônia.

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